Oito destinos com cultura negra para conhecer em 2023

Quais lugares são imperdíveis conhecer e vocês indicam uma próxima viagem? Nós do Guia Negro ouvimos essa pergunta com frequência e preparamos uma lista de lugares em que há cultura e história negra e onde você poderá vivenciar experiências transformadoras de afroturismo.

São oito lugares para você programar conhecer em 2023 (ou nos próximos anos), entre eles estão destinos nacionais e internacionais. Confira:

1 – Cali, Colômbia

Situada ao sul da Colômbia, no departamento chamado Valle del Cauca. É considerada a segunda cidade com o maior percentual de população negra da América Latina (perdendo para Salvador). E que povo lindo e acolhedor! A cidade é conhecida como a capital da salsa, mas onde também podem ser encontrados tambores africanos e uma boa dose da bebida afrodisíaca Viche, além de noitadas muito dancehall. Em agosto, ocorre o Festival Petronio Alvarez @petronioco, que celebra a cultura negra. Uma das dicas de Natasha Gabrieli, na Bitonga Travel, é visitar o Parque San Antonio, que fica no alto e tem uma vista da cidade, além de uma pequena igreja que é patrimônio cultural. As empresas de afroturismo Afrotrip e a influenciadora digital Rebecca Alethea, além da Brafrika Viagem organizam viagens para a Colômbia.

2 – Rio Grande do Sul

Sim, tem negros no Sul e eles são muito aguerridos, justamente, por estarem em menor percentual. Porto Alegre tem o Museu do Percurso do Negro, que traz elementos nas ruas do centro que contam a história negra e fazem parte de um circuito a pé. No Mercado Público, onde o roteiro começa há um assentamento para bará, exu. O Estado tem grande número de terreiros de religiões de matriz africana, além de clubes negros. No Sítio Rosa do Vale, em Poço das Antas, há produção de uva e de vinhos e a realização do samba da uva, uma vez por mês.

3 – João Pessoa

A capital da Paraíba tem a Caminhada Jampa Negra pelo centro histórico, organizada pela Sankrota, em parceria com o Guia Negro, que percorre lugares, personagens e cultura negra. O roteiro ocorre pelo menos uma vez por mês. Aos sábados, o Sabadinho leva samba ao lugar que abrigou o Pelourinho da cidade. Há ainda uma estátua de iemanjá na praia de Cabo Branco. Já a praia de Ponta do Seixas abriga pessoas pretas da comunidade, pescadores e visitantes. É o lugar do continente americano mais próximo do continente africano.

4 – Palmares

É por lá que fica o Quilombo do Palmares, que conta uma das mais importantes histórias de resistência negra brasileira em que milhares de pessoas negras conseguiram fugir da escravização sob a liderança de Zumbi dos Palmares. Localizado na Serra da Barriga, o quilombo foi reconhecido como parque nacional e abriga comunidades quilombolas, que permaneceram com seu iroko, local de rituais religiosos intacto durante os séculos. Palmares fica a 80 quilômetros de Maceió, conhecida por suas praias belíssimas e mercado popular repleto de traços da cultura afro-brasileira. Na gastronomia é possível provar delícias da “Cozinha Quilombola” e os doces das “Boleiras do Riacho Doce”. Em Maceió podemos conhecer de perto a história da “Quebra de Xangô”, quando terreiros foram perseguidos e destruídos e seus itens religiosos foram levados para delegacias. As peças estão expostas no Instituto Histórico e Religioso de Alagoas. Em novembro, há viagem organizada pelo Guia Negro e Brafrika.

5 – Ouro Preto

A cidade histórica do interior de Minas foi construída em cima do trabalho escravizado. Porém, não só nas construções de museus e igrejas essa mão de obra foi explorada e abusada, mas também no trabalho de mineração. E é nesse espaço, sob a terra, que nasce a ideia do Mina Du Veloso, um roteiro afrocentrado que mostra a cidade por outro ponto de vista, com foco na mineração feita por pessoas negras. Há ainda a história de Chico Rei, um homem que ao se libertar da escravização consegue ter sua própria mina e com a grana libertar outros irmãos. Além das obras de Aleijadinho, que também era negro. Vale conhecer com esse ponto de vista.

6 – Curacao

A ilha caribenha é considerada “a mais bela das belas” com águas transparente, areia branca e tranquilidade. Além do cenário paradisíaco, o destino tem história e cultura negra e todos os lugares. O Museo Tula, localizado em Kenepa, acentua o patrimônio africano/curaçoense. O papiamento é uma língua crioula, espécie de mistura de português, espanhol, francês, holandês, italiano e inglês, com raízes africanas. Não deixe de ouvir a tumba, que tem a influência do merengue e outros ritmos afro-caribenhos, e de tomar rum.

7 – Nova York

Os bairros do Harlem e do Brooklyn são visita obrigatória por abrigarem grande comunidade da diáspora africana e migrantes africanos que vão viver na maior cidade dos Estados Unidos. O Sylvia’s é um restaurante tradicional e representativo no Harlem.  O Black Gotham é uma empresa de mídia liderada por artistas que cria conteúdo ligado a estética para ilustrar o impacto da diáspora africana. Os tours realizados por Kamau Ware mostram uma outra Nova York. Vale visitar o cenário da moda do Harlem, explorando as boutiques locais, navegando pelas prateleiras para encontrar as tendências. Já o Black Heritage Tours explora a ‘história oculta’ da cidade.

8 – Rotas da liberdade, interior paulista

Os Quilombos da Caçandoca e da Fazenda, na região de Taubaté, no interior paulista são dois dos lugares de resistência visitados pela guia de turismo Solange Barbosa, uma das precursoras do afroturismo. “Nós, como descendentes de africanos, sempre trabalhamos em rede. Nós como diáspora, precisamos continuar esse legado que nos foi passado”, ressalta ela, que é uma das griôs do movimento de visitar lugares de cultura e história negra. As visitas incluem almoços deliciosos, bate-papo, conexão com a ancestralidade e acesso a cachoeiras, casas de farinhas, fabricação de tambores, entre outros.

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Guilherme Soares Dias

Jornalista, consultor, empreendedor e amante de viagens

Artigos: 37

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