África do Sul: porque pessoas negras também devem fazer safáris

Animais vivem soltos e programa exige investimento

Guilherme Soares Dias

Safári não é branquice de europeu, nem exotificar os animais ou achar que a África do Sul é apenas isso, mas é também. Quem sou eu para dizer que você deve ou não fazer algo? Mas como viajante-jornalista negro preciso dividir algumas experiências. Minha ida a um parque nacional para ver de perto animais selvagens foi um dos dias mais incríveis da minha vida –  e eu nunca pensei em dizer isso. É uma oportunidade única poder estar na savana em meio a elefantes, zebras, leões e girafas, sem interferir em suas vidas.

Sou do Mato Grosso do Sul e estou acostumado com o encanto que o Pantanal provoca, justamente por seus bichos estarem ali tão disponíveis para os turistas verem. Ok, na África do Sul os animais são outros. Mas quando visitei a Tailândia, evitei fazer o tour para estar com elefantes porque eles viviam confinados. As pessoas os alimentavam e subiam em cima, causando estresse para os animais. Na África do Sul é diferente. Os safáris são em parques nacionais e giram a economia local, além de garantir a preservação da natureza como ela é. Os bichos estão em seu habitat e parecem não se importar com a presença dos nossos jipes.

Sim, tem muitos brancos vindos dos países do Hemisfério Norte fazendo. A vida cultural das cidades é muito rica e diversa e nós negros estamos muito mais interessados em nos conectarmos com as pessoas e história do continente. Mas estar entre os animais é emocionante e também provoca conexões ancestrais, com a natureza. Há uma energia mística, uma conexão que nunca senti antes. Ter a terra entre as mãos e a natureza em seu estado puro é emocionante. Meu grupo todo chorou ao ver dois elefantes adolescentes brincando de brigar com a tromba. Vimos o sol nascer na savana, a girafa se coçar na árvore e os babys leões desfilando atrás dos pais, tão gatos, só que não.

O grupo que me acompanhou no safári

Viajei a convite da South African Tourism e fiz o safári a partir de um lodge, um resort no meio do parque. Mas é possível fazer bate e volta a partir das grandes cidades. Há passeios a partir de R$ 400, com transfer. Com R$ 800 você consegue fazer um tour bem bacana. E se você tiver R$ 1,5 mil vale investir na categoria luxo e ter todas as mordomias em uma diária. Seus filhos vão amar, você vai se apaixonar e, com certeza, será uma experiência única para lembrar para o resto da vida. Isso significa que se você vai até a África do Sul vale investir em um ou dois dias para estar com animais que antes só viu no circo, no zoológico ou pela TV.

CONFIRA SETE DICAS PARA QUANDO FOR FAZER SAFÁRIS: 

1 – Leve protetor solar, água, óculos escuros. Repelente não faz falta
2 – Tenha um bom equipamento fotográfico, bateria extra
3 – Leve casaco, corta vento, cachecol, touca. Vá fazendo o efeito cebola, de ir tirando as camadas
4 – Pode usar estampa de oncinha, imagem de araras, folhagens, etc. Os bichos não vão te atacar (risos)
5 – Não, não vamos caçar, mas talvez na volta você coma animais que acabou de ver como o Kudu, um antílope
6 – As informações sobre os animais são todas repassadas em inglês pelos guias. Estude ou vá com alguém que sabe a língua
7 – Ouça o silêncio das coisas. Encontre o amigo que mora dentro de você. Contemple a paisagem sem precisar ser comentarista ou atrapalhar o barulho do vento, dos pássaros e dos bichos. Desfrute os sons da natureza!

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Redação

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