Empreendedores negros fazem rodadas de negócios no MIC BR 2023 em Belém

Belém, do Pará, tornou-se a capital cultural do país neste mês de novembro. Isso porque a cidade recebe a III Edição do Mercado das Indústrias Criativas do Brasil, que acontece entre 8 a 12 de novembro, com uma programação que abarca vários segmentos de empreendedorismo, e oferece uma atrações culturais abertas ao público. O evento é uma realização do Ministério da Cultura (MinC), Organização de Estados Ibero-americanos (OEI), com patrocínioda Vale e do Instituto Cultural Vale.

O Guia Negro é um dos veículos convidados do evento e, na manhã do segundo dia de programação, presenciou o destaque do dia que foram as rodadas de negócio. Os empreendedores realizam pitchings, onde reúnem-se comprador e vendedor para tratar sobre o projeto de determinado segmento. As reuniões têm duração de 25 minutos, onde as empresas, empreendedores e profissionais se encontram com o objetivo de estabelecer uma possível conexão comercial.

Está prevista a realização de 2 mil rodadas, abarcando um público de mais 400 empreendedores brasileiros, chilenos e argentinos. Os setores criativos inserem artesanato; audiovisual & animação; circo; dança; design; editorial; hip-hop; jogos eletrônicos; moda; museus & patrimônio; música; teatro e economia criativa.

O negro na roda

“Estou empolgado e esperançoso de fechar negócio para o projeto Cacauiru”, relata Fernando Odara, empreendedor que atua na Ilha de Boipeba no município de Cairu (BA). Trata-se de uma tecnologia ancestra e social, da área de patrimônio, que atua como foco no desenvolvimento do povo negro, quilomboloa, indígena, pesqueiro e de comunidades tradicionais, por meio de atividades como cultura de base comunitária, realização de festivais e beneficiamento de matérias primas locais.

Já no ramo do vestuário, Karine Priscila, criadora da Negrita Modas, foi uma das selecionadas para apresentar seu projeto. “Eu faço as estamparias artesanais no método do carimbo, com uma produção manual de pintura em tecido 100% algodão. É um trabalho único, feito no Brasil, no interior do Rio de Janeiro (Barra Mansa)”. A empreendedora mostrou-se entusiasmada com sua primeira rodada. “Senti que pode rolar futuros projetos. Estou num misto de alegria e ansiedade”, enfatiza.

O samba também marcou presença nessa roda. Chica Reis, do ‘Clã Sambadeiras de Minas’, coletivo de educadoras e artistas pretas de Belo Horizonte, falou da receptividade dos compradores em relação à sua ideia, e também pontuou a necessidade de ver mais pessoas negras na posição de vendedores. “Eu fiquei muito feliz e agradeço a oportunidade, mas não posso deixar de pontuar esse recorte”, demarca.

Ideias inovadoras, compradores interessados

Para “vender bem o peixe”, é preciso se destacar nessa rede múltipla de empreendedorismo. E uma das ideias mais inovadoras é do paraense Oswaldo Abreu, idealizador do Ateliê do Sonho SLZ, cuja proposta é acessibilizar a arte percussiva para pessoas com mobilidade reduzida.”Fabriquei uma prótese para que essas pessoas possam tocar pandeiro. Acredito que é algo de utilidade pública”, defende.

Oswaldo Abreu e Monique Graffiti

E os compradores seguem com atenção para cada apresentação. A soteropolitana Monique Graffiti faz parte desse time, destacando a importância do evento. “Estou fazendo conexões com pessoas da região e de outros estados, o que é importante para a gente expandir os nossos negócios. Se essas pessoas são tão criativas com recursos mínimos, imagine se elas trabalhassem com o recurso que merecem receber? Quantas vidas seriam impactadas positivamente por meio desses projetos?”, indaga.

Monique aproveita e relembra a trajetória de pessoas negras na área do empreendedorismo. “A gente sabe que a nossa comunidade é empreendedora desde muito tempo. Nossas bisavós, mães, já empreendiam com barracas vendendo quitutes, comida, e acarajé”, exemplifica. Por essa razão, destaca a importância de ser uma das participantes. “É muito simbólico estar aqui”, finaliza. As rodadas seguem até o dia 11 de novembro.

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Lucas de Matos

Olá! Eu quero te dar as boas-vindas à minha coluna. Sou um comunicador baiano que ama falar sobre gente, e por aqui você vai encontrar muito assunto sobre cultura, comunicação, dicas de leitura, e mais. Sou autor de 'Preto Ozado', livro que já vendeu mais de 1.600 exemplares e se tornou um minidocumentário. Viajo pelo Brasil em atividades literárias, participando de festas como FLICA, FLIP e FLIPELÔ. Falo sobre cultura para meus 22 mil seguidores no Instagram! Vamos conversar? 💬

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