A exposição Teatro Experimental do Negro nas fotografias de José Medeiros ocorre de 13 de junho a 3 de
agosto de 2025, no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo. Sob curadoria de Eugênio Lima, com a correalização do Ipeafro – Instituto de Pesquisas e Estudos Afro-Brasileiros, a mostra ficará em cartaz paralelamente às exposições Manfredo de Souzanetto – As montanhas, Manuel Messias – Sem limitese Casa Sueli Carneiro em residência no Instituto Tomie Ohtake.
Reunindo cerca de 110 itens, entre fotografias e documentos provenientes do acervo do Ipeafro, a mostra ilumina a histórica colaboração entre o Teatro Experimental do Negro (TEN) e o fotógrafo José Medeiros (1921-1991) ao longo de quase duas décadas. Mais do que documentar, a exposição busca evidenciar uma parceria artística que é, ao mesmo tempo, política e poética, ressaltando o papel fundamental do TEN tanto na evolução do teatro moderno no Brasil quanto na afirmação da identidade negra nas artes e na esfera pública. A relação entre o TEN e Medeiros é de colaboração simbólica e prática: enquanto o grupo teatral lutava por representação e dignidade para pessoas negras no cenário artístico, o fotógrafo registrava e difundia essa luta com sensibilidade e respeito, contribuindo de forma decisiva para sua preservação na memória visual brasileira.
Fundado em 1944 por Abdias do Nascimento, dramaturgo, ator, artista plástico, escritor, professor universitário, político e ativista dos direitos civis e humanos das populações negras brasileiras,o TEN foi uma iniciativa pioneira no combate ao racismo e na promoção da cultura afro-brasileira por meio das artes cênicas. Nascimento tinha como objetivo criar um espaço onde artistas negros pudessem se expressar com autonomia e dignidade,
enfrentando o preconceito que os limitava a papéis estereotipados na sociedade e no teatro da época.
Para Abdias Nascimento, o teatro era espelho e resumo da peripécia existencial humana – mas só poderia alcançá-la realmente ao incorporar a humanidade negro-africana em sua dimensão plena. A dignidade dos povos afrodescendentes e a dramaticidade de sua epopeia no Brasil, as quais Abdias e o TEN buscaram projetar, transparecem nas imagens criadas por José Medeiros. Amigo e participante do TEN, o olhar do fotógrafo abraçava e celebrava as pessoas e criações do grupo, tanto no palco como na cena cultural e política
do país.
Sobre José Medeiros
José Medeiros foi um importante fotojornalista brasileiro entre as décadas de 1940 e 1960. Como colaborador da revista O Cruzeiro, um dos principais veículos de comunicação da época, o fotógrafo registrou momentos marcantes da vida social e cultural brasileira. Segundo o curador, foi provavelmente com restos de filmes utilizados na revista que o fotógrafo fazia seus registros sobre o TEN. A lente de Medeiros acompanhou ensaios,
bastidores e apresentações da companhia, ajudando a consolidar uma memória visual
daquele movimento artístico e político inovador.
As contribuições de Medeiros foram além do simples registro documental. Suas fotografias possuíam um olhar sensível e esteticamente apurado, valorizando a expressividade dos corpos negros em cena e o simbolismo presente nas encenações. Eugênio Lima aponta que o conjunto das imagens exibidas manifesta, “…de maneira
inequívoca, que Medeiros tinha a intenção de transformar a documentação do TEN em uma obra de arte: as fotos, nitidamente dirigidas pelo fotógrafo, não são necessariamente o registro de um momento, mas, sim, uma produção feita com a intenção de tornar-se icônica”, afirma o curador.
Serviço:
Teatro Experimental do Negro nas fotografias de José Medeiros
Pré-abertura para convidados: 12 de junho, às 19h
Em cartaz de 13 de junho a 3 de agosto de 2025
De terça a domingo, das 11h às 19h – última entrada até as 18h
Entrada franca
Manuel Messias – Sem limites
Em cartaz de 13 de junho a 3 de agosto de 2025
De terça a domingo, das 11h às 19h – última entrada até as 18h
Entrada franca
Casa Sueli Carneiro em residência
Em cartaz de 13 de junho a 3 de agosto de 2025
De terça a domingo, das 11h às 19h – última entrada até as 18h
Entrada franca
Instituto Tomie Ohtake
Av. Faria Lima 201 (Entrada pela Rua Coropé, 88) – Pinheiros SP
Metrô mais próximo: Estação Faria Lima/Linha 4 – Amarela
Fone: 11 2245 1900