Por Joice Dos Santos*
O racismo como pilar da construção desta sociedade age em todos campos possíveis e no turismo não seria diferente. A mídia como sendo um agente do fortalecimento desta estrutura, age como instrumento de dominação e exclusão. Já abriram uma revista de turismo? Qual a cor deste turista? Quantos negros vocês encontram nesta revista? E quantos representam o turista?
A simbologia imagética do negro no turismo é visto da seguinte forma: invisibilidade enquanto turista e/ou papel do servidor do turismo, sendo em sua maioria estereotipados, exóticos, aquele tipo “pobre, porém feliz”. Para a comunicação do turismo, o negro é um objeto a ser consumido nunca como consumidor, pois baseando-se nas teorias eugenistas (conceito de raças superiores), os destinos, ou seja, a mercadoria deve ser “limpa”, portanto o consumidor deve ser branco. Além disso, a invisibilidade dos negros serve como preterimento ao acesso, formas simbólicas de representação no mundo. Se você não se ver, então aquele destino/serviço não te pertence.
Quantos de nós deixamos de entrar em determinados lugares por achar que não podemos pagar? O espaço é construído para nos manter longe. Aquele apartheid que muitos acham que não existe no brasil. O ‘outro’ é qualquer coisa que é produzida em contraposição a um ‘nós’ (BAUMAN; MAY 2010) podemos dizer que o turismo é ancorado em encontro, aquele que se desloca e o outro que te recebe neste deslocamento, porém quando o outro é um corpo negro esse encontro não acontece, dá-se um pseudo-encontro, espetáculo; dá-se apenas consumo.
É válido reforçar que se ver como nicho de mercado, não nos torna reconhecidos como cidadão por esta mídia, pode ser positivo para o fortalecimento e promoção aos nossos iguais, porem continuaremos sendo apenas consumidor aos olhos deles.
Como mudar isso? Não tenho uma solução, mas uma forma de promover o turismo igualitário é consumir dos nossos #blackmoney nos destinos, ir para destinos que busque narrativas afrocentradas e agência que tenha como público alvo pessoas negras, buscar o turismo de vivência, sem exotificar e resumir a população em meros servidores e, sim, como agente de uma história.
*Hoteleira
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Obrigado pelo texto! Muito bem escrito! As reflexões postas foram e são necessárias!
Parabéns, Joice! Excelente reflexão.
Seu artigo nos atina a ter outra percepção/cuidado na hora da escolha de um pacote de viagem e que de fato somos invisíveis como consumidores do turismo e infelizmente aparecemos nesse cenário, muito mais como Servidor.
Essa atenção nos permite contribuir nesse processo de mudança e valorização.
Gratidão.
Parabéns Joice dos Santos! Que texto maravilhoso e super necessário. Precisamos questionar mesmo a forma como o Turismo vem acontecendo. Lembro que uma vez, ao pousar em Salvador-Bahia, percebi que havia um grupo de turistas franceses negres desembarcando junto comigo e, realmente, fiquei surpresa por ficar surpresa. Essa reação foi justamente consequência desse Turismo que não inclui turistas negros. Muito sucesso e espero poder ler mais sobre os seus posicionamentos!
Maravilhoso esse texto essa reflexão acredito q ajudara a quem ler essa reflexão e q se sente ou já sofreu algum tipo de discriminação a ñ se sentir diminuído porque o problema ñ é vc por ser negra negro mas de uma pessoa branca rassista q tem uma consciência podre suja infelizmente.