Prefeitura de SP declara terreno de utilidade pública e prevê implantação do Memorial dos Aflitos

Guilherme Soares Dias

A prefeitura de São Paulo publicou hoje (9) no Diário Oficial do Município o decreto Nº 59.750, que declara de utilidade pública, para desapropriação, os imóveis particulares situados no Distrito da Sé, necessários à implantação do Memorial dos Aflitos. O documento é assinado pelo prefeito Bruno Covas (PSDB).

A área tem 451,14 metros quadrados. A estimativa é que a prefeitura tenha que desembolsar cerca de R$ 2 milhões para desapropriação dos terrenos. O edital para concorrência de empresas construírem o memorial deve sair ainda em setembro, segundo informações da TV Globo. A obra está prevista para ser entregue em dezembro de 2021.

O espaço pretende preservar a memória dos negros que viveram no bairro no período da escravização. Em 2018, foram descobertas ossadas de nove pessoas que faziam parte do Cemitério dos Aflitos. Os esqueletos foram encontrados no terreno ao lado da Capela dos Alfitos, que pertence a um comerciante chinês e pretendia construir um centro comercial. É nesse local que fica na Rua Galvão Bueno, 48, nos fundos da capela, que deve ser construído o Memorial dos Aflitos.

História

O bairro da Liberdade, na cidade de São Paulo, foi o primeiro habitado por pessoas negras nos séculos 18 e 19, quando alguns escravizados começavam a conseguir a alforria e se estabelecer no local que ficava às margens daquela vila que é hoje a metrópole paulistana. Por lá, também ficavam o Pelourinho e o Largo da Forca, onde eram torturados e executados, respectivamente, os escravizados que cometiam atos considerados criminosos por seus senhores. Os negros mortos na forca ou em outros espaços eram destinados ao Cemitério dos Aflitos, que funcionou de 1775 a 1858 na região. Naquele momento, as pessoas brancas eram enterradas em igrejas.

Todos esses marcos foram apagados. Com exceção da Capela dos Aflitos, localizada na Rua dos Aflitos, 70, construída em 1779. Ela foi rodeada de edificações e resiste em um bairro conhecido pela cultura japonesa, que instalou um totem de arquitetura oriental quase em cima de sua construção. O cemitério dos Aflitos foi desativado em 1858 com a construção do Cemitério da Consolação. Os japoneses só chegaram à Liberdade no século 20.

Foto: Felipe Benicio

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Redação

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