Tia Eva+Furnas do Dionísio (MS)

A comunidade negra Tia Eva fica em Campo Grande e existe desde o fim do século 19. A maior parte dos moradores são descendentes de Eva Maria de Jesus, escravizada que nasceu em Minas Gerais, se libertou e decidiu ir para a região. Ela sabia ler e escrever e se tornou uma referência na comunidade.

Devota de São Benedito, Tia Eva fez uma promessa ao padroeiro para que curasse uma ferida que tinha na perna. Com isso, construiu em 1910 uma igreja de pau a pique e depois de alvenaria (1919), que é a mais antiga da capital sul-mato-grossense e tombada pela patrimônio histórico. Ela renovou a promessa: organizaria uma festa para o santo todos os anos. Uma das histórias orais contadas pelos descendentes diz que Eva teria chegado à região primeiro que o mineiro José Antônio Pereira de Souza, considerado fundador da cidade.

Na comunidade, além da igreja construída por Tia Eva, há um busto em homenagem a ela, um centro comunitário, trancistas e muita gente preta reunida.

Furnas do Dionísio

A 1 hora de Campo Grande, fica o Quilombo Furnas do Dionísio, em Jaraguari, que abriga cachoeira, restaurante, casa de farinha, trilhas e um povo receptivo. É um passeio imperdível para quem gosta de natureza e de valorizar a cultura e história de povos tradicionais. O local recebe esse nome por ficar entre montanhas e ter sido fundado pelo escravizado liberto Dionísio Antônio Vieira, um mineiro que chegou à região por volta de 1890.

O local que pertencia a Dionísio e possui 1.114 hectares foi reconhecido pelo Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) como quilombo em 2009. “Ele teve nove filhos e queria que eles sempre tivessem um lugar para viver”, conta Osvair Barbosa Silva, tataraneto de Dionísio e guia na comunidade. Por lá, vivem cerca de 500 pessoas. Somente o Mato Grosso do Sul abriga 114 comunidades quilombolas.

Para chegar até lá, é preciso pegar a MS-010 (saída da UCDB em direção a Rochedinho) e seguir 40 quilômetros, dos quais menos da metade são de estrada de chão, que costuma ser bem conservada. A viagem é tranquila e dura cerca de uma hora. A entrada da comunidade é bem sinalizada e os moradores indicam a sede da associação ou o Recanto da Ceci, os melhores lugares para almoçar e comprar rapadura e frutas produzidas por lá.

Próximo dos restaurantes, fica a cachoeira. É cobrada uma taxa de R$ 10 por carro ou R$ 5 por moto para ter acesso as duas quedas d´água. O rio é limpo, na maior parte raso e um bom local para refrescar adultos, crianças e idosos (o caminho onde se deixa o carro até a queda d’água é de apenas 500 metros).

Para fazer a trilha, que sobe os morros da região é preciso contratar um guia. O serviço custa R$ 20 por pessoa. Quem faz esse trabalho é Osvair Barbosa Silva, morador da comunidade e tataraneto do fundador da comunidade. Ao todo são 13 trilhas abertas por ele mesmo. Na que fizemos, foram 4 quilômetros e cerca de 40 minutos de caminhada. Vimos árvores nativas, lagartos, um mirante que dá vista para a comunidade e uma cachoeira seca. O nível da trilha era fácil a moderado. Há caminhos que passam pela casa dos moradores e em outros que é possível colher guavira ou outras frutas da região.

Serviço: O contato para reservar o almoço e solicitar o serviço do guia pode ser feito pelo telefone: 67-99607–2105 (Osvair). É mais fácil falar com ele por ligação do que pelo whatsapp.

VEJA MAIS:

Compartilhe:
Avatar photo
Redação

O Guia Negro faz produção independente sobre viagens, cultura negra, afroturismo e black business

Artigos: 695

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *