Mulheres negras brasileiras fazem viagem de afroturismo pela Colômbia

A influenciadora de viagem e idealizadora do coletivo de mulheres negras viajantes Bitonga Travel, Rebecca Aletheia que conhece mais de 30 países e 23 estados brasileiros, realizou um convite para uma viagem coletiva em um destino internacional surpresa e em menos de 70 dias Rebecca com mais 5 mulheres pretas (Bruna Balbino, Giselle Santos, Luciene Silva, Mayara Oliveira e Valéria Lourenço) embarcavam para a Colômbia.

A viagem teve como objetivo imersão na cultura afro-colombiana assim como vivência prática dos princípios da Kwanzaa, uma vez que a viagem aconteceu do dia 25 de dezembro 2021 ao dia 2 de janeiro 2022.

A primeira parada do roteiro foi na cidade de Cali, denominada a capital da Salsa, onde caíram na dança no ritmo da Salsa e do Currulão, ambas as danças de origem do Pacífico colombiano. A cidade de Cali tem grande concentração de cultura do Pacífico Colombiano e da maior concentração de população negra do país.

Além de participarem da Feria de Cali, que é um grande evento de Salsa do país. As mesmas celebraram o Natal na casa da Senhora Aleja, uma família negra oriunda da cidade de Guapi – Pacífico colombiano, onde puderam dançar a noite toda e intercambiar cultura amefricana.

Se permitiram ir além das vivências na comunidade e das festividades o grupo teve a oportunidade de trocar conhecimentos e vivências com empreendedores afrocolombianos, desde sabores, moda, música e muita cultura de um povo que tem muitas similaridades com Brasil e África, como muito bem pontuado por Lélia Gonzales – Améfrica. Qualquer semelhança não era mera coincidência.

A viagem deu continuidade para São Basílio de Palenque, localizada a 50km de Cartagena de Indias, declarado Patrimônio intangível da humanidade. São Basílio de Palenque é historicamente importante pois, seus habitantes são descendentes do que se é considerado o primeiro povo negro livre da América. Um local onde guarda as raízes africanas desde a manutenção da língua de tronco Bantu, cultura, sincretismos, comidas, musicalidade, histórias… A imersão no local além de trazer à reflexão e a vivência de como é viver em Quilombo conhecido como Cimarrones trouxe vários gatilhos e reflexões da história preta na América Latina.

“Estou realizada, cada canto que passamos me faz lembrar do dia a dia, das atividades do terreiro.” – Giselle Santos

Estar em San Basilio de Palenque não apenas de passagem, mas como passar 2 noites e 3 dias na região proporcionou apoiar empreendedores locais assim como poder realizar a troca de cultura. As viajantes não pouparam esforços quando foram convidadas à participarem de ritual de cura no centro de medicinal tradicional, assim como receber uma reza da Sra. Rosalina rezadeira mais antiga de Palenque assim como um banho de ervas em uma sexta-feira horas antes de entrar o novo ano.

Visitar e imergir na cidade de Cartagena de Indias, que também é um grande reduto de história Afrocentrada da América, na construção da cidade, que também foi rota de chegada de pessoas negras africanas escravizadas de Congo, Angola, Zimbabwe, Nigéria e Gana. É possível encontrar as similaridades com os povos negros de Guantanamo em Cuba até chegar a Cartagena de Indias.

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Auto-estima da mulher negra

Nem só de história vive as viajantes, as mesmas também imergiram pelo mar do Caribe, a auto-estima da mulher negra foi um ponto também trabalhado nessa viagem, além do primeiro ensaio fotográfico com roupas de tecido africano em Cali confeccionadas pelo Estilista Esteban African. Não faltou ousadia e rompimento de estigmas e medos em um ensaio fotográfico, onde tiveram seus corpos pintados, trazendo elementos (terra, água, fogo, vento) em seus corpos através da pintura feita pelo artista plástico Angel Lion.

“Essa viagem para mim tem sido uma desconstrução e me trazendo abertura para novas possibilidades, eu nunca pensei em viajar sem conhecer o destino e sem ter que me preocupar com nada. Nunca imaginei deixar alguém pintar o meu corpo e me permitir ser fotografada, realmente estou saindo da minha zona de conforto.” Bruna Balbino

Entre chegadas e partidas é tempo de partir, metade do grupo retorna ao Brasil e outra continuou viagem retornando a partir da Amazonia Colombiana, passando pela tríade fronteira – Colômbia, Peru e Brasil, descendo de barco da cidade de Tabatinga até Manaus. A vida de viajante tem dessas, cada destino sempre há possibilidades de novas aventuras.

“Possibilitar que mais mulheres negras possam viajar é poder como mostrar caminhos de que sim, é possível viajar, que nós podemos e devemos ter direito ao lazer assim como o resgate da nossa história Amefricana. Gosto de refletir na mensagem recebida de um seguidor: “ Que imersão incrível! Minhas definições de viagem estão sendo reconstruídas, viajar só para conhecer lugares e não conhecer a cultura e imergir se mostrou superficial depois que passei a te seguir!” Acredito que seja isso. Sou grata por poder ser ponte para essas e muitas outras mulheres pretas em realizara sua primeira viagem ao exterior e em seus países (falo países por ter muitas seguidoras de Moçambique), de mulheres na sua maioria oriundas da periferia, que lutam diariamente para conseguir seu espaço de respeito na sociedade. Me sinto honrada em poder ter sido escolhida por elas por acreditarem em meu trabalho que vai além das mídias.” – Rebecca Aletheia

Com a sua # e lema de vida a pergunta que não quer calar sobre próximos destinos coletivos: Rebe vamos pra onde? Mediante a tudo isso, os próximos destinos serão: um nacional e ainda surpresa e um internacional, provavelmente Colômbia, novamente. A viajante garante que ambos estão sendo preparados com muito amor. Aguardamos as cenas dos próximos capítulos, ou melhor, viagens.

Vídeos da Viagem:

Celebrando o Natal na Casa da Dona Aleja – Cali Colômbia

https://youtu.be/THeJKUI9Eic

Viajando por Cali – Colômbia com Rebecca Aletheia 

https://youtu.be/zk6v7pNwvwE

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Bitonga Travel pretende democratizar viagens entre mulheres negras

 

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Redação

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