Rotas Negras lança estudo sobre afroturismo, mas ignora roteiros consolidados

O programa Rotas Negras publicou estudos sobre Afroturismo no Brasil com objetivo de ampliar e incentivar reflexões e qualificar as discussões sobre os temas ligados ao afroturismo, mas deixou diversas iniciativas em diferentes estados de fora. O material, elaborado no âmbito do Programa Rotas Negras, coordenado pelo Ministério da Igualdade Racial (MIR) e Ministério do Turismo, apresenta dados e diretrizes sobre a estruturação do afroturismo.

Acesse o estudo aqui

O material, no entanto, traz equívocos graves, como dizer que cidades como São Paulo e Belo Horizonte ou estados como Maranhão, Alagoas e Mato Grosso do Sul não tiveram ações encontradas. Em São Paulo, a Secretaria de Turismo do Estado, lançou guia com 10 roteiros afrocentrados em 2024 e ganhou segunda edição neste ano.

Já Belo Horizonte tem rotas consolidadas que fazem parte de presstrips e famtrips governamentais. Enquanto Maranhão, tem roteiros consolidados em São Luís, como o Quilombo da Liberdade e o centro histórico, pautas primordiais da Secretaria Municipal de Turismo da capital maranhense. O Mato Grosso do Sul, por sua vez, lançou um guia de afroturismo em abril deste ano, em parceria com o Guia Negro. Alagoas tem focado cada vez mais em divulgar o Quilombo de Palmares.

As ausências desses e de outros vários roteiros Brasil adentro mostram uma falta de vontade política e afinco nas pesquisas, que possam mostrar a força e interiorização de fato do turismo com foco em cultura e história negra, o que mostra que temos avançado nas pesquisas, mas que elas ainda continuam sendo insuficientes ou mesmo indiferentes ao crescimento acelerado do segmento.

Quem fez


O livro foi elaborado por pesquisadores do grupo de ensino, pesquisa e extensão diversifica: Inclusão e Diversidade e apresenta estudos exploratórios sobre potenciais culturais e patrimoniais negros do país, com destaque para territórios, experiências e práticas que entrelaçam identidade, ancestralidade, economia solidária e sustentabilidade.

O material traz um mapa interativo online das rotas negras de afroturismo no Brasil, oportunidades e desafios do segmento, um levantamento etnográfico de rotas negras de turismo afrocentrado no Brasil e produções acadêmicas sobre rotas negras e afroturismo em território nacional.

AFROTURISMO 

O segmento tem ganhado força e evidência na agenda do Governo do Brasil. Por meio do Rotas Negras, o Ministério do Turismo desenvolve iniciativas para promover o afroturismo e o turismo de base comunitária. O órgão também divulgou um material bastante incompleto sobre roteiros afrocentrados, com apenas 44 rotas no país. Um rápido levantamento do Guia Negro apontou outros 56 roteiros que tinham ficado de fora.

De acordo com o órgão, o programa apoia a criação de roteiros turísticos baseados na ancestralidade africana, em comunidades quilombolas, terreiros, manifestações culturais e experiências que fortalecem a memória e a identidade afro-brasileira. A maneira como o apoio é feito ou a grana investida não foram informados.

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Redação

O Guia Negro faz produção independente sobre viagens, cultura negra, afroturismo e black business

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