Viola Davis concede entrevista comovente para Oprah em especial da Netflix

Annalise Keating, Aibileen Clark, Rose Maxson. Essas são algumas das diferentes facetas de Viola Davis em seus personagens impactantes que a renderam um Oscar, um Emmy e dois Tonny Awards. Além do reconhecimento no cinema, teatro e televisão, a atriz agora deixa sua marca no mundo da literatura, revelando outras facetas pouco conhecidas pelo público. Finding Me (HarperOne, 2022), autobiografia de Viola, é tema da entrevista concedida pela atriz à Oprah Winfrey em especial da Netflix.

Da infância de miserabilidade e privação em Rhode Island, um dos estados norte-americanos mais frios, sem acesso à aquecimento, morando numa casa infestada de ratos que chegavam a pular em sua cama e roer seus brinquedos enquanto ela dormia, Viola vem de uma realidade de muitos “nãos”. Como se o peso dessas adversidades não fossem suficientes, ainda enfrentou o racismo dos colegas de classe, que a perseguiam com paus e pedras chamando-a de “crioula feia”. Desde criança precisou criar suas estratégias de defesa para sobreviver, como levar uma agulha de crochê e ameaçar os seus agressores.

Agressões, inclusive, eram presenciadas no próprio ambiente familiar. Davis relata a necessidade de enfrentar seu pai após ele ferir a cabeça de sua mãe com um copo de vidro, em alguns desses embates. Abusos sexuais também compunham as cenas reais de sua infância, numa época em que as pessoas não falavam sobre esse tema. “Eu acredito que sua vida é uma espécie de morte do seu eu. Isso é parte de sua jornada, e se descobrir é passar por essas cavernas de trauma, e crueldade”, revela a atriz para Oprah, afirmando que sua trajetória foi importante para ela tornar-se quem se tornou. 

Assim como a humanidade presente em suas atuações, seja pela vulnerabilidade da cena emblemática em que Annalise se “desmonta” em frente ao espelho (How To Get Away With Murder, ABC), ou pelo choro com o nariz escorrendo em ‘Um Limite Entre Nós’ (2016), a atriz não se intimida em falar da sua própria vulnerabilidade. Davis relata que urinou na cama até os 14 anos, e que muitas vezes foi pra escola com o forte odor, pois não tinha acesso suficiente à higiene. A situação foi percebida por sua professora, que passou a te dar um suporte, inclusive com doações. “Os professores salvaram minha vida”, comenta Oprah em concordância.

Para superar todos os episódios de adversidade que vivenciou, foi na arte que a atriz conseguiu uma válvula de escape. Quando perguntada sobre quando enxergou a atuação como um processo de cura, Davis assume que foi “no momento em que fiz a primeira esquete, aos nove anos, eu percebi que isso tinha a capacidade de me curar”. Mesmo passando por processos de autossabotagem, até pensando em abandonar a própria carreira, essa cura prossegue, e torna-se uma narrativa de inspiração para muita gente. Outros temas pessoais como casamento e adoção também perpassam pelos quase 50 minutos de troca entre as duas.

Enquanto Finding Me não tem data para chegar às livrarias brasileiras, o público deve assistir ao ‘Oprah + Viola: A Netflix Special Event’ que, como o próprio nome diz, é um evento especial. Não apenas por reunir duas mulheres negras que são grandes expoentes do entretenimento na plataforma de streaming mais popular do mundo. É uma daquelas conversas cheias de sabedoria que o público consegue refletir, adquirir referência, rir e se comover ao mesmo tempo. Como costumam dizer nas redes sociais, é a definição perfeita de “um encontro de milhões”. 

Assista aqui.

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Lucas de Matos

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