Teste de DNA proporciona encontro com passado e futuro mais conectado com origem africana

Texto: Guilherme Soares Dias* | Edição: Nataly Simões | Imagem: Divulgação

“No dia em que recebi o resultado tive um encontro com o passado, que não fazia a mínima ideia que existia, mas também foi momento de reescrever o futuro”, conta a publicitária e professora de dança Calini Muriel, 23 anos, que fez o teste de DNA para saber qual sua origem. Filha de um pai negro e uma mãe branca, ela sabia apenas da ascendência materna, que vinha de países europeus com os quais não se identificava por ser negra. Foi quando ela passou a querer saber mais sobre de que parte da África vinha.

O resultado foi proporcionado pela Brafrika Viagens, que desde junho fez uma parceria com o laboratório Genera e tem promovido testes de DNA de forma personalizada. Além de receber o teste em casa, quem contrata ganha um jantar personalizado dependendo do resultado, assim como uma consultoria estética com dicas de itens para incluir vestuário no dia a dia.

“A Brafrika acredita que toda pessoa negra brasileira deveria ter o direito de saber de onde vieram os seus antepassados. Ao fazer o teste de DNA, você abre a possibilidade de celebrar a sua ancestralidade, sendo possível dizer qual é a África que vive em você”, diz a empresa no site.

O sócio-fundador da Ebony English (escola de inglês afrocentrada), Rodrigo Faustino, 43 anos, fez o teste justamente para saber mais de onde veio e sobre si mesmo. Ele afirma que foi importante recebê-lo junto com uma celebração. Rodrigo já desconfiava que tinha ascendência predominante da região da Costa da Mina, mas o teste mostrou também uma miscelânia, uma vez que há DNA de 40 dos 54 países africanos, espalhados pelas cinco regiões do continente.

“Despertou a curiosidade de saber mais da minha família, das conexões, tentar remontar esse quebra-cabeça desse DNA que foi estilhaçado quando chegamos aqui no continente americano. Agora tenho pistas de para onde ir. Conheci primos e primas nas redes sociais a partir das conexões fornecidas pelo resultado”, afirma Faustino, que está interessado e conhecer mais da história e buscar outros familiares.

Calini diz que o teste também muda a perspectiva de futuro, já que daqui para frente futuros filhos e netos da família vão saber de onde vieram e terão mais contato com a cultura e a ancestralidade que tinham sido apagadas. Até por isso o restante da família acompanhou o passo a passo do teste, que demora 20 dias para ficar pronto e o resultado. “Estamos tentando ficar mais próximos da cultura, buscando sobre penteados, sobre vestimenta, estampa”, relata. O resultado dela foi predominância do oeste africano e a experiência gastronômica ajudou a saber o que vai encontrar quando for a região.

A fundadora da Brafrika Viagens, Bia Moremi, 31 anos, diz que a ideia de ter DNA personalizado nasceu junto com a agência de viagens em janeiro de 2019, mas que primeiro desenvolveu viagens pelo Brasil e foi deixando os testes para o futuro. “Precisava conhecer mais o mercado, entender a logística do continente que tem voos mais caros”, compartilha

A pandemia foi o impulsionador. Sem poder promover viagens, Bia se reinventou e lançou os testes personalizados. “Quando fiz, recebi o relatório sozinha. Queria promover uma experiência calorosa, que virasse assunto de bar. Comecei a pensar em quais elementos poderia juntar ao teste para trazer essa aproximação”, explica.

A ideia de presentear os clientes com uma pulseira é remeter ao nascimento. Essa também é a proposta do álbum de fotos ilustrado que conta a trajetória do lugar de onde a pessoa vem e deixa espaço para que ela coloque fotos que celebrem sua negritude e também de futuras viagens ao continente.

“Tem sido muito gratificante e profundo. É um portal que se abre de forma diferente para cada um. Toca de maneira única quem se propõe a fazer”, reforça ela, que vendeu 15 testes nos primeiros 15 dias de oferta e continua trabalhando para que mais pessoas conheçam suas origens.

*Originalmente publicado no Alma Preta

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Redação

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