Nem trios, nem lives, Carnaval 2021 vai passar em branco para artistas negros e blocos afros

Guilherme Soares Dias

Falta de patrocínio e de grana própria fará com que blocos afros e artistas negros de Salvador fiquem silenciados durante o período do carnaval de 2021. Enquanto as cantoras Ivete Sangalo e Claudia Leitte farão live com mais de 15 marcas patrocinando, o primeiro bloco afro, o Ilê Aiyê, não terá tambores tocando em uma transmissão ao vivo. Daniela Mercury confirmou a “live da rainha” para sexta-feira (12), enquanto o Olodum enviou comunicado dizendo que não haveria transmissão ao vivo, mas, sim, uma web série de memórias e imagens de outros grande carnavais. Na tarde de quarta-feira (10), quando haveria a abertura oficial do Carnaval de Salvador, o Olodum informou que teria conseguido recursos para a live.

“Em um momento desafiador para toda cadeia do entretenimento, quase 12 meses sem shows, ensaios e eventos corporativos, que geram trabalho e renda para os nossos colaboradores e também para a organização, além de, lamentavelmente, não termos o Carnaval tradicional, ficamos dependentes de apoio/patrocínio externos para realizar o Carnaval virtual com toda infra necessária para um show ao vivo. A principal intenção da live seria levar alegria, alto astral e emoção ao nosso público, além de  ajudar financeiramente a nossa equipe de músicos, técnicos e produtores que estão sem renda desde o início da pandemia”, diz o Olodum, em comunicado.

Se o Olodum viabilizou sua live, o Ilê Aiyê vive as voltas de uma vaquinha virtual para pagar dívidas trabalhistas e não perder sua sede. Os dois blocos têm mais estrutura financeira e são mais conhecidos e enfrentam dificuldades em tempos de pandemia. O Guia Negro questionou os blocos Muzenza, Cortejo Afro e Malê Debalê e nenhum deles conseguirá realizar shows transmitidos pela internet durante o carnaval. O Malê planeja live em março para comemorar o aniversário do bloco, mas ainda não conta com apoios financeiros.

Além dos blocos afros, cantoras negras como Margareth Menezes, Marcia Short, Larissa Luz, Nêssa, Mariene de Catro, Nara Couto, Luedji Luna e Majur, que em anos anteriores tiveram grande visibilidade durante a folia, também não terão shows ao vivo nesse período.

O influenciador digital Ismael Carvalho (@ismaelcarvalhoss) trouxe questionamento em post no Instagram. “As lives têm sido, para muitos artistas, a única forma de lucrar durante o caos que estamos passando. De que forma estão vivendo os artistas negros, suas famílias, banda e toda equipe a sua volta?”, questiona. Ismael lembra que os “mesmo artistas brancos continuam sendo os que mais lucram, inclusive no primeiro Carnaval que estamos vivendo durante essa pandemia, mesmo depois de um ano em que afirmamos termos avançado em pautas como essa. É triste assistir o descaso do público, da mídia e dos amigos artistas que se dizem aliados”, ressalta.

Ismael termina a postagem fazendo uma convocação: “Vamos seguir nossos artistas:” @marienedecastro @margarethmenezes @larissaluzeluz @adamadopagode @musicnessa @carlinhosbrown @lazzomatumbi @timbaladaoficial @araketu @marciashortoficial @psirico @majur @nininhaproblematica @dicerqueira071 @blocoileaiye @nara_couto @maledebaleoficial @hiran @luedjiluna @bandaparangole @gilbertogil @yan_cloud @adelmocase @attooxxa @rafadiasdays @baianasystem @tatauoficial @ninhadabahiaoficial

*Atualizado às 21h54 

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Redação

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