Fafá de Belém busca apoio para cinebiografia no MIC

A produção conta sobre a trajetória da cantora em paralelo ao processo de redemocratização do país

Ao pensar em Belém do Pará, é quase automático vir à cabeça a imagem de Fafá. A cantora esteve presente no Mercado das Indústrias Criativas – MIC BR 23 (evento organizado pelo Ministério da Cultura – MinC e Organização de Estados Ibero-americanos – OEI), que aconteceu na capital paraense entre os dias 8 e 12 de novembro. Na coletiva de imprensa, ela falou da importância do evento, deu detalhes sobre a sua cinebiografia, e enfatizou a necessidade de respeito e valorização à cultura amazônica.

A Garota do Norte

Algumas pessoas ficaram surpresas ao ver Fafá de Belém sentada numa mesa da rodada de negócios no MIC. A ideia da atividade é apresentar um produto cultural para um possível comprador, sendo considerada a mais importante do evento. Contudo, a cantora não foi “vender”, mas fortalecer a ideia da cinebiografia sobre sua vida, que conta com Iberê Carvalho na direção, Renata Mizrahi no roteiro, e Maíra Carvalho na produção e direção de arte.

Fafá na mesa de negócios

“A xenofobia, o peso, a medida errada, o comportamento, o assédio e o abuso que você nem percebe”, pontua Fafá sobre alguns desafios da sua carreira que serão abordados na produção, cujo título provisório é ‘Fafá: A Garota do Norte’. “Transformaram isso numa ficção baseada na minha vida, que conta sobre uma menina que saiu do Norte, com tudo que continuamos enfrentando até hoje”, complementa.

Maíra considera a presença de Fafá na reunião com a Warner, uma das possíveis compradoras, como fundamental para fortalecer o projeto. “Foi uma sorte dela ter podido estar nessa reunião, e foi lindo estar com ela ali do meu lado, porque a gente veio numa caminhada”, explica. “A ideia nasceu há cinco anos e é uma luta muito grande conseguir levantar uma verba para nós que somos produtores independentes e fora do eixo”, complementa.

O projeto está em processo de desenvolvimento do roteiro, e captação de parcerias e recursos. Estimado em mais de R$10 milhões, o longa (ou série) trará um recorte de época da cantora aos seus 16 anos, saindo de Belém, até os 28 com sua participação nas Diretas Já, sendo filmado em cinco estados brasileiros. As dificuldades para sobreviver no cenário musical nas grandes capitais, bem como o processo de redemocratização do Brasil, são temas enfatizados no roteiro.  

MIC, COP 30 e cultura paraense

(Foto: Rejane Gomes)

Para Fafá, eventos de grande porte são benéficos pro Pará, desde que se leve em consideração o respeito às especificidades culturais do estado. “Estou achando maravilhoso esse evento e o olhar sobre nós até chegar na COP 30”, opina. A Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas acontece na capital em novembro de 2025, sendo a primeira vez que o Brasil recebe esse evento.

“A gente está num momento de abrir tudo isso, dos incômodos serem expostos, serem olhados, embora ainda seja muito difícil de quebrar a resistência em alguns lugares e não ser estereotipado”, pontua a cantora que defende a cultura amazônica. “A comunidade indígena é um dos povos amazônicos e acredito que o mais explorado como caricatura. Nós temos uma cultura, temos uma história. Cada risco daquele tem um sentido, cada estampa no corpo tem um sentido. Então não dá pra banalizar o que nós somos”, exclama.

Fafá, que faz parte do “povo que gira nessa região mágica banhada de águas poderosas que estão secando por conta da sede de quem vem de fora”, explica que as questões urbanas e ambientais não serão solucionadas de forma rápida com o evento, mas defende a importância da realização, tendo como prioridade a escuta das demandas do povo amazônico e ribeirinho porque, para a artista, “eles tem a solução”.

LEIA MAIS:

Compartilhe:
Avatar photo
Lucas de Matos

Olá! Eu quero te dar as boas-vindas à minha coluna. Sou um comunicador baiano que ama falar sobre gente, e por aqui você vai encontrar muito assunto sobre cultura, comunicação, dicas de leitura, e mais. Sou autor de 'Preto Ozado', livro que já vendeu mais de 1.600 exemplares e se tornou um minidocumentário. Viajo pelo Brasil em atividades literárias, participando de festas como FLICA, FLIP e FLIPELÔ. Falo sobre cultura para meus 22 mil seguidores no Instagram! Vamos conversar? 💬

Artigos: 33

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *