O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro recebe a exposição “A memória é uma invenção”, que traz obras do Acervo da Laje, casa-escola-museu do Subúrbio de Salvador, além de obras de Abdias do Nascimento e Emanoel Araujo. Sob a curadoria de Beatriz Lemos, Keyna Eleison e Pablo Lafuente, a mostra reúne cerca de 300 obras provenientes do acervo do MAM Rio e de outras duas instituições: o Museu de Arte Negra/IPEAFRO e do Acervo da Laje.
Com pinturas, gravuras, esculturas, fotografias e azulejos, a exposição reflete sobre os processos de construção de patrimônio, legado e cultura comum, ao apresentar no mesmo espaço expositivo os três acervos de arte com diferentes histórias, dinâmicas e projetos. Reunidas, as coleções mostram repetições e semelhanças nas escolhas de categorias e formatos, nos entendimentos do que faz uma obra ser conservada como parte de um legado e nos métodos de compartilhamento das obras como parte de uma memória coletiva. Vindos do acervo do Museu de Arte Negra/IPEAFRO, trabalhos de Abdias Nascimento, Heitor dos Prazeres, Carlos Scliar, Gerson de Souza e Chico Tabibuia, entre outros, estabelecem relações de convergência com obras de Adilson Paciência, Zaca Oliveira e Indiano Carioca, artistas que fazem parte do Acervo da Laje.
“A exposição A memória é uma invenção é um assombro por trazer a força de um museu casa-escola da periferia de Salvador e apresentar poéticas que nunca foram expostas fora da Bahia”, celebra o fundador do Acervo da Laje, José Eduardo. O Acervo da Laje é uma casa-museu-escola criada por Vilma Santos e José Eduardo Ferreira Santos em 2011 em Salvador (BA). Dividido em duas casas, o projeto fica localizado no bairro de São João do Cabrito, perto da antiga região conhecida como Novos Alagados, e resguarda um acervo de obras de artistas e acervos de livros raros, CDs, fotografias e diversos materiais, evidenciando a história ancestral do Subúrbio Ferroviário de Salvador.
Para quem conhece o Acervo da Laje de perto, é potente ver obras de artistas como Zaca Oliveira, Bida, além de azulejos e fotos que retratam o bairro de Plataforma num espaço que sempre privilegiou artistas brancos e elitistas como é o MAM. O ganho do museu carioca com as obras vindas do Subúrbio de Salvador é imensurável. Que mais exposições como essa possam ganhar museus que dificilmente dão espaço para os nossos.
IPEAFRO
Já o Museu de Arte Negra/IPEAFRO O Museu de Arte Negra é um acervo de obras reunidas por Abdias Nascimento a partir de 1950, como continuação do trabalho que desenvolveu por meio do Teatro Experimental do Negro com cultura negra enraizada nas tradições de origem africana. O acervo é responsabilidade do Instituto de Pesquisas e Estudos Afro-brasileiros (IPEAFRO), dirigido por 2 Elisa Larkin Nascimento e dedicado à preservação e divulgação da cultura negra no país desde 1981 com projetos de educação, pesquisa, documentação e outros. http://ipeafro.org.br/
“O acervo é resultado do trabalho de Abdias Nascimento e seus parceiros do Teatro Experimental do Negro, na interlocução com artistas brasileiros sobre o tema da arte negra e seu papel na constituição da própria arte moderna. Assim, reúne trabalhos de renomados artistas com outros, pouco conhecidos, apresentando grande diversidade de temas e técnicas. Tendo sua origem numa resolução do 1º Congresso do Negro Brasileiro, a coleção foi solenemente ignorada pelo mundo das artes até o momento. Com esta iniciativa, o MAM Rio impulsiona um amplo movimento de valorização de artistas invisibilizados pela cultura hegemônica, que julga a arte negra como coisa de artesãos primitivos e ingênuos”, diz Elisa Larkin Nascimento.
Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Av Infante Dom Henrique 85, Parque do Flamengo
A memória é uma invenção
Abertura: 04 de setembro de 2021
Encerramento: 09 de janeiro de 2022
Horários: Quintas e sextas, das 13h às 18h Sábados, domingos e feriados, das 10h às 18h Ingressos: Contribuição sugerida, com opção de acesso gratuito Valores sugeridos: Adultos: R$ 20 Crianças, estudantes e +60: R$ 10