A quem é concedido o direito a conhecer o mundo?

Por Giselle Cristina 

Viajante inveterada, a preta é muito bem humorada, bem disposta e acima de tudo generosa. Não demorou muito e as peripécias de viagem dela viraram meu melhor entretenimento no final do dia, não tinha novela das 9h que batia.

Não era só ver por onde ela passou, era sentir o que ela sentia, era saborear cada comida de rua, gargalhar com as dancinhas nos monumentos e até se aperrear com os perrengues que ela passava e ainda compartilhava com a gente, afinal, a vida da mulher negra viajante, NÃO É FÁCIL (risos).

Rodar com ela por esse mundo sempre curiosa pra saber o próximo destino foi a minha grande diversão em 2021, mas ainda assim a mente e o coração já estavam conformados que só assistir já estava bom.

Vem comigo, no caminho eu explico

No meio do segundo semestre de 2021 Rebecca Aletheia “lançou a braba”, quem quer viajar comigo põe o dedo aqui que já vai fechar o abacaxi. Mas Rebe, vamos pra onde? E essa era a grande sacada, literalmente, Rebecca Aletheia estava propondo um VEM COMIGO, NO CAMINHO EU EXPLICO. E qual foi a minha surpresa quando disse sim sem nem pensar, sem fazer contas, sem escolher destino, sem controlar a minha própria vida.

Quando me dei conta estava fazendo várias coisas pela primeira vez, trabalhando insanamente em um emprego na minha área, me programando pra viajar “sozinha” me arriscando a conhecer pessoas absolutamente novas e ainda não controlando nada (sou leonina com ascendente em touro, controlo tudo o tempo todo).

Estava apreensiva, mas em nenhum momento senti medo. Eu fui acolhida e muito bem amparada, principalmente, depois do choque de saber que a viagem era internacional e eu não tinha nem passaporte. Fui conduzida e até ciceroneada pelas burocracias que cercam um evento desses e acima de tudo fui inspirada por todas as mulheres que toparam essa jornada gloriosa e cheia de perrengues.

6 mulheres negras viajando juntas

Viagem Afroturismo na Colômbia por mulheres negras
Viagem Afroturismo na Colômbia por mulheres negras

Nós éramos seis mulheres, e eu era a única virgem de trip, mas as trocas entre a gente foram tão genuínas e intensas que parecia que aquilo era comum pra mim também.

Cada uma de nós era muito boa em alguma coisa e isso facilitou a nossa longa estadia de 20 dias perambulando para lá e para cá. Tinha dia que uma estava rica e outra estava pobre (problemas de câmbio) mas nenhuma de nós passou vontade de nada, as finanças eram do grupo e todas nós nos responsabilizamos por todas as contas conjuntas. E, tudo isso, ainda com uma liberdade nunca experimentada antes.

Por mais que fosse uma viagem em grupo, não foi uma viagem engessada, cada uma fez o seu roteiro e assim teve gente que chegou antes, que chegou no meio ou que ficou mais em determinada cidade e menos em outra. Mas mesmo assim nós estávamos juntas tomando conta uma da outra.

Voltando ao Brasil da Colômbia por terra

Acompanhar o ritmo da blogueira de viagem não é fácil e voltamos da Colômbia por terra, passando dois dias dentro de um barco até Manaus, uma das experiências mais incríveis da minha vida.

Resumindo conhecemos seis cidades na Colômbia e duas no norte do Brasil, Rebecca ainda emendou Rondônia e Acre, mas a estreante aqui já estava sem forças e só pensava na própria cama.

De toda essa experiência eu só tenho duas certezas, mulheres pretas podem fazer qualquer coisa nesse mundo todo e que eu vou usar esse mundo todo pra fazer todas as coisas.

Escute e nos conte de quem é o direito de conhecer o mundo:

Escute o Podcast com Giselle Christina – contando a sua viagem em San Basilio de Palenque – ColômbiaLEia também: Rio Amazonas: Tabatinga a Manaus percorrendo o maior rio do mundo texto de Luciene Silva

LEIA MAIS AQUI.

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Rebecca Aletheia

Uma mulher negra, cidadã do mundo, rompendo fronteiras internas e externas, ocupando todos os lugares do mundo assim como fazendo deles a sua casa. Amante de histórias reais e das coisas simples da vida tem a facilidade em apimentar com muitas aventuras, assim como conectar vidas, pessoas e espaços, tem como lema de vida a Sankofa “voltar ao passado para resignificar o presente e construir o futuro”

Artigos: 13

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