@afroturismobrasil: o aquilombamento do afroturismo

“Se quer ir rápido, vá sozinho. Se quer ir longe, vá em grupo” é um provérbio de sabedoria africana que é uma citação sábia do nossos ancestrais e ótima para falar de quilombismo e aquilombamento. Os quilombos foram os maiores símbolos de resistência a escravidão no Brasil e em alguns outros países da América Latina. Foi a base fundamental para quilombismo , que é um movimento político e social que surgiu no Brasil no final da década de 1970.

Ele tem como objetivo a luta pela igualdade racial e social, além da valorização da cultura afro-brasileira, tendo no griot Abdias do Nascimento (ator, poeta, escritor, dramaturgo, artista plástico, professor universitário, político e ativista dos direitos civis e humanos das populações negras brasileiras) seu maior entusiasta como forma de união da população negra em prol da nossa verdadeira abolição.

O afroturismo já é quilombismo por essência, pois é o maior movimento de inclusão e diversidade racial no turismo brasileiro e mesmo ainda com o mínimo apoio dos órgãos públicos, associações, entidades de classe, empresas e lideranças do setor, cresce e se fortalece ano após ano. E como estamos sempre buscando apoio mútuo para desenvolvermos o movimento no país , fomos nos aquilombando para chegar o mais “longe” possível, seguindo o sábio ensinamento da sabedoria africana.

Os principais participantes atuantes do afroturismo no Brasil tiveram a oportunidade de se encontrar em eventos, ações e nestes encontros, observamos a oportunidade de criarmos um espaço onde todos que quiserem colaborar com o fortalecimento e evolução do movimento possam se conectar. E destas conversas nasce o @afroturismobrasil , um “quilombo” virtual por enquanto com perfil na rede social Instagram, na qual todos que desejam participar ou apoiar, podem seguir e contribuir.

Por ser a primeira iniciativa de quilombismo contemporâneo do afroturismo no Brasil, estamos totalmente abertos a sugestões para esta construção, principalmente na comunicação e pensamentos para nossa evolução, lembrando sempre que assim como nos quilombos, ninguém é obrigado a participar e o coletivo sempre será a prioridade das nossas ações. E, neste primeiro momento, nossa principal intenção é a conexão com máximo de profissionais, pessoas negras e aliados do afroturismo no país.

Ao sabermos quem e quanto somos, conseguimos entender e demonstrar o nosso potencial, que sabemos que é enorme, mas ainda nos faltam dados e fatos atualizados para confirmar/ afirmar para o setor do turismo que ainda é resistente as ações de inclusão e diversidade racial.

Como todo movimento voluntário e democrático, nem todos precisam aderir ou concordar com nossas ideias e sugestões e tem também quem seja do afroturismo que prefere ir sozinho, para chegar mais ” rápido ” ou outros, com seus motivos e razões não acredita neste tipo de união.

Sabemos que o movimento tem ganhado muita atenção, principalmente este ano , entendemos que em breve precisaremos evoluir para uma união que nos represente junto aos órgãos públicos do setor, mercado corporativo e público geral, muito atentos também aos movimentos de apropriação da “branquitude” que tem acontecido em setores com grande potencial de consumo da população negra e aliados antirracistas.

Aquilombados somos mais fortes, portanto, todos estão convidados a se aquilombar com a gente no @afroturismobrasil

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Hubber Clemente

Negro, paulistano, que ama sua cidade, principalmente o centro, local de importância histórica e ancestral para o povo negro, onde também fica sua escola de samba do coração, a Vai Vai. Hoteleiro por vocação e paixão, com mais de 22 anos de carreira no setor. Ativista, militante, divulgador do AFROTURISMO como caminho de inclusão racial, diversidade, resgaste histórico e conexão ancestral por meio do turismo, visando uma sociedade melhor e a mais justa. Fundador da iniciativa Negros e Pretos Afro Turismo Afro Hotelaria, Co fundador Papo de Hoteleiro ,integrante da comunidade de inovação Inovadores Inquietos, Coletivo pelo Afroturismo, do Comitê da Diversidade no Turismo e apoiador de parcerias do Coletivo Quilombo Aéreo

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