Durante alguns anos, a região do Anhangabaú, no centro de São Paulo, era conexão obrigatória entre a casa e o trabalho do jornalista Guilherme Soares Dias. Ele caminhava apressado pelas escadarias, passando pelo obelisco e pelo chafariz, inspirado na Fonte dos Desejos de Roma, tendo um painel de azulejos portugueses ao fundo. “Eu nunca gostei de passar por ali, porque sempre achei que tinha uma energia forte. Só depois de um tempo que descobri que a região era um mercado de pessoas escravizadas”, conta.
O comércio escravagista acontecia onde hoje é o Largo da Memória e o Obelisco dos Piques, nos séculos 18 e 19. Depois da abolição, o mesmo local tornou-se ponto de encontro, de convívio e de organização política da população negra de São Paulo. Mas essas não são as memórias registradas nos monumentos e nos equipamentos públicos da região.
“O racismo epistemológico apaga as pessoas negras da história, e nas cidades não é diferente. Então, quando a gente vê os nomes de ruas, escolas e monumentos, percebe que não somos representados”, diz Guilherme, fundador da Black Bird, empresa que desde 2018 trabalha com turismo centrado na história afro-brasileira. Entre as suas principais atividades está a Caminhada São Paulo Negra, que tem objetivo de mostrar não só lugares marcados por memórias de opressão, mas destacar personalidades negras que contribuíram para o desenvolvimento da cidade. Confira a reportagem completa do UOL publicada em 31 de julho de 2020.
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Redação
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