Manuscritos de Luiz Gama são reconhecidos como patrimônio da humanidade pela Unesco

Documentos históricos de Luiz Gama, um dos maiores abolicionistas do Brasil, foram reconhecidos como “Patrimônio da Humanidade” pela Unesco-América Latina.
Gama foi poeta, jornalista e advogado do século 19. Em junho de 2021, a Universidade de São Paulo (USP) concedeu para ele título de Doutor Honoris Causa, sendo o primeiro título dado a um brasileiro negro desde sua criação.

Desde 1992, a Unesco promove a seleção de documentos importantes para a preservação da memória global. Em dezembro a organização divulgou uma nova lista e incluiu um conjunto de manuscritos assinados por Luiz Gama.

Este trabalho trata da possibilidade de evidenciar a participação do abolicionista Luiz Gama em um importante período histórico brasileiro, por meio de documentação única e, até certo ponto, inexplorada. Os processos judiciais dos quais Luiz Gama participou representam uma oportunidade de resgatar conhecimento jurídico e casos marcantes sobre o processo de escravidão e abolição no Estado de São Paulo, especialmente na Grande São Paulo, no Litoral Paulista e em cidades do interior como Campinas e Piracicaba.

Ações marcantes como a Questão Neto, que foi a maior ação coletiva de libertação de escravizados das Américas, libertando 217 escravos em terras brasileiras na década de 1870, foram defendidas por Luiz Gama.

A documentação pode ser organizada em dois momentos: o primeiro reflete aspectos da interação social e da prática da escravidão como modelo econômico e social. O segundo momento representa uma transição nessa dinâmica em razão do movimento abolicionista promovido no país.

Os manuscritos destacam a existência de quilombos na cidade de São Paulo e o papel da população negra escravizada e livre na criação e manutenção da cidade. Além das cartas de emancipação, outros documentos escritos por Luiz Gama fazem parte do acervo de processos judiciais em que ele atuou pela defesa de escravizados. Os artigos de jornal de autoria dele também receberam o título de memória mundial.

Uma parte grande desses documentos já está digitalizada e pode ser acessada no site do Arquivo Público do Estado de São Paulo. 

Fonte: Unesco

Foto: Reprodução

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Redação

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