Após ser questionada, Prefeitura de Salvador revê programação da virada e inclui blocos afros

Guilherme Soares Dias

 

A Prefeitura de Salvador promoveu uma festa em São Paulo no início de novembro para lançar a programação do festival da Virada 2019/2020. Serão 5 dias de festa, 70 horas de música e 300 artistas. O problema é que nenhum bloco afro estava na lista. O Guia Negro esteve na coletiva de imprensa e questionou essa ausência. Produzimos matéria, posts nas redes sociais e o conteúdo viralizou. A cantora Mariene de Castro foi uma das que compartilhou e cobrou o governo municipal da capital com maior percentual de pessoas negras do Brasil. A repercussão fez com que o prefeito Antônio Carlos Magalhães (ACM) Neto revesse a programação e anunciasse Ilê Aiyê e Olodum no palco principal no dia 1 de janeiro.

 

Nós do Guia Negro ficamos felizes duplamente. Uma por cumprirmos nosso papel de valorizar a cultura negra e questionarmos o seu apagamento e a outra por poder ver bandas tão importantes como Ilê e Olodum no palco da virada, uma vez que estaremos em Salvador durante o período. Esperamos que ACM Neto e todos os governantes brasileiros nunca mais ignorem nossos artistas pretos em suas programações e possam dar a eles a devida importância que possuem.

 

A Prefeitura de Salvador se orgulha de promover cinco dias de festa no réveillon, começando no dia 28 de dezembro e indo até o dia 1 de janeiro. A festa reúne cerca de 2 milhões de pessoas, sendo 500 mil turistas e chega a render cerca de R$ 500 mil, possibilitando ocupação de 100% da rede hoteleira da cidade. A programação da virada 2019/2020 conta com 300 artistas. Entre os destaques anunciados pelo governo municipal estão Bell Marques, Claudia Leitte, Durval, Matheus e Kauan, Paralamas do Sucesso, Anitta, Luan Santana, Igor Canário, Alok, Gusttavo Lima, Wesley Safadão, Lincoln e Duas Medidas, Iza, Harmonia do Samba, Psirico, Léo Santana, Xandy Avião, Saulo, Dennis DJ, Jorge e Mateus. A virada do ano será comandada por Ivete Sangalo e o pôr do som no dia 1 de janeiro por Daniela Mercury.

“A gente se conecta pela música”, diz o slogan da prefeitura, que deixou de lado além dos blocos afros, muitos artistas negros que são expoentes da música baiana. A programação desprezou cantoras como Margareth Menezes, que cantou no Vaticano durante a solenidade de canonização de Irmã Dulce, além de ignorar, por mais um ano, artistas com posicionamento político mais à esquerda, caso do Baiana System, que arrasta uma multidão na cidade, além da nova safra de artistas baianos como Attooxxa, Luedji Luna, Afrocidade, entre outros.

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Redação

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