Salvador e África do Sul vencem como melhores destinos, confira resultado do 1° prêmio do afroturismo

O crescimento do afroturismo nos últimos anos consolidou o setor, seus profissionais, destinos e ações. Nós do Guia Negro fazemos parte desse movimento e sentimos falta de um prêmio que reconhecesse quem se destaca ao longo do ano em sua atuação em prol de um turismo mais diverso. Dessa forma, resolvemos criar o 1° prêmio do afroturismo.

Como não fazemos nada sozinhos, quisemos ter contribuição de quem faz o setor e convidamos jurados de diferentes áreas: agências de viagem, consultores, hoteleiros, guias de turismo e especialistas que têm atuado na área. Ao todo são dez categorias, além de sugestões para melhorias para os próximos anos. Uma delas é a edição do prêmio presencial. Já estamos sonhando com isso e vamos trabalhar para tornar realidade.

Uma forte inspiração para o nosso prêmio do Afroturismo é o Prêmio Viaja Bi, organizado pelo Rafael Leick, e do qual somos jurados. Os votos de cada jurado e justificativas também serão destacadas em cada categoria e ficamos felizes com o resultado. O Guia Negro e seu fundador não concorriam nas categorias por serem realizadores do prêmio. Ao todo, foram 24 pessoas que se dispuseram a responder nosso questionário e votar no prêmio.

Então, bora conhecer quem mais se destacou no Afroturismo em 2022:

1 – MELHOR PROFISSIONAL DO AFROTURISMO: SOLANGE BARBOSA

Com cerca de 38% dos votos, Solange Barbosa, fundadora da Rotas da Liberdade foi a mais votada na categoria. Entre os destaques na sua atuação estão:

“Programação incrivelmente emocionante com as visitas aos Quilombos”, Ana Lucia Faustino, idealizadora e organizadora Cruzeiro Balanço Black em Alto Mar.

“Solange representa uma mulher negra de meia idade que tem um projeto incrível – a Rota da Liberdade, o qual dá visibilidade à destinos importantes para a história afrobrasileira. Ela é disruptiva, inovadora, carismática e apaixonada pelo turismo e pela causa preta”, Luanny Faustino, especialista em marketing de destinos, inclusão e Destinos.

“Pelo pioneirismo é excelente atuação ao longo dos anos”, Rebecca Alethea, produtora de conteúdo de viagem, idealizadora do coletivo Bitonga Travel.

NOTA DO EDITOR: Solange é considerada griot do afroturismo, atua na área há duas décadas e leva todos com aconchego e conhecimento vasto para conhecer os quilombos do interior paulista. Milita pela diversidade do turismo, participa de feiras, é conselheira de novos profissionais e o reconhecimento do prêmio é mais do que merecido. Parabéns, Sol!

Também foram citados pelos jurados os profissionais: Tania Neres, Julia Madeira, Helcias Pereira, Nilzete dos Santos, Hubber Clemente, entre outros.

2 – MELHOR DESTINO NACIONAL: SALVADOR

Solar do Unhão. Foto: Divulgação/Amanda Tropicana

Com cerca de 42% dos votos, Salvador aparece como o melhor destino nacional de afroturismo. Veja o que alguns jurados destacaram sobre a cidade:

“É o marco zero para o Afroturismo no Brasil. A cidade respira a cultura africana e não tem como ser outro destino”, Carina Santos, turismóloga, apaixonada por viagens

“A cidade tem uma variedade de oferta voltada para o afroturismo. Também tem um esforço integrado do poder público e a iniciativa privada (comunidade local), quem tem profissionalizado muitas iniciativas” Boaventura Almeida Santos, CEO-Executivo da Empresa Tbiras Ecoprime Viagens.

“Pelos atrativos históricos culturais que a cidade oferece com pauta na narrativa afro centrada”, Gabriela Palma, guia de turismo especializada na narrativa afro centrada do Rio de Janeiro, sócia da Sou + Carioca.

NOTA DO EDITOR: A cidade que é considerada “capital afro” ou a “meca negra” atrai visitantes negros do mundo todo, que buscam as heranças da diáspora africana mantidas em seu território. Na capital baiana, cerca de 80% das pessoas se consideram negras. O programa Salvador Capital Afro, projeto de afroturismo que investiu R$ 16 milhões reconheceu o potencial do afroturismo na cidade.

