Guilherme Soares Dias
Hoje a Caminhada São Paulo Negra virou caso de polícia. Policiais militares acompanharam o tour durante todo o trajeto de três horas. Éramos 12 pessoas fazendo um waking tour e fomos monitorados, vigiados e filmados.
Eles chegaram na primeira parada na Praça da Liberdade, 238, Liberdade, em São Paulo, dizendo que tinham recebido um ofício de que haveria uma manifestação. Ouviram parte do discurso que contava sobre a história negra do bairro da Liberdade e passaram a nos monitorar durante todo o trajeto.
Perceberam que não fazíamos uma manifestação, nem representávamos perigo, mas decidiram nos coagir durante todo o percurso.
Eu fiquei nervoso, esqueci parte das falas, me questionei se estávamos fazendo algo de errado…
Mas entendi o tempo todo que isso tem nome: R.A.C.I.S.M.O.
Ou vocês já viram grupo de pessoas brancas sendo seguidas? Walking Tours ‘tradicionais’ sendo monitorados?
Os decretos permitiram reuniões pequenas. Os museus estão abertos, os shoppings e tantos outros lugares de aglomeração também.
Sim, há eleição em curso. Mas encontramos uma candidata fazendo bandeirada e levando muito mais pessoas consigo.
Estávamos todos de máscara, éramos apenas 12, repito, e a céu aberto…
Entramos na Casa Preta Hub, no Anhangabau, e eles nos esperaram do lado de fora. Passamos por dentro do metrô Anhanguabau como estratégia de fugir deles, pois não poderiam entrar de moto na área que atravessamos. Mas, por rádio, se comunicavam.
Até a cavalaria foi chamada, enquanto recitávamos Carolina Maria de Jesus (risos).
No nosso último ponto, no Largo Paissandu nos abordaram novamente. Perguntaram da manifestação e tentaram que assinássemos um documento e déssemos número de RG e nome. Não o fizemos. As pessoas que acompanhavam a caminhada nos apoiaram e fomos embora sem precisar dar mais explicações de estar fazendo um tour na rua.
Não dá para achar que isso é normal. Lembra a lei da vadiagem que não permitia que pretos andassem em bando pós-escravidão.
Não vão nos criminalizar mais uma vez. Eles combinaram de nos matar e nos prender. Nós combinamos de ficarmos vivos, livres, felizes e resgatando nossa ancestralidade para que ela nunca morra!
Pretos juntos contando sua história incomodam.
Pretos juntos se divertindo incomodam.
A nossa história incomoda!
Nós vamos resistir e continuaremos contando a nossa história e incomodando.
A Caminhada São Paulo Negra resiste!
Fortaleça-nos.
Dias 8 de novembro e 20 de novembro tem mais.
#caminhadasaopaulonegra #policia #racismo
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