Dez restaurantes de afroempreendedores para comer no Rio

A valorização da identidade e ancestralidade afro-brasileira no Rio de Janeiro tem resultado em movimentos que passam por uma gastronomia que enaltece a culinária afro-carioca, especialmente baseada na região da Pequena África, que fica na Zona Portuária, e em bairros da Zona Norte (Vila Isabel e Grajaú) e Zona Sul (Leme e Copacabana). A cozinha ancestral tem ganhado cada vez mais espaço e nós, do Guia Negro, destacamos dez restaurantes de afroempreendedores para você conhecer no Rio.

Confira:

1 – Dida Bar

Fui levada ao Dida Bar provavelmente em 2017, quando o restaurante ficava em um espaço aconchegante, mas que foi ficando pequeno para a quantidade de pessoas que requisitavam o estabelecimento para provar das iguarias da Dida Nascimento – cozinheira de mão cheia e que toca o empreendimento junto com seus filhos Kanu Akin Trindade, Matheus Buka Trindade e Teka Nascimento. Além dos pratos saborosos, conheci lá também o trabalho dos músicos Fabíola Machado e Arifan, que hoje comandam o grupo Awurê, conhecido no eixo RJ-SP por exaltar a cultura dos povos de matriz africana em suas apresentações.  

Atualmente, o Dida Bar integra o Mercado Casarão, um local que reúne, além do restaurante, livraria, loja de roupas, serviço de beleza, oficinas e diversos eventos artísticos. O cardápio do Dida tem uma boa carta de bebidas e especialidades da gastronomia afro-brasileira. Para isso, Dida, além do seu talento, viajou para o continente africano em busca de oferecer o que há de melhor em sua culinária. O destaque fica para o Caril de Camarão, servido no abacaxi. Para a entrada há a porção de bolinhos de feijoada, mini acarajés, entre outras inúmeras opções. O local ainda promove, em algumas quartas-feiras, o Jantar Africano, feito a luz de velas, com músicas africanas e com degustação de vários pratos de diferentes países africanos.  

SERVIÇO:

Quartas-feiras 16h às 22h | Quintas e sextas-feiras 16h às 00h | Sábado 11h às 23h30 | Domingo 12h às 17h

Rua Barão de Iguatemi, 379, Praça da Bandeira 

 2 – Nega Tereza Bar 

A efervescência cultural em Santa Teresa, bairro turístico da região central do Rio, vai além do Largo dos Guimarães e o Nega Tereza Bar é prova disso. O restaurante  é um ótimo lugar para quem busca por uma culinária mais caseira. Todos os pratos são muito gostosos, mas, o bife acebolado e o bife a cavalo são especiais. Amplo, o espaço se divide em dois cenários: um com uma cara de restaurante e o outro mais arejado, mais quintal, com sofá, livros, plantas e frutas orgânicas que podem ser compradas no local.  

SERVIÇO

Terça a sábado 11h30 às 00h | Domingo 11h30 às 18h 

Rua Áurea, 24, Santa Teresa

3 – Kaza 123

O Kaza 123 fica em Vila Isabel, berço da escola de samba Unidos de Vila Isabel e bairro de Martinho da Vila, na Zona Norte da cidade. O espaço promove pertencimento e acolhimento ao público preto que se depara com uma decoração de peso ao entrar no local, lá há estampadas personalidades como Malcolm X, Martin Luther King, Carolina Maria de Jesus, Angela Davis e Marielle Franco. 

Comandado pela chef Maria Júlia Ferreira e Lica Oliveira, o bistrô abriga a Kitabu Livraria e apresenta como carro-chefe o angu, no entanto, há muitas outras delícias como feijoada, bobó de camarão, arrumadinho, entre outras, preparadas pela Angurmê Culinária. Para além de um empreendimento gastronômico, o Kaza é um reduto político que reúne diversos artistas, militantes e outros nomes importantes da comunidade negra no Rio e no país. Algumas ações são desenvolvidas em prol do combate ao racismo. Atualmente, segue com a ocupação Abdias Nascimento na Kaza 123, como parte da agenda coletiva 21 Dias de Ativismo Contra o Racismo 2022, que dentre as atividades está a cobrança por uma resposta sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco, que completa quatro anos em 2022.  

