Afropresença discute afroturismo e necessidade de viagens mais diversas

O afroturismo foi pauta do congresso online Afropresença, que discutiu a inclusão de negros no mercado de trabalho. A mesa ocorreu em 30 de setembro, foi mediado pelo editor do Guia Negro, Guilherme Soares Dias, e teve a participação do executivo de contas e supervisor de vendas no Grupo Flytour Newton Gomes; do hoteleiro e consultor Hubber Clemente e da administradora que atua em cruzeiros Salmah Menelik.

Na abertura, o mediador leu um texto sobre a premissa do viajar e da necessidade de mais diversidade do setor. Confira a íntegra:

“Quando fazemos uma viagem turística, somos apresentados a um lugar, um povo e uma cultura. Tudo isso ao mesmo tempo, facilitado pela figura de profissionais que, imersos naquele universo, saberão nos trazer as partes mais interessantes daquele passeio. Mas essas pessoas trazem consigo seus próprios filtros, suas trajetórias, seus modos de ver o mundo e de interpretar o que está ao seu redor. E isso muda diretamente a maneira como os lugares se apresentam para nós.

A profissionalização do turismo faz a troca de uma ideia antiga de se guiar as pessoas: sai aquele turismo “para inglês ver”, que apresenta nosso país e nosso povo de uma forma que caibam nas lentes e nas expectativas de quem chega até aqui, e começa a entrar em cena o turismo que conta uma História a partir de outros pontos de vista, apresentando a complexidade de uma cultura, ao invés de simplificá-la e trazendo diferentes dimensões de um mesmo lugar – ainda que não caiba no imaginário exótico dos turistas.

Dessa maneira, um morro carioca pode ser apresentado como uma potência cultural, e não somente como um espaço tomado pela criminalidade com espaços específicos para tirar fotos. Surge o chamado “turismo étnico”, que mergulha no no patrimônio cultural de uma região. E até mesmo o perigo do “turismo sexual” é afrontado quando mostramos as mulheres negras pelo que são e representam, e não apenas como “mulatas exóticas” à disposição – e à espera – dos turistas. Quando revemos nosso turismo, somos convidados e descolonizar nosso olhar e repensar o que achamos de nós mesmos, e o que queremos valorizar em nosso país. Mas como está a presença de pessoas negras nesse mercado? Como o turismo pode deixar de ser um mercado de puro entretenimento para se tornar um mercado de empoderamento?”.

Entre as perguntas que foram feitas para os convidados estavam:

1 – Quantas pessoas trabalham na sua empresa? Quantas delas são negras? Em quais posições essas pessoas negras trabalham?

2 – Por que você acha que ainda hoje a representatividade racial no setor é tão baixa?

3 – Como é ser uma comissária de bordo negra? A cor da pele faz diferença no dia a dia do trabalho?

4 – Quais desafios você enfrentou para entrar nesse mercado?

5 – a sua opinião, as pessoas estão abertas a realizar um outro tipo de turismo – turismo étnico e que respeite as manifestações culturais do nosso país? Quanto você avalia que estamos preparados para oferecer esse novo turismo?

6 –  que você acredita que pode ser feito para que mais pessoas negras entrem no mercado de turismo?

7 – Você trabalha numa área fundamental do turismo, a propaganda. Você acha que pessoas negras ficam mais propensas a contratar uma viagem quando se veem retratadas no anúncio? Há alguma diferença na abordagem para chamar a atenção específica das pessoas negras?

8 – O que você acha que as empresas de Turismo podem ganhar com mais pessoas negras no quadro de funcionários, e ocupando variadas áreas?

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Redação

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