Caderno Afro Memória resgata documentos sobre luta pelas reparações à escravidão

O projeto Afro Memória realiza o lançamento de seu novo caderno, “Reparações: Arquivo Reginaldo Bispo e Margarida Barbosa”, no SESC Vila Mariana, no sábado 15 de março, às 16h. A publicação, que já está disponível no site do projeto, resgata documentos inéditos sobre luta pelas reparações à escravidão e à violência policial contra a população negra. São mais de 3 mil documentos resgatados pela equipe de pesquisadores do AFRO memória. A entrada para o evento é gratuita.

Reginaldo Bispo e Margarida Barbosa fazem parte da geração de ativistas que esteve à frente da fundação do MNU (Movimento Negro Unificado). O acervo que cederam aos pesquisadores do AFRO Memória traz capítulos surpreendentes sobre a militância antirracista das décadas de 70 e 80: lutas sindicais no estado de São Paulo, particularmente em Campinas, em que o casal atuou e reside até hoje; Coordenação Nacional de Entidades Negras (CONEN); luta contra a violência policial; a demanda pela Constituinte (1985-87); mobilizações em torno do centenário da abolição (1987-88) e a reivindicação de ensino de história da África e da cultura negra nas escolas, entre outros temas. 

O acervo está disponível para consulta presencial no Arquivo Edgard Leuenroth(AEL/Unicamp), e a publicação do Caderno AFRO Memória consolida o resgate, por meio de textos reflexivos de pesquisadores que tiveram acesso aos documentos, e realizaram reflexões que conectam o passado com os principais tópicos que orbitam no debate contemporâneo sobre Reparação: desde a dívida histórica do Brasil com descendentes de pessoas escravizadas, até à reparação de famílias que perderam, e perdem filhos, para a violência do Estado. 

“Mais do que um assunto que estaria na moda, este tema é objeto da insistência militante dos doadores. Convidamos pesquisadoras e pesquisadores que têm o que dizer a este respeito, e construímos uma coletânea marcante sobre o tema. Cremos cumprir para a qualificação do debate, conceituando, historicizando, colocando em perspectiva, sob a crítica e aplicação”, explica o sociólogo e coordenador do projeto, Paulo Ramos, na apresentação do caderno. 

Sobre o projeto Afro Memória 

O projeto Caderno Afro Memória resulta de um esforço coletivo que envolve o Afro-Cebrap, a linha de pesquisa “Hip hop em trânsito” do Centro de Estudos de Migrações Internacionais da Unicamp, o Programa para Populações Marginalizadas da Universidade da Pensilvânia e o Arquivo Edgard Leuenroth, onde os acervos são preservados e disponibilizados para pesquisa. A iniciativa também conta com o apoio da Porticus Foundation, Instituto Ibirapitanga, Fundação Tide Setubal, FAPESP, Open Society, UCLA Archives in Danger e Universidade da Pensilvânia. 

Sobre o AFRO

O Núcleo de Pesquisa e Formação em Raça, Gênero e Justiça Racial, ou Afro-Cebrap, é um núcleo de pesquisa, formação e difusão sobre a temática racial que busca contribuir para o fortalecimento das pesquisas acadêmicas sobre desigualdades, relações raciais e interseccionalidade. O núcleo tem como prioridades a produção de pesquisa com alto rigor metodológico, a formação de novos pesquisadores e a divulgação científica. São desenvolvidas pesquisas de caráter multidisciplinar visando a produção e a análise de dados de natureza quantitativa e qualitativa.

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Redação

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