20 maravilhas da América Central que você não sabia que existiam

Sete países pequenos servem como dobradura entre a vasta amplitude da América do Norte e a diversidade natural da América do Sul, mas não são uma simples ponte de passagem entre os dois continentes. Na verdade, cada um deles esconde verdadeiras maravilhas naturais e artísticas que falam de uma história em comum e de uma imensa biodiversidade.
Guatemala, Belize, Honduras, El Salvador, Nicarágua, Costa Rica e Panamá, países que formam a América Central, não costumam atrair tantos turistas como o vizinho Caribe, mas os poucos que cruzam o desconhecimento do turismo centro-americano costumam se encantar. Nos últimos anos, com mais conexões aéreas — como a oferecida saindo de várias cidades do Brasil pela Avianca –, cresce o número de brasileiros que se interessam pelos países nem tão próximos nem tão distantes.
Indicamos vinte maravilhas que podem ser encontradas nos países da América Central:

 

1- Guatemala

Um país mágico com um pouco de tudo: história, diversidade cultural e etnográfica, belezas naturais — de montanhas a praias belíssimas –, assim como lindas cidades coloniais. A cultura maia, assim como a inca no Peru, está presente em todas as partes.

Um dos destinos turísticos mais famosos da Guatemala é Antígua, antiga capital do país cujo pano de fundo são gigantes montanhas vulcânicas e encostas cobertas de plantações de café da época da ocupação espanhola. A cidade mantém uma arquitetura barroca rara e várias ruínas de igrejas católicas (que permaneceram mesmo depois de vários terremotos nos últimos séculos), que instigam diversas pesquisas entre historiadores pelo mundo.

Os restaurados templos de Tikal, a 526 quilômetros da capital, Cidade da Guatemala, que se erguem no meio da selva guatemalteca, assombram pelo monumental tamanho e pela arquitetura brilhante. Um dos pontos altos do local é a Gran Plaza de Tikal, um dos principais centros da América Central. Ativo durante 16 séculos, abrange um testemunho assombroso dos marcos culturais e artísticos alcançados pela civilização nativa.

Há ainda o mirante acima do Templo IV, no extremo oeste de Tikal. A selva ainda é rica em fauna e flora entre os caminhos erguidos pelos maias em centros cerimoniais. Caminhando com cautela é mais fácil ver macacos, aranhas e raposas.

Um terceiro lugar obrigatório para qualquer turista na Guatemala é o Lago Atitlán: de origem vulcânica, o local é rodeado de vulcões e povoados, como Santiago Atitlán, com uma próspera cultura indígena, ou San Marcos, refúgio para aqueles que desejam se conectar com crenças nativas. Ademais, a oferta de atividades ao ar livre — parapente em Santa Catalina, caiaque em Santa Cruz ou trilhas em torno do lago — convida a uma permanência mais longa.

Outro lugar que vale a pena conhecer na Guatemala é o mercado da cidade de Chichicastenango, a 142 quilômetros da Cidade da Guatemala. Mais do que um lugar para comprar, a feira que ocorre duas vezes por semana permite a venda de produtos indígenas. Antigo ponto de encontro entre os habitantes da região, ainda hoje é possível ouvir as pessoas falando o idioma quiché, de origem maia. Na igreja de Santo Tomás e na montanha de Pascual Abaj, situados no extremo meridional do país, os xamãs fundiram a iconografia cristã com rituais maias.

2 – Belize

Com um pé nas águas da América Central e outro no Caribe, Belize combina como nenhum país o melhor dos dois mundos. É um dos destinos mais caros da região, mas sua diversidade cultural e suas praias valem a pena.

Os pontos turísticos de Belize passam sempre pelo mar: as paredes verticais do monumento natural Gran Agujero Azul descem mais de 120 metros no fundo do oceano e, apesar de estar coberto até a metade por detritos e sedimentos naturais, é tão profundo que consegue criar uma perfeita circunferência azul escura em meio às águas claras — que pode ser vista de forma exuberante do alto.

No interior do buraco, há um denso bosque de estalactites e estalagmites, assim como grupos de tubarões de arrecifes — além de uma multidão de esponjas e invertebrados — que acompanham os mergulhadores.

