Exposição Abre-Caminhos traz movimentos de Exu para o CCSP

A Exposição Abre-Caminhos chega ao Centro Cultural São Paulo (CCSP) com proposta de intervenções no prédio. Várias obras estão expostas ao ar livre, como medida para enfrentar aglomerações. O curador da exposição é o antropólogo Hélio Menezes, que ressalta que “num ano confuso como 2020, onde o ano começa no fim, ‘Abre-Caminhos’ é o próprio Exu”.

“De certa maneira, a exposição é uma homenagem a este Orixá que é transformação, onde tudo é fluxo. Não é uma exposição de Exu, sobre Exu, mas é inspirada na característica deste Deus em movimento”, explica. Os seis artistas que foram convidados(as) para intervir na estrutura do CCSP não necessariamente trabalham com a divindade, mas dialogam com ele; em palavra escrita, falada, em movimento e ancestralidade.

“A exposição Abre-Caminhos é uma mostra importante para entender que  nada se termina, nada se acaba, é circular . Ela traz uma jovem produção artística contemporânea, e estes artistas têm trazido uma relação muito forte de ancestralidade com visualidades não-européias, trata-se de uma arte contra canônica que tem sido um respiro, uma oxigenação na cena contemporânea brasileira. Para muitos dos artistas que participam da mostra, essa é primeira vez que realizam uma instalação em São Paulo; como Yhuri Cruz, Alex Ygbo, Castiel Vitorino; que é uma das artistas que está na atual Bienal de Berlim”, diz Hélio Menezes, que é curador de Artes Visuais do CCSP.

No Jardim Central do CCSP, a instalação De Amanhã para Ontem, de Mônica Ventura (BA), emana Zangbeto, estandartes e bambus, num pedido de licença e também de celebração entre os vivos e os ancestrais; ao passo que o Jardim Suspenso recebe O Cavalo é Levante (Monumento a Oxalá e axs trabalhadorxs), de Yhuri Cruz (RJ), homenagem ao invisível e ao labor, em referência à deidade iorubá da criação do mundo e àquelxs que dão seguimento a seu trabalho de edificá-lo.

Alex Igbo (BA) questiona a construção simbólica no uso das palavras, despachando lambe-lambes de Jexus (hibridismo entre Jesus e Exu, com este ao centro) e Magia Negra, em cores vivas que deslocam o sentido negativo equivocadamente atribuído à expressão. O interesse pelas potencialidades da comunicação, num entrelaçamento de escrita e  visualidade, também se faz presente na bandeira Como Aprender com o Imprevisível?, de Maré de Matos (MG), acompanhada de oito códigos visuais que evocam a prática do não-controle, ao sugerirem acesso a possíveis pistas de resposta à pergunta-reflexão. Já a bandeira BRASIL NEGRO SALVE, do coletivo Frente 3 de Fevereiro (SP), voltada à rua e nas cores de Exu, propõe três palavras que, juntas, transitam da saudação às negritudes à intervenção direta no debate público sobre o racismo estrutural da sociedade brasileira.

No coração das Bibliotecas do CCSP, em sintonia com parâmetros éticos e estéticos de Exu, Castiel Vitorino Brasileiro (ES) risca uma encruzilhada na terra, apontando ao cuidado num quarto de pomba gira, perecível como tudo que se move, no interior de uma estrutura circular de conhecimento, como quem relembra que Aqui nada se acaba.

SERVIÇO:

17.11.2020

Local: Centro Cultural São Paulo

Endereço: Rua Vergueiro, 1000

Entrada Gratuita

Venha de Máscara!

Curador: Hélio Menezes

Assistente de curadoria: Ray Carvalho.

Semana da Consciência Negra do Museu Afro Brasil
Data: de 15 a 21 de novmebro de 2020
Onde: Redes sociais do Museu Afro Brasil (links no fim do arquivo)
Preço: Atividades online: gratuito // Atividades presenciais: R$15,00 inteira; R$7,50 meia-entrada.
(Para conferir política de gratuidade clique aqui)

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Redação

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