Chegou às telonas do Brasil um dos filmes mais aguardados de 2023. ‘I Wanna Dance With Somebody: A História de Whitney Houston’ descortina momentos da vida de uma das cantoras mais celebradas no mundo. No estilo cinebiografia, o longa traz a atriz Naomi Ackie na pele da diva, revelando fatos já conhecidos pelo público, como o envolvimento da cantora com drogas, e outros não muito explorados.
Um deles aparece logo de cara: a bissexualidade de Whitney é representada por meio de um beijo com a melhor amiga Robyn Crawford (interpretada por Nafessa Williams), fato que motivou um certo desconforto com os Houston, segundo a diretora Kassi Lemmons. O relacionamento das duas é retratado com naturalidade e afeto ao invés de sensacionalismo exacerbado, sem intenção de chocar os desavisados.
Com a desaprovação da mãe e do pai, Nippy (como era chamada carinhosamente) pôs Robyn no posto de melhor amiga e diretora criativa ao alcançar o estrelato. A influência dos genitores é um fato preponderante na vida da artista, que aprende o canto da “cabeça, coração e ventre” ensinado por sua mãe Cissy Houston, e tem os negócios controlados por John Houston, seu pai. É comum ver a cantora sendo tratada como adolescente por ambos.
Clive Davis e o estrelato
E foi quase adolescente que Whitney chamou atenção de Clive Davis, produtor musical de renome, ao abrir um show de sua mãe cantando o clássico ‘Greatest Love of All’. Na cena, o fundador da Arista Records é catapultado pela voz retumbante da garota de 19 anos, resultando na assinatura de um contrato com a gravadora. E cabe um ponto positivo para a similaridade da caracterização do ator Stanley Tucci, uma cópia quase idêntica a Clive.
O longa retrata uma aproximação profissional e afetuosa entre artista e empresário, deixando entrever quase uma relação de pai e filha. Afinal, era na porta dele que Whitney batia em noites insones, enquanto seu pai controlava (e usurpava) o dinheiro. Clive escutava as demos de músicas e as escolhia com Whitney, o que enfatiza o envolvimento direto da cantora com o processo de sua arte que lhe rendeu milhões.
Uma dessas escolhas foi ‘I Wanna Dance With Somebody’, do segundo álbum de estúdio. A música ficou no 1º lugar nas paradas e consagrou-se como um dos maiores sucessos. No filme, Naomi refaz uma das performances ao vivo, o que pode trazer uma vontade de dançar na poltrona do cinema. Apesar dos movimentos labiais atestarem que se trata de um lipsync (técnica em que os lábios sincronizam com a voz), os gestos icônicos de braços, ombros e jogada sutil de cabeça da intérprete foram assimilados à risca. Ponto!
O guarda-costas, aborto e drogas
Mesmo quebrando recordes, Whitney ambicionava por mais em sua carreira. No longa, quando a cantora recebe o roteiro de ‘O Guarda-Costas’, recusa-o até descobrir que atuará com Kevin Costner. Resultado? Sucesso absoluto e trilha-sonora mais vendida de todos os tempos. Um fato pouco conhecido e revelado pelo filme é que, durante as gravações do longa bem-sucedido, a cantora sofreu um aborto espontâneo.
Entretanto, pouco tempo depois ela daria à luz a Bobbi Kristina, sua única filha (falecida em 2015), fruto do casamento com o cantor Bobby Brown, interpretado por Ashton Sanders. O relacionamento conjugal turbulento também é tematizado, bem como o uso abusivo de drogas que prejudicou a voz e a saúde da cantora. Tudo isso é trazido sem o aspecto sensacionalista e explícito, já que Whitney foi massacrada pela mídia que insistia em expôr sua aparência debilitada. Mais um ponto!
Os momentos que antecedem a morte da estrela também são encenados, numa passagem que leva o espectador à reflexão sobre o curso do tempo. Num flashback, vemos uma Whitney espetacular, em uma de suas performances mais icônicas, ressaltando o codinome como ela é conhecida e deve ser lembrada: a Voz. Com certeza, o filme entra para a lista de cinebiografias imperdíveis. Uma homenagem digna para uma diva já eternizada!
Avaliação: 4.6 / 5
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