Já o arrecife Glover é o cartão-postal de Belize por excelência: formado por meia dúzia de pequenas ilhas banhadas por águas azuis, sua localização também ajuda: o arrecife está dentro de uma cadeia montanhosa submersa nas bordas da plataforma continental, o que se tornou nos últimos anos um destino comum para a prática do caiaque, tanto nas ilhas como nas águas mais profundas da lagoa central. Enquanto se rema, é possível observar raias, tartarugas e outras várias espécies de peixes tropicais.

Um terceiro lugar que vale a pena conhecer é a Estrada do Rouxinol (Carretera del Ruiseñor), que oferece vistas incríveis dos montes maias em suas tortuosas curvas pelas aldeias, selvas e pomares. Em direção ao sudoeste, saindo da capital Belmopan, a rota avança durante 80 quilômetros até a cidade de Dangriga. Durante o percurso, há vários motivos para paradas longas, como a possibilidade de explorar as águas cristalinas do Gran Agujero Azul ou conhecer a caverna de St. Herman.

3 – El Salvador

surf resgatou a pequena nação centro-americana como destino turístico internacional. No entanto, para além das ondas, o país é um autêntico paraíso tropical com povoados coloniais, parques nacionais e lagos vulcânicos. El Salvador tem as melhores zonas da América Central para a prática do surf, como Punta Roca, na Costa del Balsamo, a 39 quilômetros da capital San Salvador, onde foram rodadas as cenas do filme Amargo Reencontro, do diretor John Milius de 1978. Outras praias procuradas pelos surfistas são a de El Sunzal e El Tunco.

Na serra Apaneca Ilamatepec, o bosque do Parque Nacional El Imposible — ou o que resta de um ecossistema ameaçado — acolhe uma variedade enorme de animais e plantas, como pumas, tigres, javalis, falcões e águias de crista negra. Seus caminhos íngremes podem ser difíceis de acessar, mas oferecem vistas majestosas das montanhas e do Oceano Pacífico.

4 – Honduras

O submarinismo é o carro-chefe dos produtos turísticos que Honduras oferece ao mundo, e é de fato o que mais leva turistas ao país. Os pontos centrais são as pequenas ilhas de Roatán, Utila e Guanaja, a cerca de 50 quilômetros da costa norte hondurenha e a 500 quilômetros da capital, Tegucigalpa. Os arrecifes da ilha fazem parte da segunda maior barreira de corais do planeta, atrás apenas da australiana.

No entanto, é possível conhecer mais profundamente a história pré-colombiana em Honduras: um dos principais núcleos maias viveu, cresceu e acabou por morrer misteriosamente em torno de Copán, declarado patrimônio mundial, localizada a uma caminhada curta da bela localidade de Copán Ruinas. É uma maravilha contemplar as complexas esculturas de pedra e as colossais construções cuja origem remonta ao antigo e misterioso império indígena.

5 – Nicarágua

A Nicarágua recebe seus turistas com paisagens vulcânicas, arquitetura colonial e bosques virgens. É um destino perfeito para turismo de aventura, que vai do Caribe transparente de um lado até o agitado Oceano Pacífico do outro.

Ao contrário da maioria dos países, a Nicarágua tem uma cidade colonial turística que atrai milhares de pessoas todo ano: Granada. Com ruas de pedra, casas coloridas, igrejas antigas e um ritmo intenso, todas as excursões são feitas a pé, ainda que qualquer parada em uma galeria de arte ou em um templo colonial possa ocupar, invariavelmente, metade de um dia. Nas cercanias, para completar, há uma série de ilhas, vulcões e povoados artesãos que devem ser visitados por qualquer turista.

Outra cidade turística da Nicarágua é León, localidade colonial que conta parte da história da Revolução Sandinista (1979). Hoje é pequeno, mas boêmio e “provocador”, já que é o ponto universitário por excelência do país. É possível passar um dia inteiro visitando catedrais, museus e o centro da cidade, com feiras e mercados, até chegar às praias de areias de cor de mel, vulcões e povoados da região oeste.

Porém, a joia nicaraguense para as agências de viagens é o Lago Nicarágua, que reúne tudo: vulcões, encostas repletas de trilhas, restos arqueológicos, tirolesas, macacos, aves, cachoeiras, ondas que chegam perto das pousadas e um ar oceânico que mantém os viajantes sossegados nas hospedagens ao redor. Grande parte do encanto da Isla de Ometepe, onde está localizado o lago, reside nos hotéis disponíveis ali, que vão de albergues, campings e cabanas hippies até resorts de luxo.

