Viagem é tema central de mostra de filmes inédita

A mostra inédita “El Camino – cinema de viagem da América do Sul” oferece um apanhado histórico de filmes de viagem, realizados desde 1960, em nove países sul-americanos. Os chamados road movies celebram jornadas geográficas e pessoais e terão exibição de 18 de abril a 7 de maio, no Cinema do Centro Cultural Banco do Brasil Brasília. E depois segue para o CCBB Rio de Janeiro (31 de maio a 19 de junho) e para o CCBB São Paulo (12 de julho a 7 de agosto).

Nos filmes, há um convite para vivenciar percursos, encontrar-se com o outro e consigo mesmo, manter-se em movimento. Mas os “filmes de viagem” realizados na região sul do continente americano são bem mais do que os registros de percursos: refletem paisagens sociais, mostram semelhanças e diferenças, falam de identidades nacionais, territórios, (des)caminhos.

Com curadoria e coordenação de Carla Italiano e Leonardo Amaral, a mostra vai exibir 19 filmes, sendo 15 longas-metragens e quatro curtas, realizados no Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai, Peru, Bolívia, Chile, Colômbia e Venezuela. Ao todo, serão 18 dias de programação, com 24 sessões e 16 programas.

Além das exibições, a mostra inclui a participação da curadora Carla Italiano – discorrendo sobre o conceito da programação –, uma oficina presencial ministrada pelo pesquisador Ewerton Belico (com inscrições prévias) e um debate presencial com a professora Mariana Souto. Haverá ainda sessão com legendagem descritiva. O evento contará também com um catálogo contendo textos inéditos de autores/as nacionais, revelando a fortuna crítica original sobre o tema.

CURADORIA

A curadoria foi pensada a partir de cinco linhas que permitem criar agrupamentos de filmes. Ideias de povo e nação filmicamente reúne obras realizadas a partir da década de 1960 e que lidam com as contradições da ideia de nação: Vidas secas, Iracema – uma transa amazônica (Brasil), Los inundados (Argentina), Agarrando pueblo (Colômbia), A dupla Jornada (Brasil). O segundo inventário – Indivíduos em relação a representações de coletivo – traz o drama em suas diversas raízes étnicas e políticas, como em Noites paraguayas (Brasil/Paraguai), La nación clandestina (Bolívia), La tierra prometida (Chile) e Carlos: Cine-retrato de un caminante en Montevideo (Uruguai).

A terceira linha aposta no cinema fantástico para reconfigurar não só as cartografias de territórios como a própria noção de identidade. Em Fantástico e jornadas psicológicas estão agrupados filmes como Brasil Ano 2000Sueños de hielo (Chile), El viaje (Argentina) e Hijas del fuego (Argentina). Um quarto grupo pensa trajetórias transnacionais de povos originários. Recriações de territórios indígenas perdidos reúne filmes como Serras da desordemTava (Brasil), Zama (Argentina). Por fim, o quinto grupo apresenta Processos coloniais da diáspora africana, agrupando curtas de teor auto-representativo que fazem viagens rumo ao continente africano: é o caso de Noirblue e (Outros) fundamentos (Brasil).

Segundo a curadoria, é importante entender o cinema de viagem como devedor da tradição da literatura de viagem, europeia de origem e bastante consolidada, compartilhando com ela uma narrativa sem final definitivo, de estrutura episódica e temporalidade variável, às vezes cronológica e às vezes suspendendo a própria noção de tempo. “Tanto na literatura quanto no cinema, essa narrativa tem o potencial de ser uma ferramenta potente de crítica social”, afirmam Carla Italiano e Leonardo Amaral. E acrescentam: “Da forma que se concretiza nos cinemas sul-americanos pós 1960, esse gênero também evidencia certa crise do que ali é próprio à era moderna e aos ideais específicos de progresso, seja pelos avanços desse modelo de desenvolvimento, seja pelos inúmeros problemas que desencadeia, da pobreza e dos esquecidos na contabilização do todo enquanto estado-nação unificado”.

SERVIÇO

Local: Cinema do Centro Cultural Banco do Brasil Brasília

Endereço: SCES Trecho 02 Lote 22 – Edif. Presidente Tancredo Neves – Setor de Clubes Espacial Sul – Brasília – DF

Data: 18 de abril a 7 de maio de 2023

Cinema (70 lugares)

Entrada gratuita

Ingressos: Disponíveis na bilheteria física ou em bb.com.br/culturaHorários: ver programação

Site: www.anacoluto.art

LEIA MAIS:

Mostra “Oju – Roda Sesc de Cinemas Negras” destaca a produção cineastas negros

Compartilhe:
Avatar photo
Redação

O Guia Negro faz produção independente sobre viagens, cultura negra, afroturismo e black business

Artigos: 671

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *