Black Travel no Afropunk: como foi participar do maior festival de cultura negra do mundo

Guilherme Soares Dias

Participar do Afropunk, maior festival de cultura negra do mundo, foi uma experiência emocionante. A conversa sobre black travel contou com Cintia Ramos, sócio da Diaspora.Black, Sauanne Bispo, da Go Diaspora e comigo. As perguntas foram mediadas pela jornalista e fundadadora da Desabafo Social, Monique Evelle.

Falei da importância de Salvador, como lugar de preservação das heranças trazidas África, do quanto a cidade soube preservar isso e que, apesar de ter população majoritariamente negra, ainda tem o turismo na mão dos brancos. Com isso, é fácil ir para a cidade, que chamo de meca negra (lugar que todos os pretos deveriam visitar uma vez na vida), sem conhecer de fato a história negra. Há pessoas negras que já fazem esse trabalho do afroturismo há anos. Citei Nilzete Santos, Alberico Teixeira e Creuza Carqueja e incluo Sayuri Koshima.

Em Salvador, A Black Bird Viagem tem hoje passeios pelo Pelourinho, a Caminhada Salvador Negra e o Suburbana Tour, pelo Subúrbio Ferroviário, mas tem projetos para ter experiências por bairros como Itapuã, Pirajá, Curuzu, Solar do Unhão, Nordeste de Amaralina, entre outros.

Lembrei de outros lugares de cultura negra importante, como o Cais do Valongo, no Rio, e a Pedra do Sal, o Museu Afro e o bairro da Liberdade, em São Paulo, a história do Chico Rei, em Ouro Preto, o Museu da Abolição, no Recife, a Linha Preta em Curitiba, e tantos outros. Toda cidade brasileira tem uma história negra que tentaram apagar e que o turismo tradicional não trabalha como deveria. É para esses lugares que o afroturismo leva, para conectar pessoas negras e valorizar sua cultura.

Lembrei de lugares como o bairro Chateu Rouge, em Paris, que tem concentração de pessoas vindas do continente africano. A África do Sul que tão bem trabalha o turismo, o Egito… Falei da importância das pessoas brancas valorizarem esse turismo e que o afroturismo é uma chave que não tem volta. Assim como aconteceu na indústria da estética que teve que se adaptar às pessoas deixando de alisar o cabelo e valorizando os cabelos naturais, o turismo está passando por essa transformação. E são as pessoas negras que devem estar à frente desses projetos. Então, brancos, valorizem o trabalho que já fazemos!

Por fim, Cintia Ramos disse que a Liberdade, em São Paulo, é um dos lugares que a faz sentir mais preta. Fiquei tão feliz com essa resposta. Esse é um dos lugares que Caminhada São Paulo Negra passa e conta mais sobre. Só mostra o quanto a gente vai se empoderando e fortalecendo a partir das viagens. Viva o afroturismo. Afropunk, we see you! Obrigado por essa oportunidade!

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Redação

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