SERVIÇO:

Quarta a domingo 12h às 00h 

Rua Visconde de Abaeté, 123, Vila Isabel

4 – Favela Hype

Gerenciado por Kananda Soares, o espaço também fica em um corredor de bares e restaurantes próximos ao Largo dos Guimarães, em Santa Teresa. O Favela Hype chama atenção por vários aspectos que compõe o charme do bairro, um letreiro brilhante, cadeiras de praia para o público, trabalhos de diversos artistas locais, roupas estilosas, músicas ao vivo e comidas gostosas. A equipe do Favela, desde a idealizadora a colaboradores (estilistas, DJs e etc), é majoritariamente preta e atrai consumidores bem plurais que pensam fora da caixinha. Dentre os pratos servidos, as dicas são: a moqueca de banana, o dadinho de tapioca e a linguiça mineira.  

SERVIÇO:

Quintas e sextas-feiras 15h às 00h | Sábado 12h às 00h | Domingo 13h às 23h 

Rua Paschoal Carlos Magno, 103, Santa Teresa

5 – Quilombo Cultural Casa do Nando

A Casa do Nando nasceu de maneira despretensiosa, no Largo da Prainha – área que pertence à Pequena África, reduto da cultura afro-brasileira no Rio. O Largo da Prainha fica ao lado de outro importante ponto, a Pedra do Sal, que abrigava um quilombo, e onde acontece uma das rodas de samba mais conhecidas da cidade.  

Pela ligação com os sambistas da Pedra do Sal e da Zona Portuária, a casa do chef Fernando Luiz era um importante reduto de artistas que movimentavam o espaço culturalmente e discutiam sobre política e racismo, sendo um lugar de resistência negra. Atualmente, o Quilombo Cultural Casa do Nando fica próximo a Pequena África e abriga diversos eventos culturais, oficinas de capoeira, dança afro e oferece um cardápio incrível da gastronomia afro-carioca, como rabada, PF carioca, mufete, bobó de camarão, caldos e petiscos.  

SERVIÇO:

Segundas-feiras a partir das 16h | Terça a sexta a partir das 12h | Sábados a partir das 13h | Domingos a informar 

Rua Camerino, 176, no centro do Rio

6 – Casa Omolokum 

Como o nome já indica, a Casa Omolokum traz como base a comida de terreiro, criada pela chef Leila Leão. Aos pés da Pedra do Sal e do Morro da Conceição, lugares que transbordam axé, no local é servido um acarajé incrível – um dos pratos que recomendo. A inspiração para a criação do restaurante é o espaço onde está localizado – na Pequena África – e a valorização da ancestralidade africana. Dessa forma, a Casa Omolokum alimenta o corpo e alma, trazendo um pouco da filosofia iorubá para os frequentadores.  

SERVIÇO:

Sexta a Domingo 13h às 20h 

Rua Argemiro Bulcão, 51 – Saúde

7 – Boteco & Gafieira Seu França 

Bem no coração da boemia carioca, o ator, diretor teatral e escritor Rodrigo França e seu irmão Fábio França estão à frente do Boteco & Gafieira Seu França – especializado em gastronomia afro-carioca. O local fica entre os Arcos da Lapa e a Escadaria Selarón, pontos turísticos e berço da malandragem carioca e está estrategicamente posicionado, uma vez que uma das finalidades dos Franças é promover o resgate da cultura de gafieira. A escolha do nome para o bar é também uma homenagem ao pai dos afro-empreendedores. Por lá, petiscos como torresmo da casa, bolinho de rabada, pastel de costela são o forte da casa, que oferece atrações musicais de segunda a segunda.