Também foram citadas pelos jurados os seguintes destinos nacionais: Rio de Janeiro, São Paulo, Quilombo de Palmares, Porto Alegre, Boipeba, Recife-Olinda, entre outros.

3 – MELHOR DESTINO INTERNACIONAL: ÁFRICA DO SUL

Com cerca de 17% dos votos, a África do Sul foi eleita pelos jurados como melhor destino internacional de afroturismo. Confira o que alguns escreveram sobre o país:

“País com infraestrutura muito boa, história recente de resistência que tem muito a ensinar ao Brasil sobre posicionamento e luta. Além de ser lindo e divertido”, Bia Moremi, empresária independente, CEO e Diretora Criativa da Brafrika Viagens.

“Um lugar encantador rico em história, belezas naturais. Daqueles locais que você se sente em casa e não quer mais sair de lá”, Leandro Gonçalves, guia de turismo, criador do perfil Preto Viajante.

“Para seguir os passos de Mandela”, Tania Neres, consultora de viagens especialista em Turismo Antirracista, duas vezes eleita uma 100+ poderosas do Turismo.

NOTA DO EDITOR: O país é completo: com boa gastronomia, cultura rica, museus interessantes e modernos, além de povo acolhedor e história rica. A África do Sul é também destino de estudantes em busca de intercâmbio. O país tem feito eventos para atrair mais turistas negros brasileiros, aumentando a conexão entre os dois países. Mais do que merecido.

Também foram citados pelos jurados Cali, na Colômbia; Gana; Cuba; Nova York; Moçambique; Nigéria e Egito.

4 – MELHOR EMPRESA PARCEIRA DO AFROTURISMO: COPASTUR

A categoria que premia empresas de fora do setor que são parceiras do afroturismo, teve como vencedora a Copastur. Confira o que os jurados escreveram:

“A Copastur mostra como outras empresas do turismo devem participar de forma ativa no combate ao racismo. Há um departamento de Diversidade e inclusão, além de eventos que abordam a questão racial, divulgam e incentivam o afroturismo em diversos níveis e, para além disso, a empresa se preocupa em incentivar a contratação de pessoas negras, atualmente há pessoas negras nos mais diversos cargos e níveis dentro da agência que busca constantemente a equidade racial”, Denise Rodrigues, turismóloga e guia de turismo, mestra em Turismo (USP) e Doutoranda em Sociologia (USP).

“Empresa apoiou financeiramente várias ações sobre Afroturismo e inclusão racial ao longo do ano”, Hubber Clemente, fundador startup ESG Afroturismo HUB e integrante Coletivo pelo Afroturismo.

NOTA DO EDITOR: A agência de turismo focada no mercado corporativo realizou experiências turísticas focados no afroturismo, além de um documentário sobre o tema. A empresa tem contratado empresas como a Brafrika Viagens, além de consultoria do Guia Negro. Realiza eventos e conteúdos como o podcast sobre a temática. Realmente, uma das grandes aliadas do setor.

Também foram citadas: a Smiles, Panrotas, Black Travelers Network, entre outras.

5 – EMPRESA DE AFROTURISMO DESTAQUE DO ANO: BRAFRIKA VIAGEM

Bia Moremi, CEO da Brafrika DNA. Foto: Divulgação

A empresa de afroturismo que mais se destacou em 2022 foi a Brafrika Viagens, com 20,9% dos votos. Veja o que os jurados disseram:

“É a top of mind da categoria. Tem se destacado todos os anos, com destinos que atendem as tendências do mercado afrocentrado”, Manoela Ramos, publicitária, escritora e viajante, fundadora da “Quase Nativa”.

“A Brafrika é uma empresa que soma ancestralidade e futuro em suas viagens, seus diversos pacotes nos fazem querer viajar e nos conectar cada dia mais com nossos antepassados, e desfrutar de lugares lindíssimos”, Debora Pinheiro, guia de turismo credenciada, vem realizando pesquisas sobre cultura negra e atuando no Afroturismo.

“Conseguiu levar os viajantes para Marrocos, Cancun, Afropunk e outros destinos bacanas”, Tania Neres.

