DNAfro revela ancestralidade e informações sobre saúde para a população Negra

Umas gotas de saliva possibilitam uma reconexão histórica e ainda informações sobre a saúde da população negra. É o que o promete o Teste DNAfro desenvolvido pela Genera e Brafrika Viagens. O produto foi desenvolvido pela geneticista Verena Silva Santos, a equipe técnica do Genera e Bia Moreni, CEO e diretora criativa da Brafrika Viagens e DNA.

O painel personalizado foi desenvolvido para abranger as principais predisposições e características genéticas que podem interferir na saúde agora e no futuro, permitindo cuidados preventivos além de tratamentos mais precisos e direcionados para populações descendentes da África. O teste que pode ser comprado pela internet e não tem restrições médicas e não é o mesmo que traça paternidade. Quem já realizou o teste de DNA anteriormente pode pagar para ter um upgrade (sem necessidade de nova coleta) para ter acesso também aos dados de saúde.

Outro diferencial da Brafrika é a possibilidade de adquirir o pacote completo que inclui uma celebração que acompanha o teste. O evento inclui comidas do país de origem, aulas online de línguas africanas, consultoria estética, além de álbum de fotos e acessórios dos países de origem.

Para entender mais sobre o produto, conversamos com Bia Moremi sobre o DNAfro. Confira:

Como foram feitas as pesquisas para desenvolver o DNAfro?

Começamos a pensar o que seria possível traçar por meio do DNA que seria específico para pessoas pretas. Uma das possibilidades seria medir o cacho do cabelo, se é 4c por exemplo. Fizemos uma lista de possibilidades, mas as referências da literatura são pequenas quando o foco é a população negra. Os parâmetros científicos ainda não conseguem localizar com precisão alguns dados. O trabalho de pesquisa foi feito pela geneticista Verena Silva Santos e por mim. Ficamos um ano junto com diversos profissionais, como nutricionista, esteticista. E fomos verificando o que conseguíamos fazer.

E quais medidores de saúde o DNA consegue apurar?

São informações como se você tem tendência a ter intolerância à lactose, que em geral tem relação com informações vindas da branquitude. No DNAfro o foco é a população negra. Todas as análises são feitas em referência a população afrodescendente. É o primeiro painel genético voltado à população negra para ser aplicado no Brasil, com um banco de dados mundial. O produto está sendo vendido para a saúde preventiva da população brasileira. Entre as doenças que detecta estão diabete tipo 2, intolerância à lactose, tendência a obesidade, fotoenvelhecimento, entre outras. No futuro queremos nos aproximar desses conglomerados médicos de valorização à saúde para poder promover o nosso lema que é o #gentepretacurtindoavida e, para isso, precisamos de saúde.

Vocês tinham intenção de ter várias possibilidades com o resultado de DNA. Porque isso não foi possível?

O painel não é fechado, sempre terá atualizações. É vivo e isso vai avançando. Falta estudo, falta interesse, falta material acadêmico para os parâmetros científicos. Coloco isso na conta do racismo estrutural. Se você não tem na universidade o corpo negro estudado tanto quanto o corpo branco, o que isso me diz? Há um racismo científico. Quanto mais análises são feitas, melhor vão ficando os resultados.

Qual o diferencial desse teste?

O resultado de DNA, muitas vezes, vem sem referência desses lugares de ascendência. Nós proporcionamos uma experiência que possibilita que a pessoa crie vivências sensoriais e que proporciona um entendimento maior do seu eu por meio da comida, da música, das referências estéticas. A nossa ideia é criar uma conexão.

Vale a pena fazer o teste mesmo que ele não detecte exatamente de qual país vieram meus antepassados?

Só conseguimos ter um resultado mais preciso quando temos um campo maior de amostragem. Isso vai fazendo com que esses resultados sejam cada vez mais precisos. Prefiro pegar um continente que tem 54 países e saber qual é a região de onde vim, do que só saber que meus antepassados vieram daquele continente.

Meus dados genéticos podem ser vazados ou vendidos?

Há uma lei geral de proteção de dados. Há uma política que garante que essa informação não será liberada. Não há possibilidade de ser exposto ou vendido. No país há uma lei geral de proteção de dados que resguarda qualquer cidadão. Além disso, há uma política de privacidade, atualizada todo ano, garantindo a segurança dos dados, o que significa que não há possibilidade de ser exposto ou vendido.

Qual a importância de uma pessoa negra fazer o DNA e saber a sua origem?

Devido ao histórico racista e escravocrata, e a maneira que o Brasil agiu queimando seus arquivos sobre o período da escravização, é mágico saber que um punhado de saliva pode te levar a resgatar seu passado, saber da sua história e de onde vieram seus antepassados.

O que esses resultados provocam?

Temos uma cliente que após o teste pediu demissão do trabalho e foi passar um tempo na África do Sul, outra cliente que é empreendedora está criando uma linha de produtos com base em seu resultado de DNA. Às vezes, vai para algo que é tão profundo que não consigo prever. Traz uma janela de informação que é muito cara, diversa e potente e proporciona conhecer parte do continente africano. Isso é muito fortalecedor. Você se torna uma pessoa mais confiante, mais segura de si e que quando sofrer um caso racista vai saber responder melhor. Afinal, somos descendentes de povos organizados, corajosos, de sociedades complexas. É transformador como o ser humano saber que tem uma história, abre a possibilidade de passar essa história para frente. Mas é isso, cada pessoa tem atravessamentos de maneiras que não conseguimos mensurar.

Para saber mais sobre o teste e adquirir o DNAfro acesse aqui.

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Redação

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