Culto a Chaguinhas agora é patrimônio imaterial de SP

O culto e adoração à Francisco José das Chagas, o Chaguinhas, na Capela de Nossa Senhora dos Aflitos, no bairro da Liberdade, em São Paulo, foi reconhecido como Patrimônio Cultural Imaterial do Estado. A proposta feita pela deputada Leci Brandão (PCdoB) foi aprovada pela Assembleia Legislativa e contou com análise de membros do Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (CONDEPHAAT).

O pedido do culto se tornar patrimônio imaterial partiu da União dos Amigos da Capela dos Aflitos, a Unamca. A publicação com reconhecimento ocorreu no Diário Oficial do Estado em 1 de agosto de 2024 com a assinatura do governador Tarcísio de Freitas.

A história

Chaguinhas foi um cabo negro condenado a morte por ter liderado uma revolta pelo não aumento de salários no Exército brasileiro. O enforcamento ocorreria no Largo da Forca em 20 de setembro de 1821, mas a corda que o mataria arrebentou três vezes. Isso gerou pedido de “liberdade” por aqueles que assistiam o ato. A súplica acabou ajudando a batizar o bairro que a partir do século 20 recebeu uma grande migração de japoneses.

Chaguinhas não foi perdoado e foi morto a pauladas na frente de todos. Mesmo assim, entrou para sempre para o imaginário popular. Ele está enterrado no Cemitério dos Aflitos, que funcionou no bairro entre 1775 e 1858 e era destinado a negros e indígenas. A Capela dos Aflitos, construída em 1779 era parte do Cemitério e é a única marca da sua existência no meio urbano hoje. Hoje o equipamento religioso está fechado para reforma, que deve durar pelo menos mais um ano.

Por lá, uma porta de madeira recebe papéis com pedidos de milagres para Chaguinhas e para ser atendido pelo santo, que não é reconhecido pela Igreja Católica, cada pessoa bate três vezes nela. É essa tradição que agora torna-se patrimônio imaterial de São Paulo.

Na capela, quadros retratam Chaguinhas embranquecido e sua história  repassada pela oralidade não faz parte de livros, monumentos, nome de ruas ou praça no bairro da Liberdade.

NOVAS ESTÁTUAS

Há uma promessa da Secretaria Municipal de Cultura de que São Paulo vai ganhar cinco novas estátuas de pessoas negras. Uma votação por meio do site do órgão decidiu quem serão as personalidades homenageadas. Lélia Gonzalez, Mãe Sylvia de Oxalá, Milton Santos, Elza Soares e Chaguinhas foram os nomes escolhidos.

Agora, a questão que fica é se elas serão minúsculas como as últimas cinco instaladas em 2022 (Carolina Maria de Jesus, Madrinha Eunice, Geraldo Filmes, Itamar Assumpção, Adhemar Ferreira da Silva) pelo mesmo governo, e que medem 1,67 metro ou serão grandiosas como o bandeirante escravocrata Borba Gato (com estátua de 13 metros de altura)?

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Redação

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