SERVIÇO:

Segunda a sexta-feira a partir das 18h | Sábado e domingo a partir das 12h 

Rua Joaquim Silva, 123, Lapa

 8 – Bar do David

O Bar do David nasceu no alto da comunidade do Chapéu-Mangueira e de lá dá pra ver a orla da praia do Leme e uma boa parte da vegetação e da comunidade. Além da vista privilegiada, há uma gastronomia diferenciada. Para quem gosta de bebidas alcóolicas criativas, apresento a caipirinha de ovomaltine. Já para comer, há uma infinidade de iguarias, mas a feijoada de frutos do mar é nota 10. Recentemente, o Bar do David também abriu mais uma unidade em Copacabana e vale a pena conferir as duas.

SERVIÇO:

Terça a domingo 1oh às 20h (Leme-Chapéu Mangueira) | Terça a domingo 11h às 03h (Copacabana)

Ladeira Ari Barroso 66, Leme-Chapéu Mangueira | Rua Barata Ribeiro 7, Copacabana

9 – Yayá Comidaria Pop Brasileira

Comida de axé que mescla a herança africana e nordestina da chef pernambucana Carmem Virgínia é o que se vê no Yayá Comidaria Pop Brasileira, que conta com uma parceria de peso, a chef Andressa Cabral. As duas, além do Yayá Comidaria, tocam dois restaurantes: Altar, Cozinha Ancestral (de Carmem, que fica em Recife) e o Meza Bar (do qual Andressa é sócia, no Rio). A ideia do Yayá Comidaria Pop Brasileira é defender as tradições dos povos de matriz africana, mas elaborando recriações de olho no futuro. Carmem Virígnia além de gastrônoma, é também Iyabassé, cargo recebido no candomblé para cuidar das comidas preparadas no terreiro. Logo, Carmem é uma chef chancelada pelos ancestrais. Padroeira do espaço, Iansã é homenageada com o preparo de mini acarajés que estão inclusos no cardápio, mas há também a homenagem aos erês, com o prato “Patota de Cosme”, que leva vatapá, caruru, omolokun, acaçá e mini acarajé.

SERVIÇO:

Terça a sábado 12h às 00h | Domingo 12h às 21h

Rua Gustavo Sampaio, 361, Loja A, Leme

10 – Afro Gourmet

Uma culinária de resistência e afeto é defendida pela chef e idealizadora do Afro Gourmet, Dandara Batista, que percebeu a necessidade de valorizar uma gastronomia afro-brasileira após identificar poucos restaurantes que oferecem cardápios voltados para esta cultura. Com incursões por países africanos e com ajuda de amigos no Brasil, Dandara pôde elaborar talentosamente pratos que contam muito sobre a diáspora africana e ancestralidade, entre eles está o famoso arroz de hauçá, cachupa, amalá com rabada e acaçá, efó com peixe e outros.  Há também opções veganas, como a moqueca de cogumelos e o funge com banana da terra. O restaurante promove eventos nos quais recebe chefs de outras regiões do país e africanos para preparar receitas tradicionais de suas localidades.

SERVIÇO:

Quinta e sexta-feira 17 às 22h | Sábado 12h às 22h | Domingo 12h às 16h

Rua Barão do Bom Retiro, 2.316, Loja A, Grajaú

 LEIA MAIS:

Cais do Valongo, no Rio, é lugar de visita obrigatória, indica ativista antirracismo

Pequena África (Rio)

 

 

Cinco restaurantes africanos para ir em São Paulo

 

Compartilhe:
Avatar photo
Joyce Nascimento

Jornalista por formação e atuação, desenvolve escritas a partir do que sente, do que vivencia e de suas pesquisas. Sua caminhada é também laboratório de informações. Sambista, ex-passista da Mangueira e do Paraíso do Tuiutí, e candomblecista, visa escurecer as coisas versando com a cultura de sua origem afro-brasileira e com povos tradicionais de matriz africana

Artigos: 18

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *