Exposição Mãe Preta em Campinas questiona imagens dos arquivos históricos

A exposição Mãe Preta, da dupla de artistas Isabel Löfgren e Patricia Gouvêa, no Instituto Pavão Cultural, em Campinas, traz reflexão por meio do questionamento do olhar habitual sobre imagens da maternidade negra em arquivos históricos, suas reverberações no Brasil contemporâneo e nas lutas das mulheres negras contra o racismo e a violência. A exposição é parte da programação do XII Festival Hercule Florence e ocorre de 19 de março a 18 de abril.
Segundo as artistas, o ponto de partida da exposição são representações de relações maternas no vasto acervo de imagens da escravidão feitas por artistas viajantes e fotógrafos, além de jornais de época. Por meio de intervenções nessas imagens com objetos óticos, como lupas e vidros, são destacadas a duplicidade e complexidade das relações das amas-de-leite com as crianças brancas aos seus cuidados e com seus próprios filhos. Dois trabalhos em vídeo completam o trabalho, realizados em parceria com mães negras do Rio de Janeiro e com lideranças femininas do Quilombo Santa Rosa dos Pretos, no Maranhão.
Durante a exposição, o Grupo Cultural Fazenda Roseira estará presente por meio de um ciclo de atividades e de um acervo de plantas rituais, cura e alimento cultivadas no próprio local. Essas plantas terão visibilidade por meio de imagens feitas em cianotipia, uma das primeiras técnicas fotográficas desenvolvidas no século XIX. “A cegueira da sociedade branca brasileira em relação à questão racial é por definição criminosa, pois advém de um legado escravagista que ela custa em admitir e reparar. Acreditamos que a arte tem uma importante contribuição na luta antifascista, pois tem o poder de criar novas imagens e novos vocabulários que operam no inconsciente dos espectadores”, afirma Patricia.
Mãe Preta teve sua primeira montagem em 2016 no Instituto de Pesquisa e Memória Pretos Novos no Rio de Janeiro; passou pelo Palácio das Artes em Belo Horizonte em 2017; foi apresentada no Complexo Funarte em São Paulo em 2018 e no Chão SLZ em São Luís do Maranhão entre 2018/2019.
Protocolos sanitários
A exposição segue os protocolos sanitários prévios em todos os locais como uso de máscaras obrigatório e visitas controladas segundo as características de cada espaço. Todos os locais possuem área externa para aguardar o horário de visitação. As visitas podem ser feitas por agendamento prévio pelo telefone: 19 996334104 ou visitação espontânea sujeita ao controle de no máximo 15 pessoas por horário. Os visitantes devem ainda seguir as orientações do local, fazer uso de máscaras, manter distanciamento social, higienização dos calçados na entrada, medição de temperatura e higienização de mãos com álcool em gel disponível no local.
Serviço:
Exposição Mãe Preta – Instituto Pavão Cultural
Abertura: 19/02, às 17h
Visitação: De 19/02 a 18/04/2021 (de quarta à sábado), das 14 às 20h
Agendamento: (19) 99633-4104
Inauguração do Mural das Heroínas Negras dia 19/02 às 11h
Local: Casa de Cultura Fazenda Roseira
Sobre o Festival
Criado em 2007, o Festival Hercule Florence tem como matriz a invenção isolada da fotografia no Brasil, feita em Campinas, em 1833, por Hercule Florence, considerado o pai da fotografia. Esse fato desencadeou na cidade atitudes fotográficas no percurso dos séculos. Dessa cultura fotográfica, nasceram os grupos de fotografia e o festival, a partir da criação da Semana Hercule Florence. Mais de 120 mil pessoas e 80 fotógrafos brasileiros e estrangeiros já participaram do evento ao longo dos anos.
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Redação

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