Livro “Todo amor do mundo” fala sobre diversas formas de amor, incluindo sobre viagens

“O que o amor te autorizou a fazer hoje?”. Esta é a pergunta que o autor Diego Queiroz faz em seu novo livro “Todo amor do mundo” – em pré-venda exclusiva na Amazon. O livro, que é o segundo do escritor, narra o amor em suas mais diversas formas, chances e casualidades, inclusive o amor por viagens.

O viajante nos leva a refletir sobre as infinitas possibilidades que só uma viagem pode proporcionar. Todo o projeto foi desenvolvido por profissionais pretos. Ilustracão, revisão, diagramação, capa… “Wakanda inteira veio pra falar de amor, afetos, vulnerabilidades e até da falta deles”, cita ele na divulgação.

O livro será lançado em 12 de dezembro, mas você já pode garantir em pré-venda autografada clicando aqui.

Confira um dos contos:

Pelo chão do mundo

Diego Queiroz

Quando criança eu passava o dia inteiro subindo e descendo as montanhas de barro vermelho que se empilhavam na vizinhança. Minha maior fantasia era imaginar como seria se o vermelho fosse branco e o barro fosse neve. Imaginação nunca foi o problema. O que faltava era a grana. Desde aquele tempo em que gravava, em fita cassete, as canções que tocavam na rádio, eu já sonhava em voar.

Em caminhar por um mundo que eu nem sabia o tamanho. Sonhos nunca foram o problema. O que faltava era conhecimento. Eu amava viajar antes mesmo de saber como era. Antes mesmo de colocar rodinhas nos pés e sair por aí, pelo chão do mapa-mundi. Como é possível amar aquilo que não conhecemos? Não tenho uma resposta certa! Acho que antes de amar a coisa, a gente ama a ideia. A possibilidade. A emoção da novidade. O desejo de ser um “cidadão do mundo” estava presente em mim desde quando posso me lembrar. E era mais do que uma simples vontade.

Era uma necessidade. Eu não sabia como, nem quando. Mas sabia que iria. Que o dia chegaria. E eu poderia cruzar os oceanos através 96 da imensidão azul do céu. Assim como o vento, que não se sabe de onde vem ou para onde vai. Eu só queria ir. E fui! Não apenas uma vez, mas incontáveis, até agora. Dentro de um mundo de impossibilidades o possível aconteceu e o menino do barro vermelho, hoje, vê o mundo em outras cores. Viajar, sobretudo sozinho, é muito mais do que sair por aí, fotografando tudo quanto é prédio antigo pra entupir o feed do Instagram.

É, antes disso, estar aberto ao novo. Ao desconhecido. A viver aquilo que nunca foi experimentado. É se apaixonar a cada esquina por um estranho esquisitão. Experimentar novos temperos. Conhecer novas cores, sotaques e costumes. E se decepcionar porque a praia era mais bonita no cartão postal. Viajar é amar as possibilidades de quem a gente pode ser fora do cotidiano. Longe dos olhos que nos condenam. Distante daquilo que conhecemos como verdade absoluta.

Porque existe um lugar onde a gente pode ser santo ou profano. Ou os dois, ao mesmo tempo. Ninguém liga! E, se li- garem, daqui a alguns dias um novo destino aparecerá, e a gente começa tudo de novo. Viajar é ter medo de se perder pelas ruelas de um bairro diferente. E ao mesmo tempo descobrir que se perder é uma das melhores coisas que podem te acontecer. É também se sentar, numa praça aleatória, e observar como as pessoas vêm e vão.

Como as crianças correm na quadra da escola. Como, apressada, a vida não para. Ela acontece, enquanto você assiste. 97 Viajar é conhecer o que é essencial. Pois quando você se permite, percebe que o pouco é suficiente. Que existem opções além do supérfluo. E que ninguém precisa de uma mala gigante, quando uma mochila atende muito bem. Existe água e sabão em todo canto. Sujou, lave!

Viajar é aprender a se virar com pouco, contar moedas e se divertir enquanto faz isso. É trocar o almoço pelo jantar, não porque faltava grana pra comer, mas porque quando a gente se dá conta já caminhou 12 km e contando… Viajar é, principalmente, dar espaço pra sentir saudade do lar. Porque mais importante do que ir é ter pra onde voltar. E se lembrar que, por mais que a gente ganhe o mundo, existe um lugar onde nossas raízes começaram a germinar. É, por fim, encontrar espaços para se encontrar. Refletir. Repensar. É muito mais do que entrar num ônibus, navio ou avião. É um mergulho no infinito de si, sem medo de se afogar.FAÇA SUA CONTRIBUIÇÃO AQUI 

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Redação

O Guia Negro faz produção independente sobre viagens, cultura negra, afroturismo e black business

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