Se você nunca falou um “ô, prova” ou fez um “va-mos” com a mãozinha levantada, não sabe o que está perdendo… Essas expressões são ditas por personagens de ‘Vai na Fé’, novela das 19h, escrita por Rosane Svartman, que conta a história de Sol, interpretada por Sheron Menezzes. Verdadeiro case de sucesso, a trama tem recuperado telespectadores pro horário, trazendo o alívio cômico junto a debates atuais e pertinentes. Por isso, confira sete razões para não perder essa história!
1 – Personagens negros com relevância:
Muito se fala em representatividade nas telinhas, mas apenas aparecer não basta. Atrizes e atores negros aqui encenam trabalhadores, artistas, advogados, estudantes, tendo considerável tempo de exibição e ações decisivas para o roteiro. Destaque para o galã Ben (Samuel de Assis) e a irreverente Kate (Clara Moneke) que estão arrasando nas interpretações.
2 – A normalização das diferentes sexualidades:
A diversidade se estende pro campo das orientações sexuais: há papéis de bissexuais, gays, héteros e lésbicas, de modo que não são vistos como “o outro”. O posicionamento de Vini (Guthierry Sotero), por exemplo, o coloca como um homem bi bem resolvido. E o público torce para que seja o crush de Yuri (Jean Paulo Campos), que está se descobrindo.
3 – Mudanças na terceira idade:
Acompanhar o romance entre Marlene (Elisa Lucinda) e Horácio (Francisco Salgado), que compõem o núcleo evangélico, é como ver duas pessoas maduras feito adolescentes, com direito até a uma “sessão da tarde” juntinhos. A viúva e mãe de Sol tem vivenciado outras possibilidades. Além de vender quentinhas na rua e permitir-se uma paquera, parece que também mudará de visual. Será que veremos um black power no lugar da peruca?
4 – Existe alta e baixa cultura?:
Wilma Campos (Renata Sorrah) foi uma famosa atriz em tempos cujo talento não era medido pelo número de seguidores nas redes sociais. Suas falas são repletas de referências ao teatro, e também carregadas de preconceito em relação à carreira do filho (Lui Lorenzo), cantor pop, que mantém a renda da família. Esse debate é necessário para compreender que cultura é produto de um povo, não de um estrato social. Há quem se emocione com Brecht, com o funk, e com os dois.
5 – Feminismo não é o contrário de machismo:
Os conflitos entre Guiga (Mel Maia) e Fred (Henrique Barreira) ilustram essa ideia. Depois do affair, tornaram-se desafetos, o que levou o machista Fred a criar o canal Macharada, declarando guerra às mulheres, sobretudo às feministas. Toda fala e atitude estereotipada de um “macho” é reproduzida pelo personagem, incluindo assédio, o que motiva Guiga a processá-lo. Infelizmente, na vida real, muitas vezes esse ódio leva ao feminicídio. Por isso, esse assunto é importante, incluindo sua abordagem no âmbito das leis, pois são estudantes de Direito.
6 – Racismo estrutural:
Os alunos cotistas do ICAES, Faculdade de Direito, formaram um grupo chamado Aquilombamento para discutir assuntos relacionados às suas vivências como pessoas negras, o que os fortalece num ambiente predominantemente branco. Jennifer (Bela Campos) é uma das estudantes que se dedica com afinco ao tema.
7 – Fé sem caricatura:
Seja no culto, no terreiro ou na natureza, a novela traz várias facetas de expressões de crenças. Mesmo com estereótipos (as gírias das “crentes “, a vida natureba dos “good vibes”), as complexidades, desejos e atitudes individuais dos personagens não são mascaradas. Todos seguem seu destino em uma busca de um propósito. E como bem lembra uma frase que viralizou, dita pela Mãe Ana de Oyá (Valdineia Soriano), “a gente nunca se atrasa pro que é nosso”.
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