A Virada Salvador, show ocorreria no Forte de São Marcelo, e teria transmissão online em 31 de dezembro foi cancelado pela Prefeitura de Salvador. O anúncio ocorreu após a TV Globo informar que não transmitiria mais a virada do canal a partir da capital baiana por conta da pandemia do coronavírus. Segundo o canal, não seria seguro deslocar equipes do Rio para Salvador para garantir a transmissão. O Guia Negro fez matéria em 23 de novembro destacando que o show teria apenas dois artistas: Ivete Sangalo e Gusttavo Lima, e deixava de fora artistas negros de Salvador, que possui 80% da população se declarando negra.
“Queríamos fazer uma virada de ano segura. Estamos totalmente convencidos de que o evento, no caso a live no forte de São Marcelo é segura. Contudo, nós queremos mandar um recado para a população. Nos últimos 15 dias lancei a virada, e de lá para cá, as coisas pioraram muito. Está mais grave e preocupante. Infelizmente, dado esse aumento expressivo, o momento da entrada de 2021, não será um momento para celebração”, disse o prefeito ACM Neto, durante coletiva.
Em tempos sem pandemia, Salvador não faz show da virada no réveillon e, sim, um festival inteiro de cinco dias. No ano em que as pautas antirracistas emergem e que os movimentos de valorização da cultura negra ganharam força, ACM Neto, que se despede da prefeitura após oito anos de mandato, ignorou os artistas negros da Bahia.
Em 2019, a prefeitura de Salvador tinha cometido o mesmo “erro” ou polícia institucional construída no racismo estrutural que alicerça a sociedade brasileira. ACM Neto foi a São Paulo anunciar o verão e o festival da virada, que incluía 300 artistas. Poucos negros e sem a presença dos blocos afros. O Guia Negro fez matéria e depois da repercussão, a prefeitura voltou atrás e incluiu apresentações de Ilê Aiyê, Olodum, Nêssa, entre outros.
O apresentador e jornalista da TVE Bahia, Raoni Oliveira, escreveu sobre o tema no Twitter. “Uma sugestão a prefeitura de Salvador: Já que a festa que, nesse ano, foi cancelada por conta do aumento de número de casos de covid na cidade, que tal direcionar esse dinheiro e usar para os menores artistas locais criando um festival, sem aglomeração, com eles em casa?”, questionou.
A expectativa é que no próximo ano a programação volte ao normal e seja mais diversa, com artistas negros no lugar merecem.
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