Tours em seis cidades contam sobre o pós-abolição e marcam aniversário do Guia Negro

O 14 de Maio de 1888 é o dia mais longo da história, segundo o professor e consultor em gestão da diversidade Hélio Santos. É o dia depois da abolição da escravatura no Brasil, em que os negros não tinham terra, trabalho, escola e nem para onde ir. O pensamento escravista ainda estava encrustado na sociedade e gera impactos até hoje com o racismo estrutural. Para marcar as lutas pela liberdade do povo negro e lembrar das histórias apagadas e pouco valorizadas, a plataforma de afroturismo Guia Negro vai realizar tours por seis cidades brasileiras neste fim de semana.

Entre as experiências turísticas estão: Caminhada São Paulo Negra; Caminhada Salvador Negra; Caminhada Olinda Negra; Caminho Ancestral (São Luís), Caminhada Boipeba Roots e Pequena África, no Rio. Os tours são realizados em parceria com o Alafin Oyó, Da Cor ao Caso, Quase Nativa, Sou Mais Carioca com venda pelo site da Diaspora.Black, market place especializado em hospedagem, experiências e cursos ligados a negritude.

Na capital paulista, a Caminhada São Paulo Negra mostra lugares como o pelourinho, onde os escravizados eram torturados e o local onde havia leilão de pessoas negras como mercadorias. Ambos ficam na região central e são de grande fluxo de pessoas, que passam todos os dias, mas não sabem o que ocorreu no passado. As histórias do tour também abordam o presente e o futuro e exaltam a cultura negra. “Nós lembramos desse período de dor, que é a escravização, e mostramos os locais importantes dos séculos 18 e 19, mas também abordamos a nova migração africana e os ritmos negros, como o samba rock”, pontua Guilherme Soares Dias, fundador do Guia Negro.

Os passeios marcam o aniversário de quatro anos da plataforma, que além das experiências produz conteúdos para inspirar que mais pessoas conheçam lugares do afroturismo. O Guia Negro possui tours em seis cidades, além de podcast, programa de entrevista no Youtube e seu site onde reúne informações sobre o setor. “Além de contar histórias que a história não conta, conectamos pessoas e despertamos o desejo para que mais pessoas conheçam a história e cultura negra”, lembra Heitor Salatiel, gestor de experiências do Guia Negro.

A Diaspora.Black também comercializa roteiro em Alagoa Grande (PB) em parceria com um grupo de mulheres do Quilombo Caiana, onde a história de resistência da comunidade será destacada. “Há uma diversidade de histórias negras a serem contadas e recontadas. Esses roteiros estão disponíveis para reservas durante todo o ano, e o turismo é uma ferramenta poderosa de conhecimento e transformação social, com narrativas representativas sobre a nossa verdadeira história”, destaca Carlos Humberto Silva, fundador e CEO da Diaspora.Black.

Em São Luís, do Maranhão, por exemplo, será possível conhecer figuras importantes no cenário literário, intelectual, arquitetônico, musical e cultural da cidade, mas que foram invisibilizadas pelo racismo estrutural. “É fundamental contar a história de nossa ancestralidade que resiste e permanece presente no cotidiano e na construção cultural, social e política de São Luís, que é uma cidade negra”, pontua Anita Machado, diretora do Instituto Da Cor ao Caso, que realiza a atividade Caminho Ancestral.

Programação dos roteiros 

14/05

Caminhada SP Negra  – 9h
Caminhada Salvador Negra (BA) – 9h
Caminhada Olinda Negra (PE) – 15h
Caminhada Boipeba Roots (BA) – 9h
Caminho Ancestral (MA) – 15h

Inscrições até 2h antes das saídas pelo site:
www.diaspora.black

15/05

Vivenciando Caiana (Dia 15, às 9h)

Pequena África (Rio) – (Dia 15, às 9h)

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Redação

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