Embratur faz encontro histórico com setor do afroturismo

Representantes de 15 organizações que promovem o afroturismo no Brasil se reuniram com o presidente da Embratur, Marcelo Freixo, na última segunda-feira (3), em São Paulo, durante a WTM América Latina, uma das maiores e mais importantes feiras de turismo do continente.

No encontro, Freixo explicou que o órgão que preside tem como missão vender o Brasil como destino turístico internacionalmente e que hoje sofre com uma mudança de status (deixou de ser autarquia para se tornar empresa), o que faz com que o órgão não tenha receita garantida no momento. Mesmo assim, o presidente da Embratur assumiu o compromisso de firmar parceria com as organizações para promover internacionalmente o afroturismo brasileiro.

Um dos mercados de maior potencial é o dos Estados Unidos. “Nós criamos uma coordenação que vai tratar o afroturismo como prioridade. A partir de agora vamos estabelecer ações integradas com quem atua no segmento para tornarmos nossos destinos mais competitivos”, declarou o presidente, sem revelar, ainda, quem será a profissional que ocupará o posto. “A nossa agenda de afroturismo será de vocês e com vocês”, garantiu aos presentes.

Freixo destacou a importância do turismo, que representa 8% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. “A cada R$ 1 investido, R$ 20 volta para a economia. Turismo é uma solução e investimento e serve para as pessoas viverem em lugar melhor”, declarou, lembrando que a “alegria é um produto” do setor e que o turismo, em especial, o afroturismo tem muito para comercializá-la.

O presidente da Embratur disse ainda que as rotas aéreas com o continente africano serão reabertas, e que o governo brasileiro está negociando a retomada de voos para a África do Sul e Angola. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve fazer sua primeira viagem ao continente em junho, quando vai visitar o Congo, num encontro sobre florestas tropicais.

Entre os empresários que participaram da reunião com Freixo, o fundador do Guia Negro, Guilherme Soares Dias, lembrou da necessidade sinalização dos locais turísticos ligados à história negra; a divulgação dos destinos e anúncios dos órgãos federais nos veículos de mídia negra; o incentivo a patrimônios imateriais da cultura negra, como frevo, capoeira, acarajé, entre outros; a construção de monumentos que representam a cultura negra na sua grandiosidade, como o da Renascença Africana, no Senegal; e, por fim, a criação do Dia do Afroturismo que ajudaria a dar visibilidade para o setor.

Já Carlos Humberto Silva, fundador e CEO da empresa Diáspora Black, um agregador de serviços de turismo com foco neste segmento, foi quem organizou o encontro. “Que este seja um momento de virada para que o afroturismo seja tratado como um motor do desenvolvimento do turismo no Brasil”, afirmou. O empresário explicou que, apesar da falta de apoio de políticas públicas, dezenas de organizações que promovem o afroturismo se desenvolveram em todo o país nos últimos anos. “Nós conseguimos avançar muito com pouco apoio, isso mostra como o fomento pode alavancar essas iniciativas que se baseiam nas histórias e memórias da diáspora negra do Brasil”, disse Carlos Humberto Silva.

Nilzete dos Santos, fundadora da Afrotours Bahia, e Solange Barbosa, da Rota da Liberdade, duas precursoras do movimento, também lembraram que o setor quer ser chamado e convidado para eventos, construção de políticas públicas e incentivos governamentais. Estiveram presentes também representantes da Brafrika Viagem, Afrotrip, Conectando Territórios, Rio Encantos, Florencios Tour, Etnias Turismo e Cultura, Secretaria de Turismo de São Luís, Ecoprime, Sampa Negra, entre outros.

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Redação

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2 comentários

  1. Num momento em que o afroturismo ganha força, reconhecimento e visibilidade nacional e internacional, me sinto honrada por estar presente entre os principais players representantes desse seguimento no Brasil, se reunindo com o presidente da Embratur na WTM America Latina foi um momento históricos e um dos mais significativos da minha carreira: Mulher preta, 30 anos de guia de turismo do receptivo internacional do Rio de Janeiro e agente de viagem.

    Na Florencios Tour estamos comemorando (2023), um aumento de 325% nas vendas de nossos passeios afrocentrados na plataforma internacional Viator/TripAdviser, onde embora a maioria de nossos clientes sejam afro-americanos e africanos com cidadania americana ou britanica, também recebemos americamos e europeus brancos. Existe uma demanda que captamos através de muito esforço e que até agora, não havia nenhum apoio por parte das instituições responsáveis por apresentar e vender o destino Brasil no exterior, como a Embratur e os Convention e Visitors Bureau.

    A maioria do viajantes estrangeiros se surpreendem com roteiro e narrativas afrocentrada na cidade do Rio de Janeiro.

    Espero que o afroturismo tenha, definitivamente, deixado a invisibilidade para trás, e entrado de vez para as pautas e agendas institucionais Brasil a fora.

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