A encruzilhada do afroturismo

Viajar é o segundo ou terceiro maior desejo da maioria das pessoas em todo o mundo e não é diferente no Brasil. Com devido incentivo, organização e investimento, pode gerar um excelente retorno financeiro para uma cidade, região ou país. Indiretamente gera também um intercambio cultural que ajuda na evolução das sociedades, gerando diversidade e, principalmente, inclusão. Turismo é uma atividade com muitos benefícios, gera crescimento econômico e estrutural, além de bem-estar para aqueles que praticam.

Em uma sociedade “saudável” e inclusiva, turismo deveria ser para todos, porém no mundo atual, principalmente no Brasil, não é. O conservadorismo fortalece a exclusão por meio dos preconceitos históricos e estruturais como racismo, machismo, homofobia, etc. E as pessoas que pertencem a estes grupos são, geralmente, atingidas por estes preconceitos quando estão praticando uma atividade de lazer, que deveria gerar felicidade e realização. Como somos a maioria da população brasileira, o racismo é o que mais prejudica o turismo de pessoas negras, por isto a importância urgente em fortalecer, divulgar e estruturas o afroturismo.

Afroturismo é um conceito amplo de praticar turismo com foco afrocentrado, com pessoas negras como atores principais da atividade. E dentre o vários papéis fundamentais que ele pode exercer é gerar o bem-estar de negros pensarem exclusivamente em viajar sem se preocupar com racismo. Para isto é necessário estruturá-lo de uma forma que tenha diversidade, inclusão e pertencimento. E esta é a nossa encruzilhada no momento: a evolução e estruturação do afroturismo.

Encruzilhada na sabedoria africana é um local de encontro e comunicação. E no momento atual, temos o “encontro” do desejo manifesto de pessoas negras viajarem cada vez mais para onde elas quiserem e puderem, com todos os seus direitos respeitados, sem nenhum tipo de preconceito e com maior inclusão e pertencimento possível, vendo pessoas negras trabalhando em todas as posições profissionais nas cias aéreas, nas agências / operadoras de viagens, hotéis e espaços de eventos, restaurantes, etc. e na “comunicação” em se ver praticando turismo nas propagandas, no atendimento, sendo foco também no setor.

Vários atores do afroturismo tem se aquilombado para evoluir a estrutura do mesmo, conversando, refletindo e agindo voluntariamente para pensar no futuro do movimento, mas precisamos do apoio de todos aliados que desejam um turismo antirracista. Incentivos e apoio ainda são “tímidos ” e exceções em poucas empresas do setor, mas profissionais negros do turismo não são lembrados nos principais eventos do país e nem somos pauta dos mesmos, mesmo ações de combate aos racismos sendo foco dos principais setores econômicos da sociedade, principalmente devido o ESG (governança ambiental, social e corporativa, na sigla em inglês) ser cada vez mais fator decisivo para futuros investimentos.

Continuaremos nos aquilombando nesta encruzilhada, convidando a todos que quiserem colaborar a aquilombar com gente, buscando na sabedoria ancestral qual caminho seguir para estruturarmos e evoluirmos o afroturismo. Pessoas negras tem o direito de viajar sem racismo e nós trabalharemos para que esta realidade se torne verdade o mais breve possível.

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Hubber Clemente

Negro, paulistano, que ama sua cidade, principalmente o centro, local de importância histórica e ancestral para o povo negro, onde também fica sua escola de samba do coração, a Vai Vai. Hoteleiro por vocação e paixão, com mais de 22 anos de carreira no setor. Ativista, militante, divulgador do AFROTURISMO como caminho de inclusão racial, diversidade, resgaste histórico e conexão ancestral por meio do turismo, visando uma sociedade melhor e a mais justa. Fundador da iniciativa Negros e Pretos Afro Turismo Afro Hotelaria, Co fundador Papo de Hoteleiro ,integrante da comunidade de inovação Inovadores Inquietos, Coletivo pelo Afroturismo, do Comitê da Diversidade no Turismo e apoiador de parcerias do Coletivo Quilombo Aéreo

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