Lugares para contemplar e ficar em silêncio admirando o azul que brilha; renovando as energias mergulhando em cachoeiras belíssimas e admirando imensidão de morros e verdes, um deles quadrado, em formato de mesa. Essa é a Chapada das Mesas, no sul do Maranhão, uma das sete em território brasileiro e, apesar da beleza e diversidade dos atrativos, ainda está no mapa de poucos viajantes.
Na região, as chuvas costumam ocorrer entre o fim de dezembro e abril, fazendo com que o melhor período para visitação seja de maio a agosto. São Luís, a capital do Maranhão é a maior emissária de turistas, uma vez que o restante do Brasil ainda conhece pouco as belezas oferecidas por aqui.
O aeroporto mais próximo é o de Imperatriz (MA), a 320 quilômetros, mas como a cidade tem poucos voos e eles costumam ter preço elevado, é mais vantajoso comprar passagem aérea para Palmas (cerca de 600 quilômetros) ou São Luís (cerca de 800 quilômetros) e seguir por terra. A região fica a 350 quilômetros do Jalapão e muitos visitantes fazem ambos os atrativos juntos.
As cachoeiras Santa Bárbara e Santuário (46 metros de queda d’água) foram as mais marcantes da viagem. Uma espécie de encontro com o divino em que é possível ver um jogo de luz nas pedras e sentir uma Oxum (orixá rainha das águas doces, da prosperidade, fertilidade e beleza) deslumbrante e de tirar o “véu”.
O turismo tem que ser bom primeiro para a população”, diz o secretário municipal de Turismo, Cultura e Juventude de Riachão, Joamar Gomes da Silva Filho.
Entre as intervenções na cidade criadas para pensar na população e no turismo está a Praça de Alimentação, com quiosques, concha acústica e área de lazer. Até então a pequena cidade de 20 mil habitantes tinha poucas opções de alimentação à noite. Agora as pessoas podem não apenas saborear diferentes opções de pratos, mas também ter música e cultura ao vivo em apresentações que ocorrem quase diariamente.
PASSEIOS
Riachão abriga o Poço Azul (um lago de cor turquesa em que é possível tomar banho), além do balneário popular e o morro do pico fino, uma rota com cachoeiras pequenas. Já Carolina (MA) tem entre os atrativos naturais as cachoeiras de Romão e Prata.
A região possui cerca de 10 agências de turismo e os passeios diários com translado e guia custam cerca de R$ 400. Em Carolina, a hospedagem da equipe do Guia Negro foi no Refúgio Raiz Camping, que fica a 17 quilômetros da cidade, e a 2 quilômetros do portal da chapada e também oferece passeios e quartos na pousada. Nosso guia foi o proprietário do camping, Renilton Cidrim de Barros, que nasceu na região.
Além das cachoeiras, ele nos levou na comunidade ribeirinha São José dos Louras, que fica a 60 quilômetros de Carolina, e abriga 30 famílias na divisa do Maranhão com o Tocantins. A comunidade é uma homenagem a Raimundo Louras, 93 anos, que foi proprietário das terras e construiu 16 casas para os moradores.
Por lá, conhecemos o agricultor Marcelino Ferreira, 67 anos, que planta arroz, milho, feijão e mandioca e produz farinha. “O turismo tem começado a chegar aqui e traz novidades para gente”, conta ele, sobre a trilha que é feita na comunidade, acompanhada de um lindo pôr-do-sol com o rio no fundo.
Seu Marcelino nunca quis morar na cidade, mas trabalhou dois anos em Estreito (MA) para a construção das barragens da represa. Voltou e hoje vive da sua agricultura. Os dois filhos também moram na comunidade e um deles tem um bar que recebe os moradores e visitantes.
O cheiro da farinha que acaba de ser feito inebria a nossa conversa. Pergunto o preço do produto para comprar e ele explica que fabrica apenas para consumo próprio e para trocas com os vizinhos e acaba me presenteando com um saco de quase 1 quilo. Aqui a farinha é grossa e tem pequenos flocos que fazem a alegria dos locais.
Entre as comidas da região, os peixes chamam a atenção, sendo que o filhote e o tambaqui são oferecidos em abundância. No Cantinho da Tia Jane, em Riachão, experimentamos galinha caipira e panelada e amamos.
Chapada das Mesas é uma região marcada por uma natureza exuberante, um povo simples e acolhedor, com potencial turístico enorme e que os turistas ainda precisam desejar e visitar mais.
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