Afroturismo é dengo

Ah, como nosso turista preto brasileiro precisa de DENGO !! Almejamos a tranquilidade de pensar em nossas viagens apenas com felicidade, sem medo, receios, privações que o racismo estrutural nos impõe todos os dias. É uma das liberdades que desejamos conquistar em breve. Turismo sem racismo. Sei que os tempos estão difíceis, mas aquilombados e focados, conseguiremos transformar a realidade atual.

DENGO tem origem africana banto da língua Quicongo e significa amor, carinho, aconchego, afeto. E, nós, negros brasileiros precisamos muito de tudo isso. Ser preto no Brasil nos coloca em uma situação de estarmos atentos na maior parte do tempo, todos os dias. Estar assim nos faz ter menos espaço para carinho, afeto, não porque não precisamos, mas, porque não recebemos, principalmente, em espaços que nossa presença ainda gera estranhamento, olhares desconfiados ou até mesmo aversão.

AFROTURISMO gera este necessário e importante dengo. A hospitalidade afrocentrada transforma as empresas e, principalmente, seu atendimento. Lembrando que hospitalidade é o ato de “bem receber “, portanto, pode ser aplicada a todas empresas do setor do turismo. E ser hospitaleiro é essencial para uma ótima experiência turística. Investir no afroturismo é gerar conforto e tranquilidade para turistas negros.

PERTENCIMENTO gerado pelo afroturismo é alivio. Ver pessoas negras como nós trabalhando, majoritariamente, no atendimento traz o conforto de não precisar explicar por estar em uma primeira classe de um voo, em um suíte premium de um hotel e em uma mesa reservada de um restaurante badalado. Evita situações racistas que passamos simplesmente por sermos negros. Além de incluir profissionais negros em cargos importantes e, acima de tudo, estratégicos nas empresas do setor.

AQUILOMBAMENTO lindo ao ver grupos de turistas negros praticando afroturismo é indescritível. Na retomada das viagens pós pandemia, tive a felicidade de ver pessoas encantadas em descobrir a gastronomia, passeios, destinos de forma afrocentada. Sorrisos, alegrias, conexões transformadoras, que tornam estas experiências inesquecíveis. Isto porque o nosso mercado ainda tem poucas estruturas preparadas para receber turistas negros mediante o potencial do mesmo. Mas apesar de todos os obstáculos, continuaremos a fortalecer o afroturismo para proporcionar para os nossos estas possibilidades de afroturistar.

OXALÁ tenhamos muito AXÉ para gerar este DENGO que tanto merecemos. Muito AXÉ para todos nós !!!

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Hubber Clemente

Negro, paulistano, que ama sua cidade, principalmente o centro, local de importância histórica e ancestral para o povo negro, onde também fica sua escola de samba do coração, a Vai Vai. Hoteleiro por vocação e paixão, com mais de 22 anos de carreira no setor. Ativista, militante, divulgador do AFROTURISMO como caminho de inclusão racial, diversidade, resgaste histórico e conexão ancestral por meio do turismo, visando uma sociedade melhor e a mais justa. Fundador da iniciativa Negros e Pretos Afro Turismo Afro Hotelaria, Co fundador Papo de Hoteleiro ,integrante da comunidade de inovação Inovadores Inquietos, Coletivo pelo Afroturismo, do Comitê da Diversidade no Turismo e apoiador de parcerias do Coletivo Quilombo Aéreo

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