Depois de provocação do Guia Negro, a Praça Visconde de Cairu, localizada no bairro do Comércio, ao lado Mercado Modelo, em Salvador, mudou de nome e passa a se chamar Maria Felipa Oliveira, em homenagem à heroína negra na Independência do Brasil na Bahia. O projeto de lei foi protocolado em 9 de agosto pelo vereador Luiz Carlos Suíca (PT), aprovado pela Câmara dos Vereadores e sancionado hoje (13/03) pelo prefeito de Salvador, Bruno Reis.
A mudança consta no Diário Oficial do Município (DOM), após a sanção da lei nº 9.787/2024. A intenção é diminuir o número de logradouros com nome de pessoas que apoiaram direta ou indiretamente a escravidão no Brasil. “É bom evidenciar que manifestações retóricas e discursivas de José da Silva Lisboa, o Visconde de Cairu, são contraditórias. Aderiu à monarquia após a Revolução do Porto, colocando-se a serviço no Parlamento. Ele imputava ao sistema colonial o enfraquecimento da indústria e a manutenção da escravidão, que comprometiam a civilização e o progresso”, sintetiza Suíca.
Na justificativa do projeto, a defesa do porquê da moradora da Vila de Itaparica, Maria Felipa de Oliveira, ser homenageada. “Vamos trocar o nome de um escravocrata pelo de uma escrava liberta, descendente de sudaneses, marisqueira, capoeirista acostumada a andar de chinelos, saia rodada, bata, torso e turbante, vestimentas estampadas com adinkras, símbolos que representam aforismos africanos, e imagens como a sankofa – a ave africana que olha para trás para aprender com o passado antes de enfrentar o futuro. Maria Felipa ganhou monumento ao lado do Mercado Modelo, em Salvador, no qual olha para Itaparica, onde viveu e vigiou os portugueses, mas ela merece ainda mais”, declara Suíca, que também é historiador.
O Guia Negro foi o primeiro a sugerir a mudança ao confrontar o prefeito de Salvador, Bruno Reis (União Brasil) na coletiva de imprensa de inauguração da estátua. Afinal, o monumento feito por Nadia Taquari está em lugar de destaque, mas a praça ainda chamava Visconde de Cairu, um colonizador.
Então perguntamos ao prefeito de Salvador, Bruno Reis: “A prefeitura vai mudar também o nome da praça, do colonizador, para Maria Felipa?”. E ele respondeu: “Se a Câmara aprovar, eu sanciono”. Durante o Afropunk Bahia, fizemos campanha junto com o ativista Rafael Manga, que confeccionou uma bandeira com o nome da nova praça. Diversos artistas tiraram foto e pediram a mudança da praça.
Maria Felipa contribuiu para a independência da Bahia e do Brasil em 2 de julho de 1823 ao lado de Joana Angélica e Maria Quitéria, numa revolta liderada pelo povo e para o povo.
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