Afropunk fará show “black to the future” em São Paulo em novembro

Guilherme Soares Dias

O maior festival de cultura negra do mundo vai mesmo desembarcar no Brasil. Antes de fazer uma edição local, o Afropunk, celebração de diversas expressões negras da diáspora africana, impregnadas da atitude e ativismo da resistência, vai realizar um show em São Paulo nos dias 19 e 20 de novembro, que pretendem marcar história. O festival existe há 14 anos e atualmente é realizado em Atlanta e Nova York, nos Estados Unidos; em Paris; Londres e Johanesburgo, na África do Sul.

Os shows em São Paulo serão realizados na Audio, casa de shows na Barra Funda, e contará com artistas como: BaianaSystem, Baco Exu do Blues, Aya Bass com Luedji Luna, Xênia França e Larissa Luz, Karol Conka, Rincon Sapiência, Young Piva, Gabz , Batekoo e o DJ de Nova York MikeQ. As apresentadoras da noite serão a influencer Magá Moura e a cantora Linn da Quebrada.

“Nossa missão é criar comunidade, conversação e consciência em nossas plataformas digitais e sociais, eventos ao vivo e propriedades de festivais de música”, informa o festival. Uma das metas, segundo o evento, é criar espaços mais seguros para a comunidade de negros em todas as suas interseções – mulheres, homens, LGBTQIA +, deficientes, idosos e pessoas trans de todas as formas e tamanhos – se sintam poderosos, afirmados e liberados.

Foto: Newman Costa

Afropunk no Brasil. O show de novembro é mais uma ação do festival, que organizou em junho um jantar com 30 influencers, produtores e artistas negros para ouvir a comunidade brasileira sobre como seria um possível papel do Afropunk no Brasil. Há uma expectativa de que uma edição do Afropunk ocorra em novembro 2020 em Salvador.

O show em São Paulo deve ser uma parceria com a Feira Preta, que completa seu 18º aniversário em 2019. As datas de comemoração dos dias 19 e 20 de novembro foram escolhidas, segundo o festival, para coincidir com o Dia da Consciência Negra, que celebra Zumbi dos Palmares, o líder de resistência mais proeminente contra a escravidão durante a era colonial do Brasil. Zumbi foi morto em 20 de novembro por membros do exército português após um ataque ao refúgio de escravos em fuga Palmares, em 1695.

Aya Bass. Será a primeira vez que Luedji Luna, Xênia França e Larissa Luz cantam juntas em São Paulo no feat Aya Bass, que carrega o nome dado às orixás do sexo feminino (yabás). O projeto foi idealizado para o verão de Salvador, o grande momento de efervescência da cidade, mas fez tanto sucesso que vai repetir a dose em São Paulo. Durante o carnaval de 2019, a três artistas resgataram músicas de cantoras negras do axé, que sempre receberam menos visibilidade do que as cantoras brancas. A apresentação chamou a atenção do criador do Afropunk, que visitava a cidade e quis repetir o trio durante o show que organiza em São Paulo.

Com estilos distintos e carreiras ascendentes, Luedji, Xênia e Larissa despontam no cenário nacional fazendo um som diferente da axé music comercial, que tanto ressaltou a música negra, mas pouco contemplou as cantoras negras. No show de novembro elas devem apresentar uma proposta diferente do que foi visto em Salvador, com destaque para um repertório com canções autorais de cada uma trazendo como novidade a interação entre elas . A troca e a divisão das músicas fará do momento uma grande celebração da coletividade negra feminina ancestral e futurista. Pontuado por projeções que costuram as músicas traçando uma narrativa, os poderes e arquétipos de cada orixá feminina serão mencionados de forma poética.

Foto: Heitor Salatiel

Foto: Heitor SalatielServiço: A primeira leva de ingressos deve custar R$ 80 (inteira) para um dia e R$ 120 para os dois dias (estudantes pagam meia).

No dia 19 de novembro, haverá shows de BaianaSystem; Aya Bass com Luedji Luna, Xênia França, Larissa Luz; Karol Conka; Rincon Sapiência; MikeQ; Batekoo; Black Velvet; Aisha Mbikila. Já no dia 20, haverá shows de Baco Exu Do Blues; CeloDut; DKVPZ; Gabz; Young Piva; Vírus. Mais informações e ingressos em: www.afropunk.com 

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Redação

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