6 – Costa Rica

A Costa Rica é o grande destino ecológico da América Central, com grande infraestrutura, projetos de sustentabilidade, um considerável nível de segurança e a mundialmente famosa ausência de um exército formal. Mais de um terço do país têm proteção ambiental e o território sozinho reúne mais biodiversidade que os Estados Unidos e a Europa juntos, sem contar os vulcões, as cachoeiras, as cores e as praias desertas para surfar ou relaxar depois de um ano de trabalho.

O Bosque Nuboso de Monteverde é a primeira parada ecológica costarriquense: com uma superfície de 105 quilômetros quadrados, o local deve grande parte da sua beleza natural aos quakers, religiosos estadunidenses que abandonaram o seu país na década de 1950 em protesto à Guerra da Coreia, inculcando os princípios de conservação nos habitantes locais. Por mais fascinante que seja a história, a verdadeira magia de Monteverde é sua própria natureza, repleta de flores, animais e plantas.

O vulcão Arenal é outro destino turístico obrigatório da nação centro-americana. Ainda que os rios de lava já não iluminem a noite como antigamente, e que ele permaneça dormindo há décadas, o poderoso gigante segue merecendo uma peregrinação (existem várias trilhas ótimas para explorar a zona, principalmente a que sobe até a montanha Chato). E ainda que os cientistas digam que o Arenal segue ativo, ninguém diria isso a julgar pela vista apática e pela neblina que costuma se manter no seu topo. Quando faz muito frio na região, há fontes termais que garantem que o corpo permaneça quente.

Já o litoral ocidental da Costa Rica é perfeito para o surf, com várias cidades costeiras em que a agenda do dia quase sempre se reduz ao minucioso estudo das notícias sobre as ondas, a aplicação de filtro solar e ao quiosque em que vai se tomar uma cerveja gelada. Em Pavones, para os profissionais, se situa a segunda maior onda já registrada por surfistas no mundo.

7 – Panamá

O país é conhecido globalmente pelo canal que o atravessa, especialmente agora que foi ampliado. No entanto, o estreito istmo entre os oceanos Atlântico e Pacífico tem um pouco de tudo: uma capital sofisticada e dinâmica, um belo litoral, territórios indígenas, praias caribenhas e centros de compras.

A Ciudad de Panamá é um denso horizonte urbano que contrasta com quase todas as cidades da América Central. Com quase um milhão de habitantes, a transformação está em todas partes, começando por uma nova zona verde costeira, passando pelo museu de biodiversidade planejado pelo governo, até o metrô, que já está em construção. O tráfego de carros já é intenso, mas a autenticidade permanece. A população está sempre perto da natureza nem deixa de apreciar os belos pores do sol que costumam até reunir turistas em alguns pontos da cidade.

O Canal do Panamá, que dá fama ao país, também é um destino turístico. Um dos melhores atalhos do mundo, ele atravessa a linha divisória continental unindo os dois oceanos americanos — uma obra de engenharia magistral. Tão deslumbrantes como os gigantes cargueiros que atravessam o canal são as legiões de criaturas que observam o ir e vir dos navios da selva que margeia a construção. A empresa que administra a operação oferece plataformas de observação e museus em que se conta o processo de construção e ampliação.

Por fim, há o arquipélago de Bocas del Toro, um rosário das ilhas caribenhas que possuem o principal resort de férias no país. Os turistas costumam andar pela região de bicicleta, comer pratos típicos oferecidos nos bares e restaurantes e mergulhar entre os belos corais e as grandes estrelas-do-mar.

‎*É jornalista e estudante de Ciências Sociais; considera-se atrás do seu tempo. Nessa abstração, poderia morrer com Bartolomé de Las Casas, sentar-se com Bolívar, atravessar o Rio da Prata com Artigas e ter lutado com Fidel, Che e Camilo na Sierra Maestra. Tudo umedecido por Galeano, Neruda e Gabo. Sempre Gabo. A matéria foi publicada originalmente em 17/11/2018 na Calle2.

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Redação

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