Qual será o tamanho das cinco novas estátuas negras de São Paulo?

São Paulo vai ganhar cinco novas estátuas homenageando personalidades negras que tiveram passagem marcante na cidade. O anúncio ocorre durante a Semana de Valorização do Patrimônio, evento organizado pela Prefeitura para discutir o patrimônio histórico da cidade. As estátuas começam a ser construídas em setembro e deve ficar pronta em até seis meses.

A prefeitura não informa, no entanto, o valor que vai ser investido e o tamanho dos monumentos, que costumam ser pequenos quando homenageiam pessoas negras. A estátua de Zumbi, por exemplo, tem 2,2 metros de altura, ante os 13 metros da de Borba Gato, figura controversa que teve fogo ateado por manifestantes no último dia 24 de julho por ser considerado escravocrata.

Confira as novas cinco estátuas:

1 – Carolina Maria de Jesus:  representando a escritora e autora de Quarto de Despejo  e diversos outros livros.
Localização: Parque Linear Parelheiros, onde Carolina viveu por muitos anos, onde se encontram o Centro de Cidadania da Mulher e o Ponto de Leitura Carolina de Jesus.

Nota da edição: Além de Paralheiros, Carolina merece uma estátua no centro para que todos os paulistanos que por ali circulam tirem uma foto com ela.

2 – Geraldo Filme: o músico e sambista Geraldo Filme.
Localização: Praça David Raw, na Barra Funda, próximo ao antigo Largo da Banana, muito frequentado por Geraldo e marca do Samba Paulistano; aprovado por pessoas do movimento e pela própria família do Geraldo.

Nota da edição: Demarcar a importância do Largo da Banana com uma estátua de Geraldo Filme é de suma importância. A Barra Funda é negra.

3 – Adhemar Ferreira da Silva: estátua do atleta olímpico e tri-campeão pan-americano em salto triplo.

Provável localização: Canteiro central da Avenida Braz Leme (Casa Verde), no bairro onde o atleta sempre morou na Casa Verde e onde clubes de atletismo surgiram a partir do sucesso dele. O próprio campo do São Paulo que ele treinava era onde hoje temos o estádio do Canindé. “Propomos a instalação da escultura no canteiro central da Av. Braz Leme onde muitas pessoas correm e andam de bicicleta, e era um caminho que Adhemar fazia em direção à casa dele”, informa a prefeitura.

4 – Deolinda Madre (madrinha Eunice):  sambista e ativista negra Deolinda Madre, mais conhecida como madrinha Eunice, fundadora da primeira escola de samba da capital, a Lavapés.

Localização: Praça da Liberdade (sugerido pelos familiares e pesquisador sobre o Samba Tadeu Kaçula)

Nota da edição: Será a primeira referência a uma pessoa negra na Praça da Liberdade, que ganhou o nome de Liberdade Japão  em 2018. Uma audiência pública marcada para o dia 20 de setembro (200 Anos do Enforcamento de Chaguinhas), na Câmara Municipal, vai discutir a (in)constitucionalidade da lei que alterou o nome do local, que merece também uma estátua de Francisco José Chagas, que ajuda a dar nome ao bairro.

5 – Itamar Assumpção: cantor, compositor e musicista Itamar Assumpção.

Localização: A Prefeitura ainda está em contato com a família do artista para indicação de lugares possíveis para a homenagem, mas localidades como a Casa de Cultura da Penha, onde Itamar gravou a trilogia Bicho de 7 cabeças, em 1993, e que também conta com um estúdio em sua homenagem e no bairro onde ele nasceu; e a Praça Benedito Calixto, importante espaço cultural da cidade próximo ao antigo teatro Lira Paulistana, já estão sendo considerados.

GRANDIOSIDADE X ESTÁTUAS PEQUENAS

A nota da Prefeitura afirma ainda que em 2020 inaugurou uma estátua na Praça Clóvis Bevilácqua, na Sé, que celebra a “grandiosidade” do legado arquitetônico de Joaquim Pinto de Oliveira (1721-1811), que ficou conhecido como Tebas. Apesar da bela escultura feita por Lumumba Afroindígena e Francine Moura, a estátua é pequena e passa despercebida em comparação a outras como a do próprio Anhanguera, bandeirante escravocrata, que habita o outro extremo da Praça da Sé.

São Paulo tem 367 monumentos catalogados pelo Instituto Polis, dos quais apenas sete, ou 2% do total, retratam pessoas negras. Em dezembro de 2020, o secretário municipal de Cultura, Hugo Possolo, que inaugurou a estátua de Tebas, não quis se comprometer com a instalação de novas estátuas de pessoas negras na cidade e minimizou o fato da homenagens como a de Tebas serem pequenas quando comparadas a estátuas como Duque de Caxias e Borba Gato. O fato é: não há estátuas na cidade que sejam de pessoas negras e amplamente conhecida pela população geral justamente por serem pequenas e não ganharem seus nomes no entorno.

A prefeitura não respondeu até o momento qual será o tamanho das estátuas e o valor investido.

PLACAS

A cidade vai ganhar ainda outras 50 placas do projeto Memória Paulistana. Uma crítica ao projeto é não receber QR Code para que mais informações possam ser vistas por transeuntes que passam pelos locais.

Uma das novas placas homenageia o advogado Luiz Gama. Diz a inscrição: “O abolicionista autodidata (1830- 1882) viveu e teve seu primeiro escritório neste endereço, tendo libertado judicialmente mais de 500 escravizados. Em 2015, foi reconhecido advogado pela Ordem nacional”. Ela será instalada na R. 25 de Março, 595, no Centro.

Outras placas dizem respeito a Favela do Canindé (Rua Azurita, 100), ao terreiro Axé Ilê Obá (R. Azor Silva, 77) e ao filme Eles Não Usam Black-Tie, de Leon Hirzsmann, que completa 40 anos em 2021 (Rua Domingos Vega, 816 – Brasilândia).

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Guilherme Soares Dias

Jornalista, consultor, empreendedor e amante de viagens

Artigos: 32

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