NOTA DO EDITOR: A Brafrika tem feito um trabalho consistente de pesquisa, parcerias, novos roteiros, participação em eventos e na atuação conjunta do setor. A empresa realiza viagens para destinos nacionais e internacionais, produz conteúdos, além de ter um braço que realiza exames de DNA, com a intenção de conectar viajantes negros com sua história, presente e futuro. O prêmio é o reconhecimento de um trabalho sólido com resultados crescentes.

Também foram citadas a Diaspora.Black, Sou Mais Carioca, Rota da Liberdade, Afrotours e Afrotrip.

6 – MELHOR ROTEIRO DE AFROTURISMO: PEQUENA ÁFRICA, RIO DE JANEIRO

O tour pelo centro do Rio de Janeiro, que passa por lugares como Cais do Valongo, Pedra do Sal e estátua de Mercedes Baptista ganhou como o melhor roteiro de afroturismo. Confira o que disseram os jurados:

“Maior porto escravagista do Brasil, onde recebeu mais de 1 milhão de africanos, roteiro imperdível para quem visita o RJ, para conhecer a história de verdade dos nossos antepassados e perceberem que tudo foi feito através do derramamento de sangue preto e que além disso coisas maravilhosas como capoeira e samba, saíram dessa região e são conhecidas no mundo todo”, Leandro Gonçalves.

 “Importante rota para contar a história negra”, Tania Neres. 

NOTA DO EDITOR: A região da Pequena África se tornou uma das mais efervescentes no Rio de Janeiro. Além de ser um marco histórico da chegada de pessoas escravizadas na antiga capital do Brasil, ser berço do samba na cidade, é hoje o ponto em que a juventude se reúne, palco de rodas de sambas e novas possibilidades para a população negra, que vê por ali exposições sobre sua cultura nos museus, grafites e conexões.

Também foram citadas o Parque União Quilombo dos Palmares, a Caminhada São Paulo Negra, a Rota da Liberdade e a Casa do Boneco Itacaré- Quilombo D`Oiti, entre outros.

7 – MELHOR CONTEÚDO DE AFROTURISMO: BITONGA TRAVEL

A Bitonga Travel, rede que compartilha histórias de mulheres negras latino-americanas, caribenhas e africanas sobre viagens, venceu como o melhor conteúdo de afroturismo. Veja o que dizem os jurados:

“Pela questão do coletivo, por dar voz a mulheres colocarem em primeira pessoa as narrativas de suas viagens”, Carina Santos.

“É fundamental enfatizar o recorte de gênero em viagens, mesmo se tratando em viagens afro. O papel da Bitonga é bem potente no sentido de conceder inúmeras referências femininas de viagens pretas”, Manoela Ramos.

“Mostrando que o lugar da mulher negra é onde ela quiser estar, a Bitonga nos faz querer viajar cada dia mais por meio das histórias de outras viajantes. É impossível não se encantar pelas fotos no Instagram, ou não viajar”, Debora Pinheiro.

NOTA DO EDITOR: Desde 2018, a Bitonga produz conteúdos que revolucionam o viajar, com mulheres negras contando em primeira pessoa suas experiências, dicas e conexões no turismo. A rede colaborativa produz blog, redes sociais, além de podcast que já conta com mais de 100 episódios. Reconhecimento mais do que merecido de um trabalho feito, ainda, sem apoio das marcas.

Também foram citados o Guia Negro (que não concorria por ser organizador do prêmio), Rebecca Alethea (idealizadora da Bitonga que também produz conteúdos em suas redes pessoais), além de Hubber Clemente e Gabriela Palma.

8 – MELHOR HOSPEDAGEM BLACK FRIENDLY: DIASPORA.BLACK

A plataforma Diaspora.Black foi a vencedora na categoria melhor hospedagem black friendly. Confira o que dizem os jurados:

“Mesmo tendo expandido seu foco de negócios, ela foi uma das primeiras no país ao aliar tecnologia e hospedagens que combatam racismos, sexismos e classismos, inclusive com uma adesão em massa feminina”, Michel Ferreira, pesquisador e professor em turismo, raça e gênero.

“Melhor plataforma de hospedagem”, Nilzete dos Santos, agente de viagem e empresária, fundadora da Afrotours, especializada em afroturismo.

