Sempre fui um cara econômico, mas após decidir uma meta de quanto dinheiro precisava economizar para viver o sabático, cortei algumas coisas. A maior parte delas foi no  estilo de vida. Deixei de ir ao cinema (uma das minhas paixões), passei a ver filmes gratuitos em casa ou ir a festivais não-pagos. Parei de pegar táxi, uma das minhas poucas “extravagâncias” e passei a andar mais de carona com amigos ou de transporte público.

Meus gastos mensais básicos com casa, comida e internet também já eram baixos. Mas passei a economizar nos almoços durante a semana para poder usar em saídas com os amigos no fim de semana. Revi meu plano de internet (não usava mais TV a cabo, nem telefone e reduzi ao máximo o pacote), deixei de ter diarista (não é nenhum grande esforço dedicar duas horas da semana a limpeza da casa e roupas) e passei a optar por produtos mais baratos no supermercado, por exemplo.

Também deixei de comprar roupas. Eu já tinha o suficiente para viver e até para doar algumas. E a escolha mais difícil – acreditem – foi a de deixar de dar presentes para oferecer cartões ou outras formas de agraciar amigos e familiares sem gastar grana. Esse esforço todo durou menos de um ano e acho que ninguém chegou a me classificar como sovina.

Uma outra dica interessante é dada pela jornalista Lindsey Hough, em ensaio sobre planejamento financeiro. É o guia 50/30/20, uma regra de como o dinheiro deve ser gasto. Vamos relembrar o que ela diz:

De acordo com o LearnVest, esse guia, criado por um advogado e por uma professora de Lei de Falências em Harvard, determina que 50% da renda deve ser usada para necessidades básicas (isso não quer dizer seu cafezinho matinal, mas o que você precisa para sobreviver: moradia, comida, saúde, pagamento de dívidas (discutível, mas você precisa pagá-las).

Pelo menos 20% deveria ser destinado a “prioridades financeiras”, que incluem pagamento de dívidas, contribuição de aposentadoria e, é claro, economias. 30% deve ser destinado ao que o LearnVest chama de “escolhas de estilo de vida” – coisas como saídas noturnas e TV a cabo.

Categorizando o seu dinheiro dessa forma, você pode ir tirando dinheiro da categoria “estilo de vida” e movê-lo para a categoria “prioridade financeira” para que você guarde dinheiro para o seu sabático. Foi o que eu fiz.

Tentar pedir um aumento, mudar de emprego, receber dividendos da empresa são importantes para aumentar os seus gastos. Ganhando mais e gastando menos, você conseguirá poupar uma boa quantia por mês. Outra dica é ter uma renda extra. Eu me coloquei como objetivo ter todo mês fazer pelo menos um freelancer remunerado para conseguir aumentar a minha renda. Deu certo.

Também me cadastrei em novos programas de pontuação que me forneciam vantagens, como avaliar restaurantes e lugares no TripAdvisor em troca de pontos Multiplus, que podem ser usados para viagens.

Economizar e poupar são dois passos bem importantes para chegar à sua meta. Mas você não vai atingi-la se não fizer o seu dinheiro trabalhar para você. Lembre-se que poupar é diferente de investir. Então, não adianta deixar seu dinheiro na poupança e achar que vai ficar rico. Em 2015, por exemplo, seu dinheiro teria terminado o ano valendo menos.

É importante investir. Na Empiricus, você recebe diversas dicas todos os dias. Seja imóveis, moeda estrangeira, ações ou o próprio Tesouro Direto, queridinho entre os nossos consultores. Eu escolhi o Tesouro Direto e vi meu dinheiro render de verdade pela primeira vez. Entendi que deixar grana na poupança é o mesmo que colocar embaixo do colchão, como faziam nossos avós.

Com os três passos bem claros. Você pode começar a colocá-los em prática e determinar quanto tempo vai demorar para atingir sua meta. Os sacrifícios vão valer a pena, você verá.

No meu caso, o tempo passou rápido e às vésperas do mochilão me vi tendo que resolver várias pendências. Fui trocando dinheiro aos poucos, para evitar altas súbitas do dólar, comprei seguro de saúde, reservei algumas acomodações, vi o transporte entre as cidades. Fiz uma consultoria com uma mochileira profissional que está há dois anos na estrada e contratei uma amiga para ajudar a organizar a mala. Afinal, o que levar para um período tão grande? É clichê, mas menos é mais.