Plataforma de streaming preta, Wolo TV quer atingir massa e fazer pontes internacionais

Texto: Guilherme Soares Dias/Fotos: Heitor Salatiel

Uma série de TV com atores e direção de pessoas negras, com humor ácido e inteligente sobre questões raciais. O Brasil, com seus 56% de população negra, ainda não tinha investido nessa seara tão profícua nos Estados Unidos. Mas esse será o primeiro produto da Wolo TV, uma plataforma de streaming criada pelo ator e diretor Licinio Januário e pelo empresário Leandro Santos, que estreia com a série Casa da Vó, protagonizada por Margareth Menezes que conta as peripécias de uma avó e seus quatro netos.

Licínio diz que a Wolo TV surge dos “nãos” que ouviu na sua carreira. O angolano radicado no Brasil diz que o racismo estrutural faz, por exemplo, com que o nosso país veja a capoeira ter faculdade na Austrália, mas não por aqui. “Não quero ser duas vezes melhor que ninguém. Vamos apenas produzir conteúdo feito por e para pessoas negras de qualidade”, afirma. Entre as inspirações estão plataformas nigerianas como a Iroko e Nvivo, além de iniciativas de jovens norte-americanos. “Empresários de outras partes do mundo ainda não investem no Brasil por conta da burocracia e um certo descrédito”, avalia.

O diretor diz que a WoloTV pretende ser popular e, por isso, pensa na produção como indústria. “Não vamos crescer ganhando festival”, afirma, referindo-se a produções cinematográficas com foco mais conceitual. Nesse sentido, a expansão prevista é para as regiões Norte e Nordeste. “São elas que ditam os ritmos brasileiros. Queremos estudar o que a população quer de fato”, diz, lembrando que a plataforma terá sede em Salvador. A guerra contra o racismo, segundo Licínio, é diária “aqui o game é violento” e “queremos transformar e comemorar as nossas vitórias, não as vindas de fora”, diz, lembrando que as produções feitas por aqui deve ter exibição em outros países do mundo também, como Portugal e Angola.

A série Casa da Avó terá cinco episódios de 30 minutos cada e será uma comédia brasileira que bebe da fonte de produções norte-americanas como Todo Mundo Odeia o Cris, Black Ish e Um Maluco no Pedaço. “O grande objetivo é chegar na massa”, reafirma. O lançamento será via web, com o protótipo do aplicativo da Wolo TV. O primeiro episódio deve sair em 25 de dezembro gratuitamente e os demais serão disponibilizados a partir de preço popular. A série conta ainda com Dum Ice, que é influencer digital, Jaci Lima, Jéssica Córes, Rincon Sapiência, entre outros. “Há diversidade narrativa e regional. Esse é o primeiro passo. Estamos indo sem pressa”, afirma Licínio. Na série, Margareth Menezes é uma ex-funcionária pública ricona e aposentada que cuida dos netos que moram com ela, além de tocar um salão de beleza.

Foto: Reprodução/Instagram

Os próximos passos da Wolo TV são desenvolver catálogo com outros projetos. A proposta é ser um pay per view que lança uma nova série a cada seis meses. “Faremos uma briga de narrativa e buscamos mais investimentos. Precisamos acelerar a produção preta no Brasil e, tenho certeza, que nossa chegada vai acelerar processos nos grande canais como Globo e Netflix”, provoca Licínio.

Confira o Instagram da plataforma aqui.

Ficha técnica Casa da Vó:

Criado por: Allex Miranda e Licinio Januário

Roteiro: Allex Miranda, Érica Ribeiro, Licínio Januário e Milena Anjos

Produção: Wolo TV

Direção: Licínio Januário

Direção de Fotografia: Cris Conceição e Sergio Isidoro.

Produção Executiva: Leandro Lemos, Licínio Januário, Juliana Borges.

Elenco: Margareth Menezes, Jessica Córes, Dum Ice, Dj Pelé, Johnny Klein, Rincon Sapiência, Kiara Felippe, Jacy Lima, Sol Menezzes.

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Redação

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