“Encontra-se uma diversidade de experiências e a equipe se dispõe a organizar as operações”, Kely Tavares, guia de turismo na Rio Encantos

NOTA DO EDITOR: Fundada em 2016, a Diaspora.Black é uma das maiores empresas do setor de afroturismo, ofertando hospedagens, cursos, experiências turísticas e consultoria. No setor de hospedagem revolucionou o mercado ao trazer pessoas negras para o protagonismo, ofertando casas, pousadas e opções em que nosso povo poderia se acomodar sem medo do racismo e impulsionando o black Money. Sem dúvida a melhor opção para qualquer viajante negro ou negra.

Também foram citadas na categoria o Selina, Ackee Pousada (Olímpia-SP), Casa Afro Caldas Novas, O Céu de Boipeba, a Casa da Mulher Preta, entre outras.

9 – MELHOR RESTAURANTE DE AFROEMPREENDEDOR (A): BIYOUZ RESTAURANTE (SP)

Foto: Heitor Salatiel

Gastronomia é um dos itens fundamentais para quem viaja e, segundo os jurados, o melhor restaurante de afroempreendedor (a) é o Biyouz Restaurante, que tem duas unidades em São Paulo. Confira o que dizem os jurados:

“Um restaurante especial, ambiente familiar e uma alimentação com um toque todo especial!”, Boaventura de Almeida Santos.

“Restaurante camaronês, em São Paulo, que soube conciliar muito bem o paladar brasileiro à gastronomia africana, além dos drinks incríveis. Ainda utilizam seu restaurante como espaço de encontros de afroempreendedores”, Noemia Cecilia Santos, fundadora da Noceci Viagens- agência de viagens voltada para viagens na África.

“Os sabores da África se encontram aqui, conversar com a chef Melanito ou com o sorridente Victor nos reconecta com sabores que de alguma forma conhecemos (mesmo se for a primeira vez no restaurante). Pratos saborosos, atendimento cortês e um suco de baobá delicioso fazem com que a experiência no Biyou’z seja incrível”, Denise Rodrigues.

NOTA DO EDITOR: Com duas unidades em São Paulo, o Biyouz é pioneiro em oferecer comida africana de diversos países, com qualidade, bom atendimento e pratos diversos. Os drinks também possuem DNA do continente mãe. Melanito Biouha é uma empreendedora referência e faz questão de falar com cada cliente. Nós do Guia Negro somos fãs e parceiros.

 Também foram citados Dida Bar (Rio de Janeiro), Roma Negra (Salvador), Bar do David (Rio), Kaza 123 (Rio), Restaurante Afro Zona Leste SP (São Paulo), Cozinha Ancestral (São Luís), entre outros.

10 – MELHOR ATRAÇÃO TURÍSTICA: MUSEU AFRO BRASIL EMANOEL ARAUJO

O Museu Afro Brasil, que acaba de ganhar o nome de seu criador: Emanoel Araujo, em São Paulo, foi eleito como a melhor atração turística pelos jurados. Veja o que disseram:

“Um dos lugares mais importantes para o Afroturismo brasileiro”, Solange Barbosa, turismóloga, licenciada em História, ex-consultora da UNESCO, CEO da Rota da Liberdade.

“Um museu enorme, sempre inovando em suas exposições temporárias e que é impossível conhecer em apenas uma visita. O Museu Afro consegue conectar passado, histórias, memorias, tecnologias, culturas e o presente em um mesmo espaço”, Debora Pinheiro, guia de turismo credenciada, vem realizando pesquisas sobre cultura negra e atuando no Afroturismo.

“Melhor museu do país sobre a história negra brasileira”, Hubber Clemente.

NOTA DO EDITOR: O Museu Afro Brasil Emanoel Araujo é considerado o melhor museu sobre diáspora africana do mundo, tem acervo rico e necessário para conhecer nossa história, exposições importantes sobre o presente e projeto o futuro com debates e encontros que conectam nossa comunidade. Localizado no Parque Ibirapuera é visita obrigatória para quem está em São Paulo. Reconhecimento necessário

Também foram citados Parque Memorial Quilombo dos Palmares (AL), Cais do Valongo (Rio), Capela dos Aflitos (SP), Museu do Reggae (MA), Olodum (BA), entre outros.

E, para você, quem são os destaques do afroturismo?

O Prêmio de Afroturismo contou com  24 especialistas:

 

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Guilherme Soares Dias

Jornalista, consultor, empreendedor e amante de viagens

Artigos: 37

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