O Congresso Brasileiro de Afroturismo (CBAFro) encerrou sua edição de 2025, em Belo Horizonte, consolidando-se como o maior encontro nacional dedicado a discutir, fortalecer e promover o Afroturismo, como campo estratégico para o desenvolvimento de maior diversidade no turismo. Realizado entre 3 e 5 de dezembro, no Centro de Referências da Juventude e na Faculdade Fumec, o evento reuniu especialistas, acadêmicos, quilombolas, gestores públicos, empreendedores, guias, comunicadores e representantes dos movimentos negros e entidades do turismo de todas as regiões do Brasil.
O CBAFro reuniu cerca de 400 pessoas, que participaram de mesas, oficinas, vivências, lançamentos, da Caminhada Belos Horizontes Negros (experiência turística), diálogos e conexões que reforçaram a importância do Afroturismo enquanto prática transformadora, instrumento de valorização da história negra e caminho para construir novas narrativas sobre o Brasil.
O congresso teve a apresentação de trabalhos acadêmicos e a seleção de 5 para apresentação no palco principal. Também foi lançado o guia de afroturismo de Belo Horizonte, que apresenta locais para visitar, para comer, para festejar e para comprar na capital mineira.
Outro destaque foi a Perifeira, que reuniu 24 afroempreendedores. “Foi uma troca muito produtiva em que todos saíram ganhando. Para nós, foi um sonho realizado, de ver a potência do afroturismo em Minas Gerais e do Brasil reunidos em Belo Horizonte”, afirma Lucas Xavier, sócio da Sensações Turismo e co-organizador do CBAfro.
O evento contou ainda com apresentações culturais como o Samba de Senzala do Quilombo do Açude, Banda 13 de Maio, de Sabará (MG), e o Samba da Fran Januário. “Foi uma mostra de como Minas Gerais tem artes negras potentes e que se somaram às apresentações de Cozinha Show das quitandas do Quilombo São Domingos, de Paracatu e Veredas do Afroturismo do Circuito Veredas”, ressalta Thiago Bicalho, sócio da Sensações Turismo e co-organizador do CBAfro.
O evento representou uma consolidação para o setor. “Vimos o afroturismo florescendo e se estruturando em Minas Gerais. Tivemos uma afropresstrip também em que comunicadores conheceram a cidade pelo olhar afrocentrado e foi bonito vê-los descobrindo e se encantando com as afromineiridades”, destaca Guilherme Soares Dias, fundador do Guia Negro e co-organizador do CBAfro.
Outro destaque foi o lançamento e aprovação oficial do primeiro Afromanifesto do Afroturismo, documento histórico escrito e assinado coletivamente pelos participantes, que estabelece diretrizes e compromissos concretos para orientar políticas públicas, ações do setor e iniciativas de base comunitária.
Destaques do Afromanifesto
O Afromanifesto reúne 15 compromissos estruturantes para impulsionar o Afroturismo no Brasil, entre eles:
- Instalar placas e sinalizações que reconheçam a história e as contribuições da população negra;
- Criar e valorizar monumentos dedicados a personalidades negras;
- Implementar treinamentos contínuos para agentes de segurança, garantindo abordagens antirracistas;
- Reafirmar o protagonismo negro no guiamento e na condução de experiências de Afroturismo;
- Estimular a colaboração entre entidades do turismo para promover um setor mais representativo e diverso;
- Garantir verbas específicas para infraestrutura e iniciativas de Afroturismo em âmbitos municipal, estadual e federal;
- Criar editais de fomento e políticas de incentivo;
- Mapear afroempreendedores da cadeia turística;
- Apoiar institucionalmente iniciativas locais e fortalecer quilombos como destinos turísticos;
- Valorizar a ancestralidade, a tradição oral e a construção de narrativas negras;
- Criar e diversificar produtos turísticos afrocentrados, envolvendo periferia, identidade e economia negra.
O documento expressa o compromisso coletivo com a transformação do turismo brasileiro por meio de experiências que respeitem, celebrem e visibilizem a história e cultura negra.
Um marco para o setor
O CBAFro 2025 consolidou-se também como espaço de articulação nacional. O encontro promoveu integrações inéditas entre comunidades quilombolas e acadêmicos, aproximou redes de afroempreendedores, e fomentou parcerias institucionais que seguirão ativas ao longo do ano. “Tivemos a oportunidade de conhecer parceiros de cidades como Ouro Preto e Juiz de Fora, ambas em Minas, que só conhecíamos virtualmente”, afirma Heitor Salatiel, gerente de experiências do Guia Negro e co-organizador do CBAfro.
A edição de 2025 reforçou a expansão do movimento, reunindo participantes de diferentes territórios, ampliando debates e lançando bases para novas ações em todo o Brasil. A promessa dos organizadores é de que haverá nova edição no próximo ano.












