6 roteiros de afroturismo que foram destaque no WTM

O WTM Latin, maior feira de turismo da América Latina, que ocorreu entre 15 e 17 de abril teve a diversidade e o turismo responsável como destaques da edição 2024. A organização do evento criou um comitê de diversidade que analisou roteiros oferecidos pelos destinos ligados a turismo LGTQIAP+, 60+ e afroturismo para inclusão na rota da diversidade.

Os projetos de afroturismo foram analisados pelo fundador do Guia Negro, Guilherme Soares Dias. Entre as surpresas esteve a Bahia e seu projeto Salvador Capital Afro não destacarem as ações desenvolvidas na capital baiana em sua promoção.

Já o Rio Grande do Sul foi o único que apresentou um projeto que foi rejeitado por não ser liderado por uma pessoa negra. Por lá, no entanto, há iniciativas realizadas por pessoas negras como o Museu do Percurso do Negro, em Porto Alegre, e o Sítio Rosa do Vale, em Poço das Antas que realiza samba da uva e experiência de degustação de vinhos e não foram incluídas na proposta.

Conheça 6 roteiros de afroturismo que foram destaque no WTM:

1 – Belo Horizonte: Caminhada Belos Horizontes Negros

O tour é realizado pela Sensações Turismo em parceria com a plataforma de afroturismo Guia Negro, destacando a importância do saber fazer, cultura, hábitos e estratégias que de fato deram base para a construção da cidade, bem como destacar a importância da cultura preta na vivacidade do nosso DNA Mineiro e toda a energia cultural que vivemos hoje na cidade. 

No estande, foram destacadas agenda de passeios programada para o ano de 2024, além das ações do afroturismo nacionalmente.  A proposta foi apresentada pela Belotour e Sensações Turismo.

2 – São Paulo: guia de afroturismo do Estado

O Estado de SP está trabalhando para ser referência no afroturismo e o lançamento do guia de afroturismo (foto acima) dentro do WTM é uma das iniciativas para consolidar esse movimento. Também é importante destacar a presença da Rotas da Liberdade, que faz roteiros pelos quilombos do interior paulista.

O Guia de Afroturismo no Estado de São Paulo é uma iniciativa colaborativa entre a Secretaria de Turismo e Viagens, gestores públicos e privados, empresários, associações e institutos de educação voltados para a valorização da memória e do patrimônio cultural negro.

O estande também contou com apresentação do grupo folclórico de Jongo do Quilombo Cafundó, comunidade quilombola que está inserido em um dos roteiros. A proposta foi apresentada pela Secretaria de Turismo e Viagens do Estado de São Paulo

3 – Mato Grosso

O Quilombo Mata Cavalo, no município de Nossa Senhora do Livramento, está oferecendo um roteiro turístico que mescla a fé, as expressões culturais, a gastronomia e a resiliência de uma comunidade quilombola encravada no Pantanal Mato-Grossense. 

A riqueza cultural da região é evidente, refletida na continuidade das tradições dos antigos escravizados. Essa herança se manifesta não só no estilo de vida, mas também nas expressões culturais, especialmente por meio dos grupos de dança afro-brasileira formados por jovens, que mantêm viva a memória e a história de seus ancestrais.

O roteiro tem como objetivo começar a tornar o turismo uma alternativa de desenvolvimento e oportunidade para os membros dessa comunidade. Outras iniciativas de afroturismo do Estado como a Caminhada Cuiabá Negra, da Afrotour MT, e o quilombo liderado por Teresa de Benguela, em Vila Bela da Santíssima Trindade, não entraram na programação. A proposta foi apresentada pelo Sebrae Mato Grosso.

4 – São Luís

A proposta do “Roteiro Quilombo Cultural de São Luís” convida a conceber o que de fato compõe a essência do termo quilombo urbano. Pautado na valorização da ancestralidade negra e demarcado pela existência de bairros constituídos por remanescentes de quilombos, a valorização da identidade étnica quilombola caracteriza-os como unidade social, sob uma perspectiva de autoafirmação e pertencimento no contexto coletivo e territorial ao qual esses indivíduos se encontram inseridos.

O objetivo do roteiro é ampliar a oferta de roteiros turísticos da cidade, implementando uma rota cultural no maior quilombo urbano da América Latina. Diversas ações já foram implementadas, como a sinalização turística e capacitação para os agentes participantes do roteiro.

No estande, ocorreram ativação (degustação da gastronomia afro), vídeo promocional do Roteiro do Quilombo Cultural e material gráfico impresso. A proposta foi apresentada pela Secretaria de Turismo de São Luís.

5 – Montevideo, Uruguay

O turismo na capital uruguaia destaca a cidade como um lugar diverso, que promove a inclusão e que convida os turistas a descobrir e redescobrir a cidade por um novo olhar. Um exemplo é a manifestação cultural do Candombe, uma tradição cultural arraigada nas raízes uruguaias e que possui herança africana.

Os circuitos oferecidos foram destacados, além das tecnologias utilizadas para promover e visualizar os roteiros. Um exemplo é o Latido Afro, circuito turístico e cultural autoguiado pelos bairros Sur e Palermo. O percurso apresenta um total de doze pontos geolocalizados e independentes que são locais emblemáticos para a cultura e história negra. A proposta foi apresentada pela División Turismo Intendencia de Montevideo.

6 – Corumbá, Mato Grosso do Sul

O roteiro oferecido pela Bela Oyá na capital do Pantanal mostra os tambores feitos à base de tonéis de madeira e couro de boi. A iniciativa pretende honrar as raízes ancestrais e descolonizar o turismo, dando destaque à cultura afro-brasileira e às narrativas negras em todos os circuitos.

O circuito oferece uma série de atividades que exploram a cultura afrobrasileira, como visitas a comunidades quilombolas, vivências em terreiros de religiões de matriz africana, além de experiências gastronômicas com pratos típicos da culinária afro-brasileira e dos povos de terreiro.

No estande, foi lançado o Circuito de Afroturismo- Roteiro de São João, com o famoso Banho de São João em Corumbá que é uma festa junina única no Brasil, que mistura elementos da cultura Católica e Afro-brasileira. Realizada às margens do Rio Paraguai, a festividade remonta às origens da cidade de Corumbá e foi incorporada ao Patrimônio Imaterial do Brasil, uma experiência imperdível para quem deseja conhecer a cultura do Centro-Oeste Brasileiro. A proposta foi apresentada pela Fundação de Turismo de Mato Grosso do Sul.

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A Rota da Diversidade teve sinalização de adesivo na frente dos estandes, além de mapa que destacava as iniciativas aprovadas. Para o próximo ano, a expectativa é a inclusão da acessibilidade, além da ampliação no número de propostas das demais áreas: LGBT, 60+ e afroturismo.

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Redação

O Guia Negro faz produção independente sobre viagens, cultura negra, afroturismo e black business

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