Karol Conka diz que em bairro de Paris negros têm orgulho de ser quem são

Cantora indica lugares de cultura negra que todos nós precisamos ir pelo menos uma vez

Guilherme Soares Dias

A cantora e apresentadora Karol Conka utiliza suas letras de músicas e entrevistas para enaltecer a beleza e orgulho de ser mulher, de ser negra. O Guia Negro fez uma exclusiva com ela e perguntou: qual lugar de cultura ou história negra você acha que todos nós deveríamos conhecer? E a resposta é internacional: Château D’Eau, um bairro em que há muitos negros em Paris.

“O orgulho negro das pessoas de lá é diferente do orgulho negro dos brasileiros. Lá, você percebe que tem um quê a mais. A maneira como eles se comportam, se vestem. Eles são pretos, pretos. Aqui, temos a mistura, a miscigenação”, afirma. Conka diz que quando foi a Paris teve um choque, pois pensava que na França ia ver muitos brancos. “Mas tem muitos negros, tem lugares só com negros. Então, você se sente mais negro quando vai para um lugar como esse. Você vê os pretos e as pretas lindas”, conta.

Karol é do tipo risonha, espevitava e tentava fazer amizade com as pessoas do bairro. “Eu passava e elogiava ‘Ai, que lindas!’ e elas bem sérias, pensando ‘quem é você?’. Mas tudo é lindo, o orgulho deles é lindo”, considera.

Brasil

Após dar a dica do bairro parisiense, sem pestanejar, a cantora lembra que nem todas as pessoas tem a possibilidade de fazer viagens internacionais, e lembra que no Brasil esse lugar referência da cultura e história negra é a Bahia. “Eu sou curitibana, neta de baiana, mas quando fui para a Bahia foi um choque, mesmo sendo negra. Por que lá eram muitos negros, muito lindos, muito bem resolvidos”, diz. Mesmo com tantos negros e com toda a beleza deles, a cantora lembra de um fato lamentável: “Mas ainda assim tem racismo na Bahia, é impressionante, mas tem”, diz.

Na cidade natal da cantora, Curitiba, ela indica a Linha Preta, localizada no centro da cidade, onde há bailes e um passeio que conta a história negra da cidade, conhecida apenas pela grande migração europeia. “Tinham bailes que não sei se ainda existem. O problema de Curitiba é que tem bastante coisas legais para negros, mas não frequentadas por muitos negros”, afirma.

Carreira

Karol Conka lançou recentemente o álbum Ambulante, com o single “Saudade”:

Negra em Curitiba, ela sempre sofreu para se enquadrar nos espaços. “Nunca me encaixei muito bem. Fiz um pouco de tudo. E até hoje acho que não me encaixo, pois faço rap, mas não é muito rap, faço pop, mas não é muito pop”, classifica. Conka lembra que desde pequena realizava coreografias imitando cantoras famosas. “Aos 13 anos, eu fazia balé e a professora disse que eu não poderia me apresentar com as demais meninas porque meu cabelo não mexia. Foi quando minha mãe disse para eu ensaiar com as amigas do condomínio e me apresentar no prédio. Ali, nascia a Karol Conka”, resumiu, contando ainda que a compra de um CD da cantora Lauryn Hill a inspirou a ter o estilo que tem hoje.

Karol lembra que não esperava que as grandes empresas começassem a discutir diversidade, mas acredita que a pauta tornou-se necessária para a sobrevivência delas. “As marcas se ligaram que as minorias são maioria, mas a gente não pode deixar de pensar que as marcas se importam com números, vendas. Essa minoria é uma minoria que compra, que vende. Se não fala com esse público, não tem esses resultados numéricos. Então, uma mão lava a outra. Ou eles abrem essa visão para isso ou iam acabar falindo”, afirma.

